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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Sowell e os Republicano em duas partes, um post



Sowell e os Republicanos – Parte I


Thomas Sowell: analisando de forma lúcida e ponderada os temas mais importantes do momento nos Estados Unidos

Oleitor do Mídia@Mais tem tido o privilégio de contar com as análises de Thomas Sowell sobre a política, economia e cultura do país mais poderoso do mundo. Num estilo que alia a clareza a uma virtuosa economia de palavras, Sowell é um verdadeiro mestre: explica, critica, desmistifica e instrui. Seus artigos e livros são de uma franqueza e objetividade desconcertantes. Seu penúltimo livro, publicado em 2009, The Housing Boom and Bust, não deixa pedra sobre pedra quanto aos responsáveis pela crise financeira mundial decorrente da implosão da bolha de crédito imobiliário nos Estados Unidos.

Sowell apresenta os fatos que apontam os culpados: governos, burocratas, políticos (Democratas e Republicanos), bancos, corretoras de títulos, ONGS ambientalistas, mas também os tomadores de empréstimos - os mutuários-, como dizemos aqui no Brasil. Ninguém escapa, pois todos contribuíram com variadas doses de insensatez, arrogância, interesses financeiros e políticos imediatistas, ou até escusos, e também altas doses da mais pura e simples estupidez. Toda essa irracionalidade exuberante, para usar expressão cunhada por um ex-presidente do Federal Reserve, parece começar em 1993, com Bill Clinton e sua equipe de “aloprados”, que forçaram os bancos a rebaixar radicalmente os padrões de concessão de crédito, com o nobre propósito de oferecer “moradia justa” ao povo. Havia problemas de supervalorização de imóveis em algumas áreas do país – bastante restritas, aliás -, especialmente na região costeira da Califórnia, um problema local gerado por novas e absurdas leis de zoneamento urbano, algumas delas paridas por pressão de grupos ambientalistas defensores da idéia do “open space”, isto é, espaço aberto para as suas mansões à beira-mar ou nas colinas e que geraram uma enorme e artificial pressão sobre os preços de áreas edificáveis.


O problema dessa supervalorização – mas não o da sua causa - logo chamou a atenção dos políticos em Washington, e problemas são realmente a sua especialidade: logo transformaram problemas localizados numa “causa” nacional. Numa analogia imperfeita, imagine uma nova e absurdamente restritiva lei de zoneamento para a Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, transformada em assunto de debate e em legislação federal pela zelosa ação de senadores e deputados de Roraima ao Rio Grande do Sul. Tudo em nome da “moradia justa para todos”, é claro. Seguindo esse raciocínio analógico, o feliz povo deQuixeramobim, no Ceará, seria “ajudado” a superar um problema que ainda não tinha, em mais um exemplo de socialização ampla, geral e irrestrita.

Mas se os bancos e cooperativas de crédito imobiliário dos EUA chiaram de início, foram compensados pela liberalização das regras de abertura de novas agências em outros estados [1], autorização de fusão e aquisição de outros bancos. Essas instituições financeiras também logo encontraram meios muito criativos de transferir e diluir os riscos através da emissão de títulos negociáveis, lastreados nessa imensa e crescente dívida; títulos que foram comprados por outros bancos, por fundos de investimento e por indivíduos quase que no mundo todo. Diante de uma aparentemente infindável expansão do mercado, muitos dos tomadores de empréstimos imobiliários (as hipotecas, ou mortgages) passaram a agir como investidores imobiliários amadores, comprando imóveis financiados com a certeza de que os venderiam com bom lucro, investindo o resultado em outras hipotecas, ainda maiores. Importante também foi o fator ignorância, pois muitos mutuários literalmente não sabiam o que estava nos contratos que assinavam; p.ex.: com o crédito artificialmente fácil (a ciranda financeira provia os recursos captados no mundo todo), muitos contratos não exigiam nem sequer um dólar de entrada, ofereciam carência de dois ou três anos até o início do pagamento do principal da dívida assumida, destinando esses primeiros anos ao pagamento parcelado somente dos juros, criando uma ilusão de facilidade e conforto. Sowell vê essa imprevidência como resultado de um longo processo de dumbing down, de estupidificação da sociedade americana. De fato, esse problema talvez seja a maior preocupação do autor.

