Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O BRASIL, O IRÃ, O ANTIIMPERIALISMO, A CAMISETA DA SELEÇÃO E OS INDECENTES

REINALDO AZEVEDO
quarta-feira, 14 de abril de 2010 | 19:00

Patético, e nisso não há nenhuma novidade, o papel desempenhado pelo Brasil na Cúpula de Segurança Nuclear de Washington, convocada e estrelada pelo presidente dos EUA, Barack Obama. Mais uma vez, lá estava o Brasil apegado a seu monotema: defender o diálogo com quem não quer dialogar — no caso, o governo do Irã. Fora da agenda, Lula e o primeiro-ministro da Turquia, Recep Erdogan, mantiveram um encontro de 15 minutos com Obama. O objetivo era convencer o presidente americano da desnecessidade das sanções, aquela conversa de sempre. Obama deve ter ouvido tudo atentamente e deu de ombros. Respondeu o óbvio: sanções fazem parte do processo de negociação. E está certo, não é? Não se trata de uma declaração de guerra.
Observem: o Brasil restou como o único país de alguma relevância a se opor severamente às sanções. Mais do que isso: tornou-se mesmo um militante da causa iraniana. E as coisas vão assumindo, nesse tema, um contorno cada vez mais suspeito. Já trato disso. A China não aderiu ainda à proposta, mas aceita conversar a respeito e já deixou claro que rejeita o comportamento do governo do Irã, o que o Brasil não fez. Ao contrário: Lula e o Itamaraty se tornaram porta-vozes de Mahmoud Ahmadinejad no mundo. O Brasil se fez um fiador da “verdade” iraniana: seu programa nuclear tem fins pacíficos.  Ahmadinejad e  os aiatolás só não aceitam a inspeção da Agência Internacional de Energia Atômica por uma questão de soberania… Sei!

O Brasil não deve ter entendido direito o caráter da cúpula proposta e realizada por Obama. Ou até entendeu e, por isso mesmo, fez declarações um tanto hostis à iniciativa. Vamos ver.

Quando o presidente americano e o  russo, Dmitri Medvedev, anunciaram a redução do arsenal nuclear, Lula tratou a coisa com menoscabo: segundo ele, tratava-se apenas da desativação de armamento obsoleto. E voltou a sugerir que países com armas nucleares deveriam dar o exemplo e destruir seu arsenal — só assim poderiam exigir igual comportamento dos outros.

O que há de histórica e moralmente delinqüente num raciocínio como esse, que não é só de Lula, não (aliás, originalmente, não é dele), mas do antiamericanismo que hoje pauta a política do Itamaraty? Duas coisas essenciais:

1)
 há uma diferença entre o armamento nuclear para dissuasão e para ataque; sei: isso não faz diferença para o PT;

2)
 NÃO há diferença entre o tipo de civilização, A CIVILIZAÇÃO POLÍTICA, que as armas nucleares americanas ajudaram a preservar e aquela que o Irã gostaria de destruir; mas isso também não faz diferença para o PT.

Qual o sentido, então, da iniciativa de Obama — e, desta feita, cá estou eu a aplaudir o presidente dos EUA, o que não costuma acontecer? Está buscando respaldo político e moral para o que está sendo dado como muito provável: o confronto com o Irã. Qual confronto? No limite, pode ser a guerra se o país insistir na rota tresloucada em que está. Notem: as sanções não são o primeiro passo rumo ao pior; elas são, por enquanto, uma alternativa. Trata-se de um sinal de que o equilíbrio dado no mundo rejeita um comportamento como o iraniano.

O governo brasileiro entrou nessa história com uma linguagem velha, com aspirações que já classifiquei aqui de “subimperialistas”, tentando se colocar como um ator global que se encontra no pólo oposto aos EUA, condição que, por razões ou geopolíticas ou comerciais, Rússia, China ou União Européia rejeitam. Um grande amigo meu acaba de voltar da China. É um grande empresário — e também um visionário. Está impressionado com o que viu: o equilíbrio “perfeito” — e maldito para a civilização, digo eu — entre tirania e tino para os negócios. Haverá o tempo, talvez não seja o caso de estarmos vivos, em que aquele “império” vai se confrontar com a civilização da democracia. Espertos, os chineses acham que ainda não é a hora.

Mas o Brasil de Lula, pelo visto, acha que já é chegado o tempo. Daí essa insistência, reitero, em se opor às sanções. Não só isso. O governo foi mais longe: tornou-se um advogado do Irã. Há dias, contra as evidências, o presidente afirmou que Ahmadinejad não pode ser tratado “como um terrorista”. Não? O Irã financia hoje o terror no Iraque, nos territórios palestinos e no Líbano. E promete “varrer Israel do mapa”.

Numa loucura que pode ser método — e começo a voltar, como o prometido, ao segundo parágrafo —, enviou uma missão comercial ao Irã enquanto o mundo, na prática, debatia formas de conter a ação de países como o… Irã!!! Miguel Jorge, ministro da Indústria e Comércio (tenho minhas dúvidas se sua biografia precisava disso), liderou um grupo de 80 empresas, que preferem manter seus respectivos nomes em sigilo (por quê?),  para intensificar as relações comerciais com aquele país, com abertura de linha especial de crédito. Como isso tudo parecia pouco, o ministro posou (Emir Sader escreveria “pousou”) para as fotos presenteando Ahmadinejad, o negador do holocausto judeu e que condena à forca os que se opõem a seu governo, com uma camiseta da Seleção Brasileira. Para todos os feitos simbólicos, trata-se de uma condecoração.

Nestes quase oito anos de governo Lula, a política externa brasileira não rejeitou as piores ignomínias porque haveria um objetivo estratégico: um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Flertou-se, nesse tempo, com as ditaduras mais odientas; cada voto do Brasil nos fóruns multilaterais deixou de lado qualquer princípio para angariar apoio a seu pleito. Pois bem: esse alinhamento incondicional com o Irã afasta o Brasil daquele propósito. Por que, então, de súbito, o país passa a atuar contra o que foi, durante um tempo, uma obsessão?

Não sei! Sei, aí sim, que isso cheira muito mal. Creio que um dia virá à tona uma história de contornos escabrosos. O tempo dirá. Encerro lembrando que o debate na intimidade do governo é de tal sorte destrambelhado que José Alencar, vice-presidente, chegou a dizer que o programa nuclear iraniano pode até ter como objetivo a bomba. Para ele, tudo bem. Segundo Alencar, arma nuclear também pode servir à paz desde que se preste à dissuasão. Não pensa isso sozinho, não. Está vocalizando uma cultura interna.

Alencar e todo o governo Lula fazem de conta que o mal ou o bem estão (a concordância está correta, antes que reajam)  na bomba em si, não nos valores que guardam essa bomba.

Como diria Lula, eu “estou convencido de que” estamos diante de uma política externa de primitivos morais. Não havendo nenhuma razão inconfessável para o alinhamento incondicional com o Irã (e isso seria coisa de indecentes), restam as razões confessáveis. E também elas são coisa de indecentes.

2 comentários:

metafisica na privada disse...

foi um" erro de tradução "o presidente do Irâ nunca disse varrer Israel do mapa,mas concordo que o Luiz Inácio está se achando.fora isso você viaja na maionese ou é um
desinformador

Cavaleiro do Templo disse...

Metafisica na privada, aprende PRIMEIRO a escrever, ok? Você é semi-analfabeto.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".