A escola um dia foi assim: grandes mestres, alunos aplicados, imbuídos de um sentimento de profundo respeito, não só pelos mestres, mas pela escola e pelo próximo. Até que um dia um psicólogo resolveu dizer que aquilo tudo era “educação repressora”.
TERÇA-FEIRA, 15 DE JUNHO DE 2010
Buscar a Sabedoria é como percorrer uma estrada rumo ao infinito. Nunca chegamos ao destino, mas nos moldamos e crescemos em espírito com as maravilhas do caminho.
Nosso guia nessa busca é o professor. Um grande mestre é aquele que, por nos mostrar que também é um caminhante, que está junto a nós, apenas um pouco à frente, nos ensina a aprender, participa conosco da mesma procura mostrando-nos o trecho que já percorreu partindo do mesmo ponto de onde partimos.
Mostra-nos, através dos números, das letras, das contas, das palavras, das ciências, os obstáculos que já transpôs e que estão à nossa frente.
Os grandes mestres da história estavam junto com seus discípulos, mostrando-lhes os trechos difíceis da estrada, mas sobretudo mostrando-lhes que também era um caminhante. Por isso Sócrates e Jesus Cristo, para citar dois nomes conhecidos de todos, foram grandes mestres e tiveram discípulos brilhantes com Platão e Aristóteles, Pedro e Paulo.
Doutor Romero Barbosa foi meu professor de História no antigo “Gymnásio do Estado”, o Otoniel Mota de Ribeirão Preto. Tinha uma maneira peculiar de nos falar sobre os fatos da História do Mundo, contando-os como se fossem contos de fadas e partindo de detalhes inesperados. Os títulos dos pontos eram mudados de propósito.
Por exemplo, quando nos falou da queda de Constantinopla e do Império Romano do Oriente, o título era: “A Igreja de Santa Sofia”. Em suas aulas, o silêncio era até maior que nas outras todas, porque todos nós estávamos tão concentrados, tão maravilhados com aquelas histórias que o tempo passava como um raio e ficávamos todos ansiosos pela próxima aula.
No entanto, Doutor Romero não era professor de formação. Era advogado, um advogado brilhante em sua real profissão, e apenas substituía o nosso professor titular, afastado por problemas de saúde.
A escola um dia foi assim: grandes mestres, alunos aplicados, imbuídos de um sentimento de profundo respeito, não só pelos mestres, mas pela escola e pelo próximo.
Até que um dia um psicólogo resolveu dizer que aquilo tudo era “educação repressora”. Que a escola que já havia formado uma Machado de Assis, um Euclydes da Cunha, um Villa Lobos, um Tom Jobim, um Sobral Pinto, um Olavo de Carvalho e tantas outra mentes brilhantes brasileiras era “educação repressora” e passaram para a destruição de tudo que havia de real valor na formação dos brasileiros. Psicólogos e Assistentes Sociais começaram a pintar a escola de vermelho.
A minha geração, e talvez mais uma ou duas após, ainda escapou, com alguns arranhões talvez, à tempestade que sobreveio com a “reforma do ensino”. Sofremos, na juventude, a tentativa de sedução castrista e guevarista, e até alguns sucumbiram à tentação, porém ainda conservávamos alguns princípios fundamentais que nos ajudaram a manter um mínimo de lucidez. E eu sinto muito pelos seduzidos ao tempo em que agradeço a Deus por poder avaliar, ainda que tarde, a extensão do desastre que o vírus comunista impôs, não só à escola, mas ao país todo.
Vieram eles travestidos, mascarados com palavras atenuantes como “operários”, ‘trabalhadores”, socialistas, sociais democratas, porém chamo-os a todos pelo nome que tentam esconder: comunistas, na falta de uma palavra mais horrível.
Se hoje temos crianças que chegam completamente analfabetas à quarta série do ensino fundamental, se temos as mais baixas avaliações em nível mundial, se nos cansamos de ver escolas com os muros pichados, se nos aterrorizamos ante o pandemônio que ouvimos em horários de aulas, se vemos professores e pais vítimas de agressões de todos os tipos, se temos uma adolescência e juventude contaminadas pelas drogas, devemos tudo isso aos “bem intencionados” combatentes da “educação repressora”, aos comunistas.
E hoje eles estão no poder e, qualquer que seja o resultado das eleições de outubro, continuarão por, pelo menos, mais quatro anos.
Temos remédio?
Só Deus sabe.
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