O auge dessa expansão se deu em 2005, quando Sowell e alguns outros economistas já estavam cansados de alertar sobre o fim da linha, ou ainda, sobre o inevitável estouro da bolha imobiliária. Em 2006, o Presidente Bush (Republicano), até tentou reverter essa situação, mas quando já não mais dispunha de maioria no Congresso; de fato, Bush perdeu muito tempo tentando agradar aos Democratas, mesmo quando ainda tinha a maioria. A crise finalmente se instalou em 2008, e essa, em grande medida facilitou a ascensão e a vitória de Obama, com a indefectível promessa de “esperança e mudança”, traduzida em mais e mais intervenção estatal na economia, temperada com muito discurso grandiloquente.

Passado um ano de governo Obama, veio o desencanto. Se nem só de pão vive o homem, muito menos só de discurso. Sua popularidade e a dos Democratas caíram vertiginosamente. Nova Jersey e Virgínia, estados que deram ampla margem a Obama em 2008, elegeram governadores Republicanos em 2009. Analistas mais apressados começaram a prognosticar: “Agora é a vez dos Republicanos...”, como se isso fosse uma inevitabilidade, que Sowell, em tom mordaz, compara à crença de torcedores que viram seu time perder dois pênaltis consecutivos e diante da marcação do terceiro, estão convencidos de que “agora vai!”.

Porém, um fato importante é pouco lembrado: de 1994 a 2006, os Republicanos tiveram maioria na Câmara e no Senado; durante doze anos, seis no período Clinton, seis no período Bush, desfrutaram de ampla maioria, mas praticamente nada fizeram para alterar ou reverter aquilo que já se anunciava como um desastre. Jogaram mal, perderam gols e se acomodaram na retranca, anestesiados pela fantasia generalizada de vitalidade econômica via expansão de consumo com base em crédito perigosa e artificialmente fácil. Enquanto é verdade que vários setores da economia cresciam de forma sólida e saudável, o câncer da bolha avançava sobre os setores saudáveis. Some-se a isso a guerra no Iraque, inicialmente apoiada até mesmo pelos próceres Democratas e inegavelmente um êxito no campo estritamente militar,mas que logo se transformou em munição pesada e muito habilmente usada pelos Democratas contra Bush e seus “companheiros” de partido, que perderam a guerra na mídia. O que pode explicar tanta inércia, inépcia, amadorismo, omissão ou conivência do GOP [2]?

No mesmo dia em que o Republicano Scott Brown surpreendeu a todos ao ser eleito senador por Massachusetts para a cadeira deixada vaga pela morte do ícone da esquerda Democrata, Ted Kennedy, Sowell publicava um artigo em quatro partes que questionava o prognóstico da inevitabilidade da reconquista Republicana. É aqui que a arguta análise de Thomas Sowell joga água na atual fervura do triunfalismo apressado dos Republicanos, colocando pingos em muitos “is”, e de lambuja, oferece valiosos insights de tática eleitoral e estratégia política geral; valiosos porque são calcados no bom senso e na observação atenta. E é aqui também que a sua análise seria muito útil aos apatetados políticos brasileiros que ainda não sabem (ou não querem) sair da armadilha do discurso hegemônico criado pela esquerda.

Antes de apresentar um breve resumo dessa análise e dos insights, aproveito para informar aos novos leitores e relembrar aos que já acompanham as colunas de Thomas Sowell sobre algumas coisas a respeito dele e de suas idéias: ele não é Republicano; já tendo declarado que: “A única razão [ou desculpa] para votar nos Republicanos são os Democratas”; ele é um crítico contundente do big government, ou, em outras palavras, é contrário à intervenção estatal na economia e na educação; é um crítico da administração Obama exatamente por isto e não por algum maniqueísmo que apresentaria a falsa equação da luta entre “mocinhos Republicanos” versus “bandidos Democratas”; ele é negro, mas se recusa a ser tratado como “afroamericano”, pois lhe basta ser um americano, na melhor expressão de igualdade diante da lei e das oportunidades que teve na vida.

Eis a primeira parte do resumo comentado da análise de Sowell, que em alguns pontos pode parecer óbvia, mas é justamente essa obviedade que tem sido ignorada, com consequências desastrosas:


- As pesquisas de opinião mostram que os eleitores estão ficando mais e mais cheios da administração Obama e da atuação do Congresso dominado pelos Democratas. Mas, quando chegar o dia das eleições [as mid term elections], quem votará não serão as pesquisas. Ainda é necessária a existência de um candidato que derrote seu oponente, e, portanto, a questão é se os Republicanos terão candidatos capazes de vencer. A responsabilidade dos Republicanos é ainda maior nessas eleições, uma vez que as políticas adotadas pela atual administração são, não apenas deficientes, mas perigosas, tanto domesticamente como no exterior. Um presidente que literalmente se curva diante de inimigos e de aliados incertos merece a confiança do povo americano?


