Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

OS ANTIBRASILEIROS (I e II)

HEITOR DE PAOLA


OS ANTIBRASILEIROS I

Prof.ª Aileda de Mattos Oliveira

O Brasil não está feito, como pátria completa. E a culpa é nossa, como foi dos nossos antepassados, porque a nossa cegueira ou o nosso egoísmo, a nossa vaidade, a nossa pequenina política de rasteiras paixões deixaram a massa do povo privada de fartura, de instrução, de higiene, de “humanidade”.

Estas palavras não saltaram de algum artigo veiculado na mídia virtual, como desabafo de um dos muitos articulistas preocupados com a deriva do país, fruto do trabalho criminoso de desvalorização do mérito e do caráter, em benefício do nepotismo e da riqueza sem trabalho. Nem tampouco representam uma visão analítica de algum cientista político.

Foram pronunciadas há noventa e cinco anos por Olavo Bilac, em 15 de novembro de 1917, num emocionado discurso na Liga da Defesa Nacional, Diretório de Niterói, quando analisava a falta de percepção do povo brasileiro diante da gravidade dos fatos, ocorrentes na época, com os quais se preocupavam as pessoas com mais discernimento. Neste ponto, nada mudou. Discernimento e consciência são conceitos que a gente brasileira acredita pairarem no plano das abstrações, demasiado distante, para dedicar a elas alguns momentos de reflexão. Reflexão? Outra abstração.

Daí, as palavras-epígrafe que traduzem a inquietação de Bilac por ver uma pátria incompleta pela ausência da defesa nacional. Para pôr em prática a defesa do país, é indispensável ter uma laboriosa atividade agropecuária, indústria e comércio desenvolvidos e, o mais difícil, um povo esclarecido. Era assim o olhar de Bilac ante o seu Brasil, ainda nos claudicantes vinte e oito anos de vida republicana.

Quase um século depois, a terra muito produz, a pecuária é excelente, as atividades industrial e comercial são de primeira linha, mas o povo permanece na lassidão intelectual, entregue à troca de votos por benefícios que lhe facilitem a vida, enchendo-se de direitos, mas desinteressado de quais sejam os seus deveres.

As preocupações do conferencista estavam voltadas para a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), temendo respingos na soberania do país. Satisfeito estava por ter o presidente Venceslau Brás aumentado o efetivo do Exército, mas reconhecendo, por outro lado, as dificuldades orçamentárias que teria em equipar a tropa para a sua função precípua: a da defesa do país.

Hoje, apesar de os cofres do Estado estarem abarrotados com o dinheiro dos impostos, a negação das verbas para reequipamento das Forças Armadas, principalmente o Exército, evidencia que os inimigos internos, os antibrasileiros, têm um planejamento em marcha, não o da defesa do país, mas o da descaracterização da Força Terrestre, a Corporação à qual cabe a responsabilidade constitucional de salvaguardar cada palmo do extenso território brasileiro.

Bilac, se ainda vivesse, não resistiria à tanta desfaçatez dos impunes políticos que carnavalizam o dinheiro do contribuinte em detrimento do reaparelhamento das Forças, únicas Instituições permanentes do Estado, às quais estes mesmos ímprobos, um dia, irão solicitar ajuda.

É necessário que se pense em Bilac, não somente como poeta parnasiano, restrito às normas literárias da época, mas como um dos primeiros lutadores, no Brasil República, em favor da defesa nacional, da defesa territorial, da defesa da língua. O criador do Serviço Militar não poetava quando tornou a defesa do Brasil uma prioridade na luta interna contra a negligência dos próprios governantes, contra o desinteresse do próprio povo, tão alheio às coisas sérias do país.

Que as palavras deste civil em favor dos militares e em favor da defesa nacional sejam reavivadas para que sirvam de antídoto ao veneno insidioso da falácia de que o Brasil não tem inimigos. Engano. Eles estão dentro e fora, porém unidos por interesses desintegradores da unidade territorial, da unidade étnica, da unidade familiar e pelo desmoronamento da ética política. Esta já estatelou-se.


Prof.ª Dr.ª em Língua Portuguesa. Articulista do Jornal Inconfidência. Membro da Academia Brasileira de Defesa.

