Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

PARA INGLÊS VER


12/06/2010

Quem escreve este artigo gosta de futebol, é torcedor do Internacional (cada um com os seus problemas, não é mesmo?), vibra com a seleção brasileira e estará na frente da "telinha" (já nem tão telinha assim, admita-se) em todas as partidas da Copa que puder assistir. Portanto, não me acusem de abordar este tema na mesma perspectiva de quem seja contra desfile de escola de samba porque não gosta de samba nem de desfile. Não é o meu caso. Não sou contra a Copa do Mundo. Sou contra a realização da Copa do Mundo na África do Sul. E no Brasil.

"Let it be!". Pois que seja, respondeu o bispo anglicano Desmond Tutu, meses atrás, quando lhe perguntaram se a dezena de estádios caríssimos que seu país estava construindo para acolher os jogos não iria redundar numa manada de "white elephants", que se tornaria, logo ali adiante, objeto da mais infrutuosa apreciação. A pergunta fazia todo sentido e a resposta do bispo é a cara do Terceiro Mundo. Let it be! A FIFA impõe aos países eleitos para acolher seu empreendimento exigências que só se cumprem despejando bilhões de dólares nas betoneiras das construtoras e nos altos fornos das siderúrgicas. Se fosse bom negócio, não faltariam empreendedores interessados em bancar a festa porque sobra no mundo dinheiro com tesão para o crescei e multiplicai-vos. O evento da FIFA, no entanto, precisa dos governos em virtude da insaciável atração que essas instituições têm por negócios que fecham no vermelho. A entidade promotora reserva-se o filé: os direitos de transmissão e os patrocínios oficiais, que negocia e protege com todo rigor. Na África do Sul chegou a processar uma fabriqueta de pirulitos que envolveu o sofisticado produto num papel onde se via uma bola de futebol, a bandeira do país e o número 2010.

Nada contra a FIFA, porém. Ela tem todo o direito de zelar pelos seus interesses e o futebol mundial precisa da entidade. Meu problema é com os países pobres que se oferecem de pato a ganso para sediar o principal evento do futebol mundial. E jogam bilhões e bilhões de dólares na fogueira das vaidades nacionais, no picadeiro do circo, em busca de uma vitrina tão iluminada quanto fugaz, para inglês ver. A África do Sul é um país com indicadores sociais aviltantes. Seu índice de mortalidade infantil consegue ser o dobro do brasileiro. A expectativa de vida não chega a 50 anos. E está custeando um dos dois mais onerosos shows do planeta para que eu assista em casa, de graça, com todos os requintes da mídia eletrônica. Bom para mim, mas não tão bom assim para os sul-africanos.

Ao ver as muitas matérias sobre a África do Sul (parecida com nosso país em tantos aspectos!) veio-me à mente a situação dos que vivem da aparência, ostentam o que não podem custear e trocam minutos de aprovação social pela rotina das ações de cobrança. "Casaco de veludo e fundilhos de fora", dizia-se lá na minha Fronteira.

Construam-se os Coliseus. Venha o circo. E mande-se a imensa conta para os pobres e deserdados, através dos muitos caminhos inventados pelos peritos na velha arte de lhes transferir tais custos mediante impostos caros e serviços deficientes.


* Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezena de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia. 

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".