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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A visão de Obama por uma América espartana

 

MÍDIA SEM MÁSCARA

ESCRITO POR JONAH GOLDBERG | 28 JANEIRO 2012

INTERNACIONAL - ESTADOS UNIDOS

Não é assim com a América. Esta nação não é grande porque trabalhamos como um time tendo o presidente por capitão. A América é grande porque a América é livre.

O discurso do Estado da União do presidente Obama foi nojento.

O presidente começou com um tributo comovente às Forças Armadas e suas conquistas. Mas como fez das outras vezes, ele celebrou as virtudes militares não para prestar apoio aos militares, mas para se vangloriar – ele matou Osama Bin Laden! – e convencer o povo americano de que todos deveriam pôr-se em fila e marchar juntos.

Sobre os militares, ele disse: “Em um tempo em que muitas de nossas instituições nos decepcionaram, eles excederam nossas expectativas. Eles não são controlados pela ambição pessoal. Eles não são obcecados por suas diferenças. Seu foco é a missão. Eles trabalham juntos. Imaginem o que poderíamos alcançar se seguíssemos seu exemplo. Pensem na América ao nosso alcance.”

Isso foi nojento.

O que Obama está dizendo, simplesmente, é que a América estaria melhor se não fosse mais a América. Ele não está defendendo o caráter excepcional da América, mas o caráter excepcional de Esparta.

Isso é muito pior do que qualquer coisa que George W. Bush, o pretenso belicista, jamais disse. Bush, o suposto fascista, não queria militarizar nosso país livre; ele tentou usar nossos militares para libertar países militarizados.

Na verdade, Obama está deturpando a real vocação dos militares numa sociedade livre. Nós temos uma força militar para manter a nossa sociedade livre. Não temos militares para que nos ensinem a melhor maneira de abdicarmos de nossa liberdade. Nossos guerreiros abrem mão de suas liberdades e arriscam suas vidas para protegerem as nossas. A promessa de vida americana de Obama é que, se tentarmos nosso melhor e trabalharmos duramente, poderíamos ser como uma unidade militar lutando por um único objetivo. Eu vi imagens assim da Coréia do Norte. Não, obrigado, Sr. Presidente.

Claro, a fantasia militar de Obama não é nova. Desde que William James cunhou a expressão “equivalente moral da guerra”, o esquerdismo tem por obsessão encontrar maneiras de mobilizar a vida civil com a eficiência e a conformidade da vida militar. “Virtude marciais”, escreveu James, “devem ser o cimento duradouro” da sociedade americana: “intrepidez, desprezo pela leveza, abdicação do interesse privado, obediência ao comando devem ser ainda a rocha sobre a qual um Estado é construído.” Seu discípulo, o filósofo de esquerda John Dewey, ansiava por uma ordem social que forçaria os americanos a deixar de lado “nosso bondoso individualismo e nos pôr em marcha”.

É por isso que a administração Obama acredita que uma crise é boa demais para ser desperdiçada. É por isso que Obama tem tagarelado sobre “momentos Sputnik” e se lamentando em sua inveja da China e seus governantes. É por isso que seus floreios se esforçaram por traduzir a morte de Bin Laden em um tipo de defesa de sua agenda doméstica: porque ele não pode liderar um povo livre aonde ele acha que devam ir.

Ao fim de seu discurso, Obama mais uma vez invocou a morte de Bin Laden como César fez com Vercingetorix (o líder gaulês derrotado que César exibiu triunfantemente em Roma). “Tudo o que importava naquele dia era a missão. Ninguém pensou em política. Ninguém pensou em si mesmo.” Obama poetizou.

Os guerreiros na terra “apenas obtiveram sucesso [...] porque cada membro daquela unidade fez seu trabalho. [...] Mais do que isso, a missão foi exitosa somente porque cada membro daquela unidade confiava no outro – pois você não pode subir aquelas escadas, em meio à escuridão e ao perigo, a menos que você saiba que há alguém atrás de você, protegendo suas costas. É assim com a América.”

“Esta nação é grande porque trabalhamos como um time. Esta nação é grande porque protegemos uns aos outros.”

Não. Errado. Não é assim com a América. Esta nação não é grande porque trabalhamos como um time tendo o presidente por capitão. A América é grande porque a América é livre. Ela é grande não porque colocamos de lado nosso interesse próprio, mas porque temos o direito de buscar a felicidade.

Eu não culpo o presidente por estar exausto com a bagunça e a chateação da democracia e da política, uma vez que ele provou ser inadequado para fazer jus às demandas de ambas. Eu também não penso que ele realmente queira impor virtudes marciais à América. Mas ele quer desesperadamente que seus adversários calem a boca e simplesmente marchem. Ele acredita que essas asneiras irão convencê-los a fazer isso.

O que eu não posso perdoar, entretanto, é a maneira como ele tenta transmitir seu ideal de uma América onde todos marchem juntos, como uma América melhor. Isso não seria a América.

Jonah Goldberg é editor-assistente do National Review Online e autor do livro "Fascismo de Esquerda: a história secreta do esquerdismo americano", publicado pela Ed. Record.

Publicado no National Review em 27/01/2012.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".