- Apesar do consenso de que não há muita diferença entre Democratas e Republicanos quando estão no poder, restam diferenças que os Republicanos não têm sabido aproveitar. De fato, quando no poder os Republicanos agiram de maneira muito similar aos Democratas, autorizando gastos sempre crescentes, além das escandalosas dotações orçamentárias com fins eleitoreiros; o inverso não ocorre, isto é, os Democratas têm sido aquilo que são e há mais de 70 anos: defensores do big government, com tendência de acirramento.


- Uma das diferenças notáveis entre Republicanos e Democratas é que estes últimos são mais articulados. É verdade que é muito mais fácil vender a idéia do estado-babá, especialmente em períodos de crise. Mas se os Republicanos não fizerem as perguntas inconvenientes e nem se derem ao trabalho de explicar por que é errado esse assistencialismo governamental à la Papai Noel, então os Democratas podem começar a comemorar. De nada adianta ter um produto melhor se a sua equipe de vendedores não sabe ou não quer vendê-lo.


- Os Republicanos também falham na percepção de longo prazo quanto à importância da composição da burocracia federal. Quando os Democratas carregam a burocracia federal com esquerdistas [“liberals”, nos EUA], esses permanecem nos cargos durante as administrações Republicanas, e em muitos casos podem moldar a percepção da realidade que chega à mídia e ao público; são eles que produzem e apresentam os dados, contratam consultores e coordenam a distribuição de verbas. Dados sobre as diferenças de renda, por exemplo, são apresentados de uma maneira que sugere que as diferentes faixas de renda da população são imutáveis, ou ainda, que quem está numa faixa, lá fica por toda a vida, quando na verdade, outros estudos indicam que a vasta maioria das pessoas na faixa de mais baixa renda saem desta ao longo do tempo. Mais pessoas entre os 20% mais pobres acabam entre os 20% mais ricos do que aqueles que permanecem na faixa de menor renda. Ao escolher quais dados e como estes são apresentados, o Census Bureau [o IBGE americano] tornou-se, na prática, um órgão do Establishment da esquerda Democrata, mesmo quando Republicanos conservadores estão no controle do governo federal. Isso não é, necessariamente, sabotagem política deliberada, mas simplesmente esquerdistas pensando e agindo como esquerdistas. Durante anos, Robert Hector, da Heritage Foundation, vem demonstrando as falácias inferidas dos dados divulgados pelo Census Bureau. E ainda assim, quando os Republicanos controlaram o executivo federal por doze anos consecutivos, nem sequer tentaram indicar alguém como Rector para uma posição onde pudesse dar um fim à tendenciosidade das estatísticas que promovem conceitos errados e graves consequências políticas. Parece incrível, mas esse detalhe de “dormir com o inimigo” nunca foi observado pelos Republicanos. E o problema está sempre nos “detalhes”.


Amanhã (está logo abaixo), leia o restante da análise de Thomas Sowell sobre o desconhecimento do histórico do partido Republicano pelos seus próprios membros, o voto dos negros e como sair da armadilha do discurso esquerdista [“liberal”] dominante, sindicalismo, aborto e muito mais.


[1]
Nos Estados Unidos, e até então, os grandes bancos eram grandes pelos enormes ativos e se concentravam nas grandes cidades, especialmente em Nova York, Boston, Chicago e São Francisco, sem autorização de abertura de agências em outros estados, onde uma miríade de bancos pequenos (um, às vezes dois por cidade) eram a regra.


[2]
GOP – Grand Old Party é o apelido tradicional do Partido Republicano, que comparativamente, nem é tão “old”: foi fundado em 1854, muito depois do Partido Democrata, que à época era dominado por políticos de Nova York (Tammany Hall) e pelos escravocratas do Sul dos EUA; e isso desde 1789. O Partido Republicano era então o partido da “mudança” e abrigava também os abolicionistas do Norte dos EUA.


Sowell e os Republicanos – Final

Thomas Sowell: opiniões com precisão cirúrgica

Opouco que sei de macro e microeconomia aprendi com meu pai, um economista transformado em pequeno e atribulado empresário, mas também da leitura de alguns bons livros, notadamente aqueles de Ludwig von Mises (Human Action e The Theory of Money and Credit), da Escola Austríaca, onde conheci a Lei de Say: é a oferta que faz a demanda, ou seja, só há procura por algo que já existe e é ofertado, e nunca o inverso, a despeito dos pertinazes malabarismos verbais de Lord Keynes e de seus discípulos encastelados nas torres de marfim do “planejamento” estatal.


