LUCIANO AYAN
Fonte: Portal Vermelho
Dezenas de intelectuais de renome divulgaram uma carta, intitulada “Pela solução política ao conflito colombiana”, na qual convocam o governo da Colômbia “e, por extensão, o dos Estados unidos”, a aceitarem a proposta da insurgência em prol de uma saída negociada à situação do país.
O texto é assinado por escritores, jornalistas, sociólogos, teólogos, filósofos e historiadores. Os prêmios Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel (Argentina) e Martín Almada (Paraguai), e o vice-presidente do Conselho Assessor do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Jean Ziegler (Suiça), estão entre os primeiros nomes da lista de apoiadores.
No documento, eles destacam que a guerrilha é consequência e não causa de uma guerra que tem raízes econômicas, sociais e políticas. “Há 30 anos a insurgência tem insistido em uma saída política negociada ao conflito”, dizem os intelectuais. Mas os governos têm usado pretextos para não avançarem na busca da paz, e o uso da força tem bloqueado as negociações, afirmam.
O texto destaca a responsabilidade dos Estados Unidos no recudescimento do conflito, uma vez que os norte-americanos pretenderam “converter essa nação em uma base militar continental, com a finalidade de conter os projetos democráticos que se desenvolvem na América Latina”. Veja abaixo a íntegra, com a assinatura de alguns dos apoiadores.
Pela solução política ao conflito colombiano
“Colômbia é um país onde rios de ouro se misturam com rios de sangue”.
Eduardo Galeano.O conflito interno na Colômbia leva quase seis décadas e tem se convertido em um dos mais antigos do mundo, junto ao da Palestina e de Caxemira.Nesse confronto, a população civil tem sido a principal vítima. Segundo as cifras divulgadas pelas organizações de direitos humanos nacionais e internacionais são mais de 60 mil os detidos-desaparecidos; oito mil presos políticos; centenas de fossas comuns; cinco milhões de camponeses, indígenas e afrodescendentes violentamente desalojados de suas terras nos últimos dez anos, e milhares de assassinatos políticos a cada ano.Instâncias internacionais, como a ONU, assinalam que o Estado, juntamente com grupos paramilitares, é o máximo responsável por tal violência. A insurgência, representada nas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Exército de Libertação Nacional (ELN), apesar de que em uma mínima proporção, também têm sua parcela de responsabilidade.Ao analisar a história política do país, pode-se afirmar que a guerrilha é consequência e não causa de uma guerra que tem raízes econômicas, políticas e sociais. Também se constata que há 30 anos a insurgência tem insistido em uma saída política negociada ao conflito. Nas tentativas de diálogo que já aconteceram, os sucessivos governos têm utilizado pretextos para romper e não avançar na busca de uma paz com dignidade.
O assassinato de comandantes das Farc e a perseguição, com o mesmo fim, dos membros do ELN está levando ao bloqueio das demandas de uma negociação.
Igualmente, somos testemunhas das grandes mobilizações realizadas por grandes setores do povo colombiano clamando e exigindo uma saída política que leve à paz com justiça social.
Nos últimos meses, o governo colombiano repete que o conflito somente concerne aos colombianos. Porém, é fácil comprovar, observando a geopolítica, que isso não é bem assim; pois, por múltiplas razões, já incumbe à região e ao continente.
Da mesma forma, ao repassar a história, constata-se que os Estados Unidos têm uma grande responsabilidade em seu recrudescimento, ao pretender converter essa nação em uma base militar continental, com a finalidade de conter os projetos democráticos que se desenvolvem na América Latina. Enquanto que instâncias regionais, como a União das nações Sul-americanas (Unasul), tem proclamado a região como um território de paz.
Pelo anterior, chamamos o governo da Colômbia e, por extensão, ao dos Estados unidos, a que escutem o povo colombiano e aceitem a proposta da insurgência para buscar uma solução política negociada ao conflito.
Convencidos estamos de que a saída é política e não militar.
Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz, Argentina.
Jean Ziegler, vice-presidente do Conselho Assessor do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Suíça.
Piedad Córdoba, porta voz de “Colombianas y Colombianos por la Paz”, Colômbia.
Martín Almada, Prêmio Nobel Alternativo da Paz, Paraguai.
Hernando Calvo Ospina, periodista, Colômbia/ Francia.
Gilberto López y Rivas, Catedrático, México.
Hugo Moldiz Mercado, Periodista, Bolívia.
Paul-Emile Dupret, assessor Parlamento Europeo, GUE/NGL, Bélgica.
Alfonso Sastre, escritor, Espanha.
Roberto Fernández Retamar, escritor, Cuba.
Santiago Alba, jornalista, Espanha/Tunez.
James Petras, sociólogo, Estados Unidos.
Ramón Chao, jornalista, Espanha/Francia.
François Houtart, teólogo, Bélgica.
Pascual Serrano, periodista, Espanha.
Aram Aharonian, jornalista, Uruguai/Venezuela.
Carlos Fazio, jornalista, México.
Fernando Buen Abad Domínguez, filósofo, México.
Carlos Padrón, ator, Cuba.
Manuel Cabieses Donoso, jornalista, Chile.
Carmen Bohórquez, Historiadora, Venezuela.
Stella Calloni, jornalista, Argentina.
Belén Gopegui, escritora, Espanha.
Alejandro Dausá, sacerdote, Argentina.
Constantino Bértolo, editor, Espanha.
David Acera, ator, Espanha.
Mario Casasús, jornalista, México.
Paul Fortis, escritor, El Salvador.
Ricardo Bajo, jornalista, Bolívia.
Carlos Aznárez, jornalista, Argentina.
Jorge Capelán, jornalista, Nicarágua.
Miguel Álvarez Gándara, Serapaz, México.
Sara Rosenberg, escritora, Argentina/Espanha.
Martín Guédez, historiador y escritor, Caracas/Venezuela
Com Adital
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Meus comentários
O texto acima, junto com o anterior feito pelo Portal Vermelho, é um exemplo de como marxistas maquiam a realidade. Não há uma linha sequer onde exista honestidade intelectual no “manifesto” lançado.
No caso das FARC, não há presos políticos na Colômbia, mas criminosos presos por terrorismo e tráfico de drogas. A tentativa de transformá-los em presos políticos é meramente uma fantasia.
A existência de 60 mil criminosos detidos ou desaparecidos também é uma consequência do tráfico de drogas, que por si só já gera vítimas executadas pelos próprios criminosos. Assim como, é claro, há aqueles que são mortos pela polícia. Portanto, novamente, não há nada válido que possa ser usado como crítica ao governo colombiano.
O fato de camponeses, indígenas e afrodescendentes serem desalojados de suas terras fala apenas de invasores de terras, que não são expulsos por serem camponeses, indígenas e afrodescentes, mas sim por serem invasores. Mais uma vez temos uma trucagem marxista facilmente descoberta.
O texto afirma que o governo é “o máximo responsável” pela situação de violência, em uma típica inversão de sujeito-objeto, conforme descreveu Olavo de Carvalho, em explanação que sempre gosto de repetir:
A culpa dos atos de horror causados pela mente revolucionária é sempre das vítimas, porque estas não compreenderam as noções revolucionárias que levariam ao inexorável futuro perfeito e destituído de qualquer “mal”. As vítimas da mente revolucionária não foram assassinadas: antes suicidaram-se, e a ação da mente revolucionária é a que obedece sem remissão a uma verdade dialética imbuída de uma certeza científica que clama pela necessidade desse futuro sem “mal” ― portanto, a ação da mente revolucionária é impessoal, isenta de culpa ou de quaisquer responsabilidades morais ou legais nos atos criminosos que comete. Segundo a mente revolucionária, as pessoas assassinadas por Che Guevara ou por Hitler, foram elas próprias as culpadas da sua morte (suicidaram-se), por se terem recusado a compreender a inexorabilidade do futuro sem “mal” de que os revolucionários seriam simples executores providenciais.
O manifesto também tenta tirar a responsabilidade das FARC e demais grupos terroristas ao afirmar que “há 30 anos a insurgência tem insistido em uma saída política negociada ao conflito”. O fato é que não se pode negociar com criminosos, que, inclusive, realizam atentados contra Igrejas e realizam sequestros. O máximo de negociação que pode existir com sequestradores e terroristas é feita apenas para GANHAR TEMPO, pois a única função aceitável de um governo sério é punir criminosos que praticam crimes como atentados terroristas, estupros, assaltos e sequestros.
A seguinte afirmação também não pode ser levada a sério: “O assassinato de comandantes das Farc e a perseguição, com o mesmo fim, dos membros do ELN está levando ao bloqueio das demandas de uma negociação.”
Quer dizer, imaginem se todos os traficantes da USP se juntam e cometem mais crimes, dizendo que querem a saída da PM da USP para voltarem a assaltar por lá. Suponha também que alguns assaltantes são presos e até mortos. A culpa dos atos de violência da polícia seria dos policiais, pois não aceitaram os termos dos criminosos ao afirmarem que queriam “negociar”? Claro que não, pois, como já dito, não se negocia com AQUELE QUE esteja em execução de crime.
Como não poderia deixar de ser, ainda existe a ladainha anti-americana, dizendo que há parcela de culpa dos “Estados Unidos”, pois eles pretendem “converter essa nação em uma base militar continental”. O objetivo? Segundo os “intelectuais” da esquerda, é tudo “com a finalidade de conter os projetos democráticos que se desenvolvem na América Latina”.
Na verdade, os Estados Unidos estão corretos em ajudar a Colômbia a conter o tráfico de drogas, pois muita droga traficada pelas FARC vai parar… nos Estados Unidos. E, ao contrário do que o texto afirma, a Colômbia é um dos raros países democráticos da América Latina, pois na maioria dos outros existem projetos totalitários, como em Cuba (já concluído), Venezuela (igualmente já concluído), Equador (idem), Argentina (em estágio avançado), e Brasil (também em estágio avançado). Ou seja, como sempre, marxistas praticam o reviralho absoluto: eles chamam uma democracia de ditadura, e uma ditadura de democracia.
Eles concluem dizendo que estão “convencidos” de que “a saída é política e não militar”. Errado. A saída é unicamente militar. É uma guerra contra o crime, e, também, uma guerra contra o terrorismo.
O mais engraçado é quando o texto do Portal Vermelho, citando o manifesto comentado aqui, ressalta o seguinte: “O texto é assinado por escritores, jornalistas, sociólogos, teólogos, filósofos e historiadores. Os prêmios Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel (Argentina) e Martín Almada (Paraguai), e o vice-presidente do Conselho Assessor do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Jean Ziegler (Suiça), estão entre os primeiros nomes da lista de apoiadores.”
E daí que existe um nobel na lista? E daí que existe alguém do conselho da ONU? Falácia do apelo à autoridade, em um texto tão recheado de bobagens, à essa altura do campeonato é algo que não se responde de forma respeitosa, mas com frases como “Ei, pega esse Nobel e enfia no c…”, ou “Grande m… que o sujeito é do conselho da ONU”.
O que importa são os argumentos, e, na totalidade do manifesto, não há nada que passe incólume por qualquer análise lógica e/ou cética.
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