Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Crime e silêncio

Do blog do REINALDO AZEVEDO
Terça-feira, Setembro 23, 2008

Li a notícia na madrugada passada e, confesso, mesmo esperando o pior dessa estranha gente que está no poder, fiquei um tanto chocado. Expedito Veloso, aquele funcionário do Banco do Brasil que integrava o comitê da reeleição de Lula e se meteu na tramóia do dossiê fajuto, foi promovido no banco. Segundo informa o Estadão, “Veloso administrará 42 planos de previdência complementar de empresas ou entidades privadas, com ativos totais de R$ 1,37 bilhão”. O inquérito dos aloprados está parado. Não deu em nada. O homem deixou o tal comitê, ficou seis meses afastado do banco, voltou, foi promovido. Uma auditoria interna concluiu que ele não prejudicou o banco. Entendo.

Pensei na madrugada de ontem: “Escrevo a respeito?” Por qualquer tola razão, achei que alguém pudesse fazê-lo. Afinal, eu sou aquele cara de O País dos Petralhas, não é? Vocês sabem: essa crítica sistemática, radical, com algumas raízes ideológicas, turva o ambiente. Deixei, por 24 horas, a indignação para os neutros, para os isentos, para os que não fazem uma crítica passadista como a minha. Disse cá para os nove buracos da minha cabeça: “Sosseguem. É tão escandaloso que um sujeito metido naquela safadeza seja promovido, que algum outro comprometido com uma crítica ao petismo mais justa e iluminada do que a minha há de evocar as forças da ética ao menos, já que as da lei, até agora, falharam miseravelmente”. Mas nada!

Nem uma linha! E olhem que Expedito Veloso não é um homem, mas um método. Este senhor é funcionário de uma estatal, é um militante partidário deslocado para o núcleo de inteligência de uma campanha política, é o homem que se meteu com criminosos para tentar criar um fato que fraudasse a vontade das urnas em São Paulo. Ele e o bando foram pegos em flagrante. Pela via policial, não se chegou a lugar nenhum. Pela via administrativa, ele encontra agora o reconhecimento por serviços prestados.

“Isso sempre houve no Brasil”. Mentira! Não houve, não. A promoção de Veloso é uma forma de exercício de poder. A exemplo dele, centenas, talvez milhares, de pessoas estão hoje em postos do estado de posse de informações sigilosas ou estratégicas que dizem respeito à vida de todos os brasileiros.

Acham a minha crítica radical, agressiva, dura, com os olhos voltados para o passado? Então por que não escrevem ao menos a crítica sensata, amena que seja, com os olhos voltados para o futuro? Sim, eu digo aqui, em O País dos Petralhas e em qualquer lugar: essa forma de o PT exercer o poder frauda a essência da democracia, embora mimetize, na aparência, os seus pressupostos. Nunca tratei o petismo como um partideco stalinista vulgar; nunca considerei que petistas estão dispostos a dar um golpe (talvez disposição até haja, mas sabem que não podem); nunca lhes atribuí a intenção de extinguir as formalidades (sic) democráticas.

Mas serão essas as únicas formas de tornar a democracia irrelevante, de solapá-la? O “x” da questão é este: o melhor, mais eficaz e mais sofisticado modo de fazê-lo é justamente exacerbando o caráter externo, superficial e popularesco da consulta democrática. E a essência está de tal sorte corrompida, que a questão é pouco mais do que uma nota de jornal, lida sob o silêncio cúmplice de muitos que se querem donos de uma crítica, então, mais moderada e justa do que a minha.

Sim, O País dos Petralhas está vendendo bastante, muito mesmo, nesta primeira semana. Vai se sustentar? Não sei. Quantos há dispostos à batalha? Qual batalha? A do estado de direito, humilhado, submetido ao vexame por um governo que parece acreditar que a popularidade substitui a necessidade de seguir as leis e o decoro. Petralhotários furiosos, como já noticiei, aparelham até site de livraria para alertar outros leitores: “Cuidado com esse cara!” — no caso, eu. Outros ainda escarnecem: “O Reinaldo publicou um livro justo agora com críticas aos petistas, mas o Lula está no auge da popularidade”. Pois é, se não fosse numa hora como esta, seria quando? Eu quero é agora. Gosto da idéia de que o livro sirva como uma senha de indetificação, a exemplo dos primeiros cristãos, que desenhavam peixes na areia .

Não! Não vou condescender com o crime, com a impunidade e com o cinismo. O país dos petralhas tem de ser exorcizado.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".