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quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A CRISE FINANCEIRA

Do porta FAROL DA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA
Nivaldo Cordeiro, Economista, 24/09/2008

“Se a canoa não virar, eu chego lá.”
Emilinha Borba





Se o negócio era tão bom, porque não foi tentado antes? A velha pergunta que os caipiras do interior se faziam cabe como uma luva para se tentar entender a maneira como o governo Bush está tentando enfrentar a crise que se instalou nos últimos dias. A solução aventada é uma só: estatização das perdas. Ora, se era assim tão fácil, porque a ciência econômica e a ciência política não reconhecem como legítima e necessária uma ação assim? Certo, o marxismo e o keynesianismo é que propõem essas ações, mas as pessoas sensatas, no poder, ignoram-nas enquanto podem. São os falsos ramos da ciência. Nos momentos de crise é que esses facilitários são considerados e implementados, em total perda da razão.

A história econômica desde o século XX tem sido esse duelo entre a racionalidade e a suposta facilidade proposta pela estatização. A cada crise – incluindo aquela de 1929, paradigma da crise atual – o que temos visto é o paulatino agigantamento do Estado, pelo lado da receita, da despesa e da regulação da vida prática. É como se nos momentos de crise a ciência perdesse relevância, entrando em seu lugar o sonho gnóstico de que é possível a salvação nesse mundo.

Numa palavra, é como se fosse dado ao homem, usando o instrumento do Estado, a capacidade de eliminar os riscos e os perigos da existência. O Estado e sua enorme burocracia propõem-se a reinventar a realidade, supostamente produzindo uma saída pela esquerda, de forma indolor. O máximo que têm conseguido é adiar os ajustes.

Há décadas a mágica da expansão econômica impulsionada pela inflação foi apresentada como algo normal e desejável. Os preços dos imóveis e dos ativos em geral foram inflando, até contaminar as commodities (o preço estratosférico do petróleo é apenas o rebento mais visível do processo). Chegado o momento do ajuste, vez que a expansão inflacionária tem limites claros, vem a burocracia estatal propor mais do mesmo: mais inflação em troca do adiamento e mesmo a superção indolor da crise. É claro que não vai dar certo, não pode dar certo. Se o negócio era tão bom, porque não foi tentado antes? Porque é irracional e imoral a ação de salvamento. Simples assim.

O problema é que as sociedades de massas atuais estão viciadas em chamar o Estado como se fosse uma panacéia, sempre que a situação fica crítica.

O novo Baal está sempre disponível e sua burocracia fica permanentemente produzindo fórmulas teóricas de auto-justificação, supostamente científicas, para fazer seu próprio agigantamento. Foi assim que adentramos ao século XXI, com as economias cobrando algo em torno de 40% do PIB em impostos, exceto a norte-americana, que usa mais do que ninguém da válvula do endividamento público e da emissão inflacionária para a cobertura do déficit estatal gigantesco. A presente crise é aguda porque está impondo o reconhecimento de que a realidade do gasto público nos EUA é muito grave e que o atual nível de déficit é insustentável.

Uma das conseqüências inevitáveis da crise será a elevação dos impostos. É possível que nos próximos anos a taxa de tributação dos EUA seja alinhada com aquela verificada na União Européia.

Obviamente que a crise tem conseqüências reais, além daquelas verificadas na esfera econômica. A fragilidade estratégica é uma delas. Hoje a saúde financeira dos EUA depende da boa vontade de inimigos como a China e a Rússia, detentores de grandes superávits em dólares. Esses países podem ser cooperativos, mas agora depende deles o que vai acontecer. Se finanças podem ser usadas como arma de guerra, nunca a conjuntura foi tão propícia para um conflito assim.

O Ocidente nunca se encontrou em fragilidade tão grande.

Na prática, o que se verifica é a interdependência. Uma eventual derrocada da economia doméstica dos EUA é literalmente a derrocada do mundo. Todos perderiam. A pergunta é: valeria a pena acabar com o reinado estratégico dos EUA, mesmo ao preço de alguns anos de grave crise? Talvez valha, tudo é uma questão da análise de quem sairá vencedor dessa suposta guerra. O fato real é que algo assim tornou-se possível e bem próximo de todos. Ninguém escaparia da catástrofe de uma derrocada econômica, com todas as implicações e conseqüências previsíveis, inclusive no plano militar.

Em conclusão, pode-se dizer que a saída irracional das limitações da realidade econômica – inflação e mais estatização – são simples torniquetes para estancar hemorragias grandes. Não resolvem o problema. Torniquetes não servem para curar a sangria de um membro amputado. É aguardar os próximos movimentos, que os R$ 700 bilhões do Bush ainda ficaram no plano das intenções. Tempos de grandes perigos.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".