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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

CHÁVEZ OU O CIRCO MAMBEMBE

Do portal PAPÉIS AVULSOS do HEITOR DE PAOLA


Fernando Londoño Hoyos

Se não fosse tão perigoso, o coronel, camarada, comandante e pára-quedista Hugo Chávez teria algo de simpático. Há circos que divertem por sua qualidade estupenda e outros que divertem pelo puro ridículo. O palhaço que sempre antecipa a piada, o mágico que não pode esconder o truque, o trapezista que acaba invariavelmente salvo pela rede, não deixam de ter graça. A estranha graça do grotesco. Assim é Chávez, e se não fosse porque nesses desvarios está brincando com tantas vidas, valeria a pena continuar no palco presenciando suas acrobacias.

Chávez comete todos os erros, viola todos os códigos de conduta, desafia todos os poderes, pelo que terminará mal, como ninguém ignora. Porém, não se sabe quando nem a quantidade de dano que fará antes do inevitável descalabro. É a única incógnita da farsa.

O tiranete da Venezuela pôs a prêmio o princípio sagrado da não-intervenção no Direito Interamericano. Pois até agora ninguém lhe cobrou, porque aos outros pareceu divertido seguir seu exemplo. Rompeu as regras mais elementares do bom trato entre as nações. Não há vulgaridade que se lhe escape, insulto que poupe, desplante que lhe falte. E alguns perdoam por medo, a maioria por interesse e os mais poderosos por uma mescla de curiosidade e condescendência. A mosca impertinente sempre fez parte da história do leão.

Chávez treme por causa dos computadores que a Colômbia guarda com inexplicável alcoviteiria e mantém agitado o circo para que ninguém lembre deles. Ele teme pelo dia em que lhe peçam satisfações por sua tolerância com o narco-tráfico. Por isso ataca o império antes que o tal império o chame para responder por esse desaforo, e antes que o próprio povo venezuelano descubra que por conta dessa complacência se banha em sangue.

Ele sabe que nunca poderá vencer garbosamente o primeiro inventário de caixa que façam sobre os fabulosos lucros petroleiros que esbanjou, roubou, presenteou. Foge do dia em que lhe perguntem, seriamente, para que serviu à Venezuela tanta expropriação de sua riqueza produtiva. Em seus pesadelos, tem que pressentir a aproximação de uma catástrofe. Basta-lhe adiá-la.

Agora lhe espantam as eleições regionais, que tem a certeza de perder, por mais mal combinada que ande a oposição e duvida da eficácia do remédio que pôde usar em outras, a fraude mais descarada. Porém não se sente capaz de enganar tanto, em tantos lugares. E por isso está disposto a multiplicar as peripécias circenses com o único objetivo de cancelar essas eleições. Sem pechinchar gastos. No fim, o dinheiro não sai do seu bolso.

De modo que faz aliança com Evo Morales e com o pateta da Nicarágua para desafiar os Estados Unidos, e para completar o número convida a Rússia a vir até o Caribe para arrancar as barbas de Tio Sam. Talvez seja muito. Há cálculos aos quais não convém errar. Por exemplo, naquilo de incomodar um gigante sem despertá-lo. Os japoneses souberam bem com a história de Pearl Harbor. Só que muito tarde. E, neste caso, também a Rússia pode ter um desgosto. Porém, para ela será coisa de fazer retornar os navios, como o fez Nikita Kruschev, enquanto Chávez não tem porto de retorno.

Como admite que pode não ser suficiente a crise internacional, a monta também na freguesia. E se inventa conspirações, é para esmagar a parte das Forças Militares que não lhe agrada, e a parte da imprensa e oposição que detesta.

Supor que Alberto Ravel, o diretor de Globovisión, quer matá-lo, não é mais que uma fanfarronice. Porém, pode ser mais do que uma advertência. Um tirano ameaçado de eleições é uma fera fora da jaula. Empreende contra qualquer um, e antes de ser reduzida lança petardos iracundos. É a última parte do circo. Chávez não representa apenas o palhaço sem graça, o acrobata sem talento, o ilusionista sem poder de convicção. Agora se faz de fera ferida. É tempo de levantar o toldo. O circo deve acabar.

Tradução: Graça Salgueiro

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".