SEGUNDA-FEIRA, 5 DE JULHO DE 2010
Por Arlindo Montenegro
Comentando o escrito sobre o "Socialismo do século XXI", um leitor começa dizendo que "A liberdade não existe, é uma invenção". Diz mais, que "é hipocrisia dizer que o socialismo é esse bicho papão pintado aí." E continua grafando que não existe diferença entre os países socialistas e os que não o são. É chocante deparar-se com um opinião resultante da nova educação que anula a possibilidade de um diálogo saudável, racional.
A liberdade de pensamento nos permite lidar com semelhantes psicopatas, que Olavo de Carvalho distingue dos imbecís coletivos que somos todos, consumidores e repetidores de informações torcidas, viciadas, enganadoras, que incapacitam a sanidade mental e o mergulho no auto conhecimento, menos ainda a busca dos significados superiores da vida.
O interior de uma pessoa abriga mais que o mundo exterior. Neste espaço essencial a liberdade existe! Integral, intocada, possibilitando escolhas e resistindo a todas as prisões, barreiras, dificuldades, direitas, esquerdas, centros e todos os vôos do pensamento sem fronteiras. Governantes democratas e totalitários, tiranos e populistas empregam abusivamente o termo liberdade, atribuindo-lhe significados oportunistas, para restringí-la na prática.
Podemos percebê-la em cada ato, em cada omissão, expondo a consciência e os valores de cada um diante de eventos específicos, ações corajosas ou covardes. Cada um é livre para respeitar ou ignorar as leis demonstrando o nível cultural, o reconhecimento do outro e o respeito, compartilhando ou não o riso ou o momento doloroso.
Os que acreditam, valorizam e consideram o cérebro, as ligações neuronais apenas como instrumentos funcionais e materiais, certamente desprezam este senso de liberdade, que faz com que outros prossigam na busca da organização pessoal que dá sentido e objetivo à vida. Estes outros, veneram o mistério insondável e percebem a presença daquele que Campbell designou "o inominável". Atentam para os milagres cotidianos da ligação entre o espírito e a matéria. Prezam a liberdade como atributo essencial do espírito. Esta liberdada existe sim!
No contato com o mundo exterior, as limitações são muitas e de natureza diversa. No estado comunista ou socialista, inspirado na teroria e práticas de Marx, Engels, Lenin, Stalin, Trotsky, Mao, Pol Pot, Castro, o "bicho papão" é também aterrorizador. Nos dias atuais temos provas e documentação suficiente para entender que a "direitona" ou a "esquerdona", se manifestam na vontade dos homens no poder.
Em todos os estados totalitários, a violência e a restrição da liberdade foi exarcebada. Ainda o é. Dizem-no as notícias sobre a Cuba dos Castro e os ensaios venezuelanos. Homens que restringem a liberdade, tanto quanto fazem os coreanos do norte, impondo regras que impedem os movimentos, a manifestação do pensamento, as práticas religiosas.
Estes desprezam os movimentos naturais da vida ferem e matam. Podem ser identificados nas hostes do poder da "esquerdona". Estes são hipócritas quando, no exemplo mais simples que vivenciamos atualmente, definem os direitos humanos como atributos de minorias, negando-o às maiorias silenciosas que se impõem, por medo, por religiosidade, por impossibilidade.
Aqui é impactuante o choque cultural e se manifesta a incongruência entre os que dividem os humanos, marcando como bois e negando direitos que contrariam toda cultura trdicional. Erich Fromm já referiu "o medo à liberdade" que caracteriza os que se recusam a assumir responsabilides adultas: o medo à liberdade de decidir, escolher, agir.
No espaço material, os cientistas em seus ambientes de estudo, exercitam a liberdade de pensamento e experimentação além mesmo das barreiras imaginadas pelo homem comum. Aí está presente o mais alto grau de liberdade para as buscas no espaço infinito, inesgotável, onde cada resposta traz solução imediata ou abre novos horizontes de pesquisa, dúvidas que logo vão ser ultrapassadas sucessivamente.
Mas nada disso adianta dizer, falar, escrever ou documentar, para quem sente e expressa num poema: - "Corpo e alma na prisão/ A liberdade é invenção" – sintetizando a percepção do apego material, da história pessoal retratada em objetos colecionados. Na prisão física, a alma livre pode voar, viajar, mantendo o equilíbrio psíquico. O mesmo parece inviável na prisão psíquica. É a diferença entre os individualistas que respeitam as leis naturais e percebem a essência transcendente no humano e os coletivistas/materialistas, cujas referências são todas exteriores.
Os coletivistas negam a existência da liberdade ou a confundem com o pensamento anárquico dos que pensam e agem de modo radical, sem ter a oportunidade de experimentar os equilíbrios que a disciplina do conhecimento, a razão e o senso de justiça impõem. Desconhecem a ética e agem com a irresponsabilidade infantil e o cinismo dos déspotas.
Os condicionamentos legais, os ambientes violentos, a propaganda científica, como aquela que os comunistas praticaram e ficou conhecida como "lavagem cerebral", tem aprisionado a mente das pessoas. Crianças, jovens e adultos são vitimas. A "moda" e os "modismos" agem como cadeias físicas e mentais, sacrificando a liberdade de escolha racional para o bem estar. As idéias revolucionárias implantadas, impedem a convivência harmoniosa entre pais e filhos, desestruturam a família. A mente assim condicionada facilita a restrição da liberdade pelo estado.
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