Sem nenhum demérito, Jean-Baptiste Say ( 1767-1832) e Adam Smith enunciaram aquilo que já era conhecido dos últimos escolásticos na Espanha do século XVI, dois séculos antes, portanto. Joseph Schumpeter escreveu: “Foram eles – os escolásticos- mais do que qualquer outro grupo, que chegaram mais perto de serem os fundadores da ciência econômica”. E a ciência econômica é o estudo da administração racional de recursos escassos.


Mas foi num livro de Thomas Sowell, Basic Economics, que encontrei a melhor e mais simples ilustração dessa definição: imagine um especialista em primeiros-socorros que, em pleno campo de batalha, precisa atender a cinco soldados feridos dispondo apenas de dois frascos de soro, um torniquete, gaze esterilizada, um pouco de morfina e uma única dose de penicilina. Um dos feridos grita desesperadamente, outro jaz quase imóvel. Se o tal especialista não for lá muito racional, mas muito “justo”, aplicará a morfina e a penicilina no angustiado que grita mais alto, e muito provavelmente ficará atrapalhado pensando se dá 1/5 do volume de soro disponível a cada um dos feridos enquanto decide se o torniquete é boa medida para todos. Nesse cenário, é bastante provável que o ferido silencioso morra, enquanto aquele que berrava o fazia justamente porque ainda tinha muita força e saúde para tanto. Genuinamente consternado pelas consequências trágicas daquilo que julga ser a simples falta de recursos iguais para todos, o nosso hipotético especialista continuará administrando mal o que tiver em mãos, mesmo que em abundância artificial, como vimos no caso da “moradia justa”, com crédito para todos.


No caso americano, se as práticas intervencionistas não são privilégio exclusivo dos Democratas, tampouco são só deles os méritos pelos verdadeiros avanços nas liberdades e direitos civis. Sowell continua:


• Há uma numero demasiado de Republicanos que nem sequer conhece a história do próprio partido. Uma consequência dolorosa dessa ignorância é aquela que faz com que os Republicanos ajam como se tivessem de se desculpar pelo histórico de sua atuação quanto aos direitos civis – que na verdade, é melhor que o dos Democratas. Uma porcentagem maior de Republicanos votou a favor do Civil Rights Act, de 1964, e do Voting Rights Act, de 1965. Nos anos 1970, foi uma iniciativa Republicana, o “Philadelphia Plan” que procurou quebrar as barreiras raciais existentes nos sindicatos de construção, que mantinham os negros fora das ocupações especializadas e mais bem remuneradas. [*]


• Se os Republicanos pensam que “chegou a sua vez” de começar a ganhar eleições, embalados simplesmente pelas recentes pesquisas de opinião, podem acabar negligenciando aquilo que realmente precisam fazer para transformar esperanças em realidades. Uma das coisas que há muito deveria ter sido repensada – ou quem sabe, pensada pela primeira vez – é a abordagem consistentemente desastrosa que eles vêm usando na tentativa de conquistar o voto dos negros. Num passado não tão distante, não era nada notável se os Republicanos recebessem 30 ou 40 por cento dos votos dos negros. Hoje, um candidato presidencial Republicano tem muita sorte se conseguir 10 por cento desses votos. De Abraham Lincoln até Herbert Hoover, os negros votaram maciçamente nos Republicanos. Mesmo depois de Franklin D. Roosevelt, ninguém se espantou com o fato de Eisenhower ter recebido a maior porcentagem desses na história recente. Podem passar muitos e muitos anos antes que os Republicanos possam pensar em receber novamente a maioria dos votos dos negros, mas eles não precisam da maioria. Se conseguissem 20 por cento, os Democratas já estariam em apuros. Com 30 por cento dos votos dos negros para os Republicanos, os Democratas poderiam dar adeus às suas chances nas eleições gerais. E o que é que os Republicanos têm feito? Tentam imitar o discurso dos Democratas. Diante da oferta de um cardápio copiado e mal requentado, os eleitores negros ficam com o original.