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OS ANTIBRASILEIROS (II)

Prof.ª Aileda de Mattos Oliveira

Difícil – e necessário – é para um País que pouco trato teve com guerras convencer-se da necessidade de defender-se para poder constituir-se. Não bastam, ainda que sejam proveitosos e até mesmo indispensáveis, os argumentos que invocam as utilidades das tecnologias e dos conhecimentos da defesa para o desenvolvimento do País. Os recursos demandados pela defesa exigem uma transformação de consciências para que se constitua uma estratégia de defesa para o Brasil. ( Trecho 1. In: Estratégia Nacional de Defesa.) O grifo é da autora.

Disposição para mudar o que a Nação está a exigir agora de seus marinheiros, soldados e aviadores. Não se trata apenas de financiar e de equipar as Forças Armadas. Trata-se de transformá-las, para melhor defenderem o Brasil. (Trecho 2. In: Estratégia Nacional de Defesa.) O grifo é da autora.

Há dois fragmentos da END nos quais se fala em “transformação” e em “transformar”. Isto não significa que não haja outras partes do documento dando ênfase às mesmas palavras, pois a sua leitura investigativa leva tempo.

Certamente, é urgente “uma transformação de consciências” quando se trata de esclarecer a sociedade da necessidade de defesa do Brasil, considerando que não se coaduna com os tempos atuais essa reiterada mitificação de povo pacífico, não habituado a guerras. O brasileiro precisa, imediatamente, incorporar-se no trabalho de mobilização em prol da soberania nacional e conscientizar-se, sim, de que a terra que o acolhe e onde nasceu, exige outros cuidados para a manutenção de sua soberania, eliminando a perniciosa ideia de que o País se basta com carnaval e futebol.

Se o brasileiro carrega nos ombros esta pecha de pacifista e repete a cantilena dissonante das sereias rouquenhas da esquerda, neste blefe de um nacionalismo pífio, as demais nações, por natureza, beligerantes, são as mesmas que acamparam no Brasil Colônia com os mesmos olhos gordos e que hipnotizam, hoje, as reservas minerais brasileiras e o rico campo genético amazônico.

Quando a presidente, em cadeia nacional, começará a conscientizar a sociedade dessa indispensável cumplicidade, transformando a alienação dominante em participação efetiva do povo e levá-lo a reconhecer a necessidade do incremento da indústria nacional de defesa? Quando? Cabe a presidente esse trabalho de esclarecimento e de “transformação de consciências”. É imprescindível que ela e o povo saibam que a Nação é o conjunto de todas as suas instituições com a participação ativa da parte civil da sociedade. Não se fala aqui de “sociedade civil”, como se os militares não fizessem parte dela e com os civis formassem um todo social.

Quanto ao segundo trecho citado, esse “transformá-las para melhor defender o Brasil” refere-se, explicitamente, às Corporações Militares, por isso é, por demais, preocupante. Mais preocupação causa ao se ouvir, pela voz de alguns militares, em seminários, a mesma fastidiosa falação, sem nenhum esclarecimento, com o claro intuito de agradar a comandante em chefe.

As Forças Armadas são as únicas Instituições sérias do Brasil e as únicas conscientes de seus deveres constitucionais. Portanto, transformar a consciência das Forças é incuti-las de que são guardiães do governo, isto é, do partido dominante, e não do Estado, que está acima de quaisquer diretrizes ideológicas, de quaisquer interesses partidários.

Às Forças cabe a defesa da Nação, impedindo que predadores nacionais ou estrangeiros minem os seus alicerces, construídos ao longo da Verdadeira História do Brasil, a fim de mantê-la étnica e territorialmente íntegra. Quem sabe se, justamente, são essas dedicação e lealdade exclusivas das Forças ao Brasil que incomodam aqueles que sempre detestaram o significado da palavra ‘pátria’?

“Transformar” as Forças Armadas para “financiá-las” e “equipá-las” deixa evidente a intenção dos governos petistas de que as desejam reaparelhadas para defender o Brasil deles, e não o Brasil de todos os brasileiros, liberto das coerções doutrinárias e de doentias ideologias.

As palavras desses esquerdistas não escondem a sua má índole.


Prof.ª Dr.ª em Língua Portuguesa. Articulista do Jornal Inconfidência. Membro da Academia Brasileira de Defesa.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".