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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A mentira do consultor de araque rasga a fantasia do traficante de influência

AUGUSTO NUNES
12/12/2011 às 20:22 \ Direto ao Ponto

Desde que a procissão indecorosa começou, os pecadores pendurados nos andores não se limitam a jurar inocência amparados em álibis mais fantasiosos que discurso de Dilma Rousseff: para confundir a plateia, também culpam meio mundo. Algum assessor trapalhão, a mídia golpista, a oposição demotucana, a elite reacionária, o fogo amigo, adversários impiedosos, inimigos do povo em geral e, em particular, loiros de olhos azuis ─ a lista dos culpados cresceu tão espetacularmente que, até o fim de semana, só estavam fora a CIA e FHC. Depois da entrevista de Fernando Pimentel publicada pela Folha neste sábado, falta apenas a sigla americana. Fernando Henrique Cardoso entrou na relação dos acusados no meio da amistosa conversa entre o jornalista Fernando Rodrigues e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Para provar que o que andou fazendo em 2009 e 2010 é a mesma coisa que o ex-presidente faz, Pimentel revelou o que ouviu há dias do amigo e cliente Robson Andrade, que contratou seus serviços de “consultor” quando comandava a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. “O Robson me deu um exemplo interessante de 2010, quando estava na Fiemg”, começou a história contada pelo atual presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Esteve lá o Fernando Henrique. Passou a manhã, conversou, tomou café, não me lembro se almoçou. Cobrou oitenta mil reais pela conversa, pela consultoria. E foi pago”.

Até as máquinas de café das redações sabem que FHC nunca exerceu o ofício que transformou José Dirceu em milionário, enriqueceu Antonio Palocci e, depois de garantir-lhe a boa vida, ameaça tirar o emprego de Pimentel. (Garotas de programa se apresentam como “manequim e modelo”. Figurões do PT que caem na vida de traficantes de influência se disfarçam de “consultores”). Como o entrevistador não se espantou com a enormidade, o conto do vigário foi em frente: “O Larry Summers esteve lá outro dia, acho que foi na CNI, e cobrou 150 mil dólares para ficar um dia lá”. Para o ex-prefeito, tanto o ex-presidente da República quanto o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos são meros colegas de ofício. E não tem motivos para invejá-los: para apressar a falência de uma fábrica de refrigerantes pernambucana, por exemplo, Pimentel ganhou o dobro do que teria recebido FHC para melhorar a cabeça do empresariado mineiro.

Papo de 171, cortou nesta segunda-feira o ex-presidente com um esclarecimento publicado pela jornalista Renata Lo Prete, da Folha, na nota de abertura da seção Painel. “Eu cobro por palestras”, corrigiu FHC. “Não recebi da Fiemg o referido montante nem qualquer outra remuneração, pois não fiz palestras lá. Devem ter-se enganado de pessoa”. À comparação fraudulenta, portanto, Pimentel havia adicionado uma mentira deslavada. Dessa fusão, paradoxalmente, resultou a verdade que desmoralizou a farsa: ao comparar-se a Fernando Henrique e Larry Summers, o “consultor” Pimentel confessou que não fez nada parecido com o que se chama de consultoria. Não produziu documentos, não redigiu análises, não fez sugestões por escrito, não escreveu uma escassa e mísera linha. Só conversou sobre negócios em curso ou em gestação. Conversou com os clientes e sabe Deus com quem mais.

Deus e Robson Andrade, berram as justificativas esboçadas pelo empresário e amigo para o contrato que permitiu a Pimentel embolsar R$ 1 milhão da Fiemg. “Quanto vale um dia de conversa com uma pessoa que tem um conhecimento estratégico sobre como trabalhar com o governo, discutir ações tributárias, ações de crescimento nas indústrias, de desenvolvimento?”, perguntou e respondeu o ex-presidente da Fiemg. O problema é que esse Pimentel familiarizado com as catacumbas federais só surgiu mais de um ano depois, quando virou ministro. Em 2009, era mais um ex-prefeito, com um currículo que Nelson Rodrigues acharia árido como três desertos. Pois conseguiu subtrair da Fiemg o equivalente a 13 palestras de Fernando Henrique e sete de Larry Summers. Ou cinco apresentações de Lula.

O Pimentel palestrante jamais valeu mais que R$ 10 por hora. Ganhou um dinheirão para fazer outra coisa ─ em 2009 e sobretudo depois de janeiro de 2011. Poderia ter até cobrado bem mais. Nunca será caro um traficante de influência que faça direito o serviço encomendado.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".