DOMINUS VOBISCUM
13032012
Queira ou não queira o caso envolvendo o Padre Paulo Ricardo e a carta assinada por 27 sacerdotes ainda anda dando o que falar. Não apenas pelo fato estapafúrdio de ver clérigos (ainda que vermelhos e ávidos defensores da excomungada Teologia da Libertação) recriminando um sacerdote que ensina a verdadeira doutrina, mas também pelo conteúdo das acusações. Sei que o padre Paulo já falou sobre o caso, sei que o bispo também já se pronunciou com um texto um tanto quanto confuso e indefinido, mas queria chamar a atenção sobre um fato levantado na carta: O uso ou não da batina e do clerygman pelos sacerdotes e seminaristas.
Hoje lendo o blog Tubo de Ensaio me deparei com esse texto escrito pelo blogueiro Marcio Antônio Campos, que fala de uma pesquisa sobre o uso da batina. Veja que interessante:
Nos últimos dias vários blogs católicos promoveram uma campanha em defesa do padre Paulo Ricardo, muito conhecido por sua atuação midiática, seus vídeos sobre temas diversos (especialmente o marxismo cultural) e suas participações na Canção Nova. Ele foi atacado em uma carta aberta por 27 outros padres, que o caluniaram das mais diversas formas; uma das “acusações” foi a de que o padre insistia na importância do uso da batina (por mais que padres e até bispos adorem andar disfarçados de leigos por aí, as regras da Igreja Católica obrigam o sacerdote a usar batina ou pelo menos o clergyman, aquele colarinho próprio dos padres). O argumento dos fãs do disfarce é o velho ditado “o hábito não faz o monge”, segundo o qual é perfeitamente possível ser um bom padre sem usar o traje clerical, e que a batina por si só não impede um padre de cometer barbaridades (aliás, concordo com o segundo ponto e discordo do primeiro). O mesmo raciocínio se aplicaria ao hábito das ordens religiosas masculinas e femininas. Mas uma pesquisa de Hajo Adam e Adam Galinsky, da Northwestern University, publicada no Journal of Experimental Social Psychology, parece dar razão ao padre Paulo Ricardo: o traje faz diferença, sim.
A pesquisa avaliou o impacto do traje não na maneira como quem o veste é percebido pelos outros, mas no modo como a pessoa percebe a si mesma quando está usando a roupa característica de sua função. Uma reportagem de Tom Jacobs destrincha a pesquisa mostrando como os participantes da experiência (estudantes de graduação, pelo que entendi) melhoraram seus resultados em testes que exigiam atenção e cuidado quando vestiam jaleco do tipo usado por médicos ou em laboratórios. Para comparar, outros estudantes também estavam com o mesmíssimo uniforme, mas foram informados de que se tratava de jalecos do tipo usado por artistas quando estão pintando. Esse grupo não apresentou nenhuma melhora nos resultados dos testes.“Parece haver algo especial sobre a experiência física de vestir certa peça de roupa”, escreveram os pesquisadores.
E onde entram as roupas usadas por líderes religiosos (e aí não estamos falando só da batina dos padres ou do hábito de frades, monges e freiras)? Galisnky e Adam fizeram um comentário no site Science and religion today explicando que o resultado de sua pesquisa também poderia ser aplicado aos trajes dos clérigos, e que seu uso seria importante “não apenas pela impressão que [o traje] causa nos outros, mas também pela influência que a vestimenta tem sobre os próprios líderes”, já que a roupa “pode exercer influência sobre o modo como quem a usa sente, pensa e se comporta, através do significado simbólico associado a ela”. Assim como uma toga significa justiça, um terno caro significa poder e um jaleco de laboratório significa atenção e foco científico, o traje clerical é associado a “fé, dedicação e ao compromisso de liderança responsável na comunidade religiosa”, e o líder religioso “pode exercer suas tarefas e inspirar seguidores de forma mais efetiva quando usa esse tipo de vestimenta”. É importante ressaltar que o traje não impede nenhum líder religioso de agir mal; mas, pelo que Galinsky e Adam concluem, a roupa tem, sim, um efeito sobre quem a usa. Parece que o padre Paulo Ricardo ganhou um argumento científico para seu esforço pelo uso da batina.
Voltei. Eu penso que se nessa confusão toda acontecer algo estapafúrdio como o Arcebispo de Cuiabá resolver proibir o uso da batina entre seus seminaristas e sacerdotes ele estará dando um tiro no pé, porque ele estará indo de encontro ao que diz a Igreja:
Código de Direito Canônico – 284: “Os clérigos usem hábito eclesiástico conveniente, de acordo com as normas dadas pelas conferências dos Bispos e com os legítimos costumes locais.”
Nota de rodapé do cânone 284: Após entendimentos laboriosos com a Santa Sé, ficou determinado que os clérigos usem, no Brasil, um traje eclesiástico digno e simples, de preferência o “clergyman”(camisa clerical) ou “batina”.
Hoje eu convido aos meus irmãos e amigos que lêem este blog a defender a causa do uso da batina e do clerygman por parte dos padres. Ajudemos os nossos irmãos sacerdotes e seminaristas na retomada da fiel vestimenta dos padres. Dizem que o hábito não faz o monge. Realmente pode não fazer. Mas que ajuda, com certeza ajuda.
Veja também:: Comunicado do Padre Paulo Ricardo a respeito da carta, das injúrias e dos signatários da mesma | Com a tag #padrepauloricardo católicos se manifestam em apoio ao sacerdote | Caso Padre Paulo Ricardo. Saiba como ajudar! | Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão | Perseguição do clero diocesano de Cuiabá contra o Pe. Paulo Ricardo de Azevedo | Perseguição ao padre Paulo Ricardo | Ajude ao Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior |Padres do Regional Oeste II da CNBB se levantam contra Padre Paulo Ricardo
Um comentário:
Basta vir ao RS para comprovar isso. O mesmo gaúcho, vestindo terno, comporta-se de maneira muito diferente do que vestindo a "pilcha", a vestimenta característica.
Ou, ponha alguém de calça jeans num baile de gala. Mesmo que ele esteja sozinho na sala, vai se sentir deslocado. Isso de dizer que "o hábito não faz o monge" está mais para "força do hábito", mesmo.
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