• Mas nem todos os eleitores negros são iguais, da mesma maneira que há imensas diferenças entre os eleitores brancos. Os Republicanos têm chances reais entre aqueles eleitores negros que compartilham de valores e preocupações similares as deles. Eles querem que seus filhos tenham acesso a uma educação decente, coisa que não obterão enquanto as escolas públicas continuarem um monopólio que beneficia os sindicatos de professores e não a educação. Os sindicatos de professores e os Democratas são unha e carne; isso significa uma oportunidade de ouro para os Republicanos se estes dirigissem sua mensagem aos pais, demonstrando que essa é uma das razões chave para a péssima qualidade de ensino no centros urbanos. Mas quando foi que você ouviu algum Republicano criticar os sindicatos de professores por que estes bloqueiam todas as tentativas de dar aos pais – negros ou brancos – a liberdade de escolher a escola para seus filhos? Os sindicatos estarão sempre contra os Republicanos, quer estes os critiquem ou permaneçam timidamente mudos. Por que não falar com franqueza sobre as terríveis consequências do monopólio sobre as escolas públicas, defendido a todo custo pelos sindicatos e pelos Democratas, mesmo que escolas particulares – especialmente as KIPP schools em vários estados – tenham obtido sucessos notáveis com jovens das minorias e de baixa renda? É preciso lembrar que os negros ouviram tantas mentiras que a franqueza pode ganhar o seu respeito, mesmo que não concordem com tudo que for dito. Os Republicanos precisam de toda a credibilidade que puderem conquistar. Quando tentam imitar os Democratas, tudo o que fazem é perdê-la. Outro detalhe: a maioria dos negros não quer saber de juízes libertando criminosos em suas comunidades, e esses juízes são quase que invariavelmente juízes com perfil de esquerda, indicados pelos Democratas.


• Muitos dos eleitorados chave do Partido Democrata – os sindicatos de professores, advogados de grupos de pressão e ambientalistas, por exemplo – têm agendas cujo efeito final é infligir danos aos negros. Projetos de “renovação urbana” acabam destruindo principalmente os bairros das minorias e restrições ambientalistas provocaram um enorme aumento no preço da moradia, expulsando os negros de muitas cidades. Em São Francisco, a população negra caiu pela metade desde 1970. Mas, a não ser que os Republicanos façam o trabalho de ligar os pontos e apresentar os fatos em linguagem sem rodeios, tais fatos serão como a árvore que cai na floresta despovoada, sem que ninguém a ouça.


• Nas eleições deste ano e também em 2012, os Republicanos também se verão em face de batalhas internas. Uma das mais antigas, que vem desde os anos 1940, é aquela entre os que querem um partido claramente diferenciado dos Democratas e os que buscam apelar para um espectro mais amplo de grupos sociais e ideológicos. Os que se consideram “por dentro do assunto” advogam a idéia de uma “grande tenda” que abrigue de tudo um pouco, sendo contrários ao tipo de idéias defendidas por Ronald Reagan. O que esse pessoal não consegue explicar é como Reagan venceu em praticamente todos os estados, duas vezes seguidas. O que Reagan certamente não fez foi tentar imitar os Democratas. Mas, evidentemente, Reagan jamais teria vencido se tivesse contado apenas com os votos daqueles declaradamente conservadores. Ele obviamente obteve votos de outros, que simplesmente gostaram de sua franqueza. Em suma, Reagan não procurou agradar a todos. Seu grande mérito era a habilidade de apresentar seu pontos de vista com honestidade e clareza.


• Infelizmente, Sowell não entra na discussão moral sobre o aborto, mas vê a realidade política do tema: num assunto tão polêmico quanto este, sobre o qual os eleitores não querem mais ser convencidos para um lado ou para o outro, só há duas posições: contra ou a favor.


Deixo para o leitor os paralelos com a realidade dos partidos políticos no Brasil.


Ademais, do exposto até aqui, pode ficar a impressão de que Thomas Sowell é infalível e uma unanimidade entre os conservadores americanos. Ele não é e nem pretende ser nenhuma das duas coisas: é um homem cujas opiniões nunca surgem do calor do momento e parecem ser expressas com a precisão de um cirurgião. Se lê-lo nunca é tempo perdido, tampouco é suficiente para tentar entender outros aspectos ou nuances do poder, e me refiro a um poder que parece pairar sobre os partidos e instituições, representado pela idéia, nada nova, de um governo mundial. Deliberadamente ou não, ele não se aventura na investigação e análise desse poder.


Mas outros o fizeram, correndo riscos e sofrendo muitas pressões. Em breve, o Mídia@Mais apresentará ao público brasileiro parte do trabalho de um dos maiores estudiosos do tema, que se não é segredo, merece uma atenção muito maior do que já teve, ainda mais quando é turvado por teorias “definitivas” que costumam surgir aqui e ali.


[*] Nota Redação MÍDIA@MAIS
: Para saber mais como os Republicanos foram colocados na defensiva em relação a inúmeras questões polêmicas, enquanto os Democratas assumiam a aura de "paladinos" das boas causas até se tornarem os "donos da verdade" atuais, que se julgam superiores e certos antes de tudo por serem Democratas e liberals, recomenda-se a leitura do livro Fascismo de esquerda - a história secreta do esquerdismo americano, de Jonah Goldberg, publicado no Brasil pela Editora Record.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".