VEJA
09/03/2012 - 15:12
Política
Hugo Chávez durante um evento oficial em Havana, no início de março. O presidente está em Cuba se recuperando da cirurgia que retirou um segundo tumor canceroso (Miraflores Palace/Reuters)
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, "traiu" as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para agradar os generais da Força Armada Bolivariana após a captura, na Colômbia, do traficante venezuelano Walid Makled, em 2011, apontou reportagem do jornal de Miami 'El Nuevo Herald' como base em e-mails divulgados pelo site WikiLeaks.
A publicação se baseia em mensagens de membros da empresa de inteligência Stratfor – que fazem parte de um montante com mais de 5 milhões de e-mails divulgados pelo WikiLeaks nas últimas semanas – segundo aos quais altos oficiais das Forças Armadas pressionaram Chávez para que negociasse com o Governo de Juan Manuel Santos a extradição de Makled a Caracas, perante a tentativa dos EUA de julgá-lo em seu território.
Segundo as mensagens, Chávez ofereceu sacrificar as Farc com a entrega e a expulsão de líderes da guerrilha como parte dessa pressão.
Negociações - Makled foi capturado na Colômbia e extraditado em maio de 2011 a Caracas, apesar do venezuelano também enfrentar uma solicitação de extradição de Washington por narcotráfico. Ele havia dito em várias ocasiões que estava disposto a colaborar com os Estados Unidos para evitar a extradição a seu país.
Depois de ser preso, o traficante afirmou que vários altos funcionários de Chávez recebiam dinheiro dele, incluindo membros das Forças Armadas, e acusou o Exército venezuelano de estar diretamente envolvido no transporte de drogas. Segundo o ‘El Nuevo Herald’, estes altos oficiais temiam ser julgados nos EUA se Makled fosse enviado a Washington, onde poderia negociar seu depoimento em troca da redução de sua sentença.
“Quando Stratfor começou a receber informações de que os militares venezuelanos tinham começado a desmantelar silenciosamente os acampamentos das Farc empurrando seus membros à Colômbia através da fronteira, era evidente que Bogotá estava em posse de algo que colocaria Chávez na linha”, segundo um dos relatórios da Stratfor, que afirmava, inclusive, o temor de Chávez por um golpe de estado.
Segundo a publicação, o presidente Santos utilizou essa vantagem para arrancar a promessa de deixar de apoiar a guerrilha colombiana, com o sinal verde de Washington. ”Não está totalmente claro quais foram exatamente as demandas apresentadas pela Colômbia, mas o país deu à Venezuela uma lista dos mais altos líderes guerrilheiros que eles querem que sejam extraditados”, afirma o autor de um dos relatórios da Stratfor, que acrescenta: “Tal como minha fonte afirma, Santos não é tão ingênuo”.
Histórico - Venezuela e Colômbia retomaram as relações diplomáticas quando Santos assumiu a presidência em agosto de 2010, após um breve rompimento com Chávez sob o governo do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe.
(Com agência EFE)
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