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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

"Desconstrução transversal": um plano por trás do Plano?

Fonte: MÍDIA SEM MÁSCARA

A "transversalidade", aplicada em conjunto com a "diversidade" e com as técnicas de "dessensibilização" social, vai se transformando em um instrumento para ir implantando, gradualmente, tipos de controle mental e psicológico que, por sua radicalidade, talvez pudessem causar rubor a um Lênin, um Stalin, um Gramsci ou um Orwell.



1. No gigantesco e poderoso Brasil, o "moderado" presidente Lula da Silva entrou na reta final de seu mandato soltando uma "psi-bomba de fragmentação múltipla" que sugere medidas de controle sobre os meios de comunicação, de extorsão dos proprietários rurais e de apoio aos invasores de terras, de desmoralização dos militares com a reabertura de processos, de humilhação dos setores pró-vida com a liberalização do aborto, e de choque frontal contra outros setores da sociedade. Trata-se do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH III), lançado pelo governo lulista como uma desagradável surpresa de Natal e Reis.


2.
O que chamou a atenção dos analistas foi que o Sr. Lula da Silva fizesse essa investida geral na última hora de seu mandato, lançando essa "psi-bomba de fragmentação" que afetou de uma só vez tantos setores. Com isso, arrisca seu prestígio de "moderado" com o qual ganhou a confiança de amplos setores privados brasileiros, em especial, do setor financeiro e dos grandes grupos empresariais.


3.
O anúncio do PNDH, terá sido um escorregão de um experimentado lobo da política brasileira que teria se deixado empurrar pelos círculos concêntricos radicais que o apóiam, e que agora estariam cobrando-lhe o pagamento da fatura política? Será parte de algum plano estratégico, de hegemonia gramsciana da sociedade brasileira? Constituirá uma sondagem para ver até onde se poderia chegar em matéria de esquerdização sem provocar grandes sobressaltos das elites e da opinião pública? Ou, talvez, um pouco de cada coisa, tudo de uma vez, caoticamente, como uma característica do sinal dos tempos?


4.
Em 21 de dezembro de 2009, o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, lançou em Brasília o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH III) na presença do presidente Lula da Silva, de sua candidata presidencial, a ex-guerrilheira e atual ministra Dilma Rousseff, e de figuras representativas das velhas e novas esquerdas brasileiras.


Pouco depois de lançada a "psi-bomba de fragmentação múltipla", levantou-se desde os meios de comunicação um clamor contra o Plano, e foram publicados brilhantes artigos dissecando os aspectos totalitários e intervencionistas do referido projeto. Diante desse mal-estar, o presidente Lula da Silva e vários de seus ministros simplesmente foram baixando o perfil do Plano, dizendo que tinha o mero caráter de uma proposta para ser debatida e que de nenhuma maneira se tratava de uma imposição. Chegou-se a anunciar a retirada de tópicos mais polêmicos, como o do aborto, depois que o presidente Lula da Silva fosse acusado de novo Herodes nos meios eclesiais.


5.
Na realidade, tratou-se de retrocessos governamentais ziguezagueantes, muito ao estilo do Sr. Lula da Silva, de caráter meramente estratégico, sem que os autores e patrocinadores do PNHD se retratassem em nada das propostas formuladas. Não obstante, esses retrocessos resultaram suficientes para desativar as reações e para fazê-las diminuir paulatinamente até que tudo caísse em uma nova modorra. Com isso, o PNDH foi ficando relegado a um segundo plano e inclusive caindo em um quase esquecimento.


Em que pesem a modorra e o esquecimento, um primeiro passo fