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quinta-feira, 17 de junho de 2010

Imprimir este artigo Os índios americanos realmente eram ambientalistas?

INSTITUTO LUDWIG VON MISES BRASIL

por , sexta-feira, 18 de abril de 2008


Indio americano.jpgA história tradicional é familiar aos alunos: Os índios americanos possuíam uma profunda afinidade espiritual com a natureza e eram surpreendentemente cuidadosos com o bem estar ambiental.
Segundo um livro popular publicado pelo Instituto Smithsonian em 1991, "A América-pré-colombiana era ainda o Éden original, um imaculado reino natural. Os nativos passavam desapercebidos na paisagem, vivendo como elementos naturais da ecoesféra. Seu mundo, o Novo Mundo de Colombo, era um mundo onde as intervenções humanas eram quase imperceptíveis". 

Esta lição nada sutíl tenta nos ensinar que, se queremos prevenir uma catástrofe ambiental, nós temos que retomar a sabedoria indígena perdida. 

Como sempre, a história real é mais complicada, menos caricaturizável e muito mais interessante. 
Em seu livro de 1992 Earth in the Balance, o então senador Al Gore citou um discurso do século XIX do Chefe Seattle, patriarca dos índios Duwamish e Suquamishde Puget Sound, como evidência da preocupação dos índios com a natureza. Este discurso, que fala de absolutamente tudo no mundo natural, incluindo todos os insetos e folhas, como sendo sagrados para Seattle e seu povo, foi feito para ajudar na concretização da imagem que representa os índios americanos como os primeiros ambientalistas. 

O problema para Gore é que esta versão do discurso que ele cita é uma invenção, escrita no começo da década de 70 pelo roteirista Ted Perry. (Perry, diga-se a seu favor, tentou sem sucesso revelar publicamente que ele inventou o discurso). Mesmo assim, sua influência foi suficiente para sua obra se tornar à base de "Brother Eagle, Sister Sky", um livro infantil que alcançou a quinta posição na lista de livros mais vendidos do New York Times em 1992. 

Versões anteriores do discurso, também citadas pelos ambientalistas, são duvidosas por razões intrínsecas.  Mas especialistas dizem que a intenção do Chefe Seattle é clara, e que ele não estava dizendo que "todas as coisas", perceptíveis e não-perceptíveis, eram "sagradas" para seu povo, ou que toda a terra em todo lugar tinha um mesmo apelo afetivo para eles. "O discurso de Seattle foi feito como sendo uma parte de um argumento pelo direito do povo Suquamish e Duamish de continuar a visitar seus locais de sepultamento tradicionais após a venda dessas terras a colonos brancos," explica William Abruzzi do Colégio Muhlenburg. "Esta terra específica era sagrada para Seattle e seu povo porque seus ancestrais estavam enterrados ali, e não porque terra, como um conceito abstrato, era sagrada para todos os índios". Escrevendo no American Indian Quartely, Denise Low explica do mesmo modo que "a pródiga descrição da natureza é secundária" para o propósito do argumento do Chefe Seattle, e que ele estava dizendo apenas que "terra é sagrada por causa de ligações religiosas com os ancestrais." 

Ambientalistas que têm cultivado o mito do índio ambiental que manteve seu ambiente em condição primorosamente imaculada por causa de uma devoção profundamente espiritual com o mundo natural, o fizeram não por algum interesse particular nos índios americanos, nas variações entre eles ou em seus reais registros de interações com o ambiente. Ao invés disso, a intenção é exibir o índio ambientalista para propósitos de propaganda e usá-lo como um contraponto à sociedade industrial. 

O verdadeiro registro da relação dos índios com o meio-ambiente era variado, e eu dou os detalhes no meu novo livro, "33 Questions About American History You're Not Supposed to Ask" (33 Questões Sobre a História Americana Que Você não Deveria Perguntar). Entre outras coisas, eles aplicavam um método de agricultura que consistia em "talhar e queimar", destruíam florestas e pastos e eliminavam populações inteiras de animais (pois acreditavam na hipótese que os animais abatidos numa caçada seriam ressuscitados em quantidades maiores ainda). 

Por outro lado, os índios freqüentemente tiveram sucesso em ser bons administradores do ambiente - mas não da maneira que as pessoas geralmente supõem. 

Apesar de ouvirmos com freqüência que os índios não sabiam nada sobre propriedade privada, suas reais visões sobre propriedade variaram através do tempo, local e tribo. Quando terra e caça eram abundantes, não é de se surpreender que as pessoas empregavam pouco esforço em definir e fazer cumprir direitos de propriedade. Mas quando essas coisas se tornavam mais escassas, os índios reconheciam o valor de se determinar direitos de propriedade em (por exemplo) caça e pesca. 
33Questions.jpg
Em outras palavras, os índios americanos eram seres humanos que respondiam aos incentivos que encontravam, e não bonecos de cartolina para serem explorados por ambientalistas ou qualquer outro programa político. 

Em algumas tribos, eram designadas áreas exclusivas de caça às famílias e aos grupos baseados em clãs, o que significava que eles tinham um interesse pessoal na preservação, i.e., em não caçar excessivamente e em certificar-se que animais suficientes restariam para se reproduzir para os anos futuros. Deste modo eles tinham um incentivo para não permitir que pessoas de outras famílias e clãs caçassem em suas terras. No noroeste da costa do Pacífico, índios determinaram direitos exclusivos de pesca que concediam um tipo similar de administração: ao invés de pescar todo o salmão, alguns eram deixados para trás, com um olho no futuro. Brancos que depois estabeleceram controle sobre os recursos de salmão, infelizmente negligenciaram esta importante lição indígena. 

Nem os próprios índios se lembraram sempre desta lição. Considere os Arapahoes e Shoshones da Reserva Wind River no Wyoming, que recentemente (e com a ajuda de jipes e rifles poderosos) exterminaram completamente populações animais . O que teria acontecido com sua profunda afinidade espiritual com a natureza? 

De fato, este é o resultado previsível de se dizer que a vida selvagem pertence a todos. Não há incentivo para manter estoques para o futuro, já que qualquer coisa que poderia ser preservada será simplesmente morta por alguma outra pessoa. Sem direitos de propriedade sobre a caça, não há maneiras (e nem incentivos) de alguém prevenir tal comportamento predatório de curto prazo. É por isso que as tribos indígenas estabeleciam estes direitos exclusivos - este era o melhor modo de preservar espécies animais e precaver-se para o futuro. 

Digam, esta sabedoria indígena não merece ser repetida?

Tradução de Fernando Fiori Chiocca
Thomas Woods 
é um membro sênior do Mises Institute, especialista em história americana.  É o autor de nove livros, incluindo os bestsellers da lista do New York Times The Politically Incorrect Guide to American History e, mais recentemente, Meltdown: A Free-Market Look at Why the Stock Market Collapsed, the Economy Tanked, and Government Bailouts Will Make Things Worse. Dentre seus outros livros de sucesso, destacam-se Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental (leia um capítulo aqui), 33 Questions About American History You're Not Supposed to Ask e The Church and the Market: A Catholic Defense of the Free Economy (primeiro lugar no 2006 Templeton Enterprise Awards). Visite seu novo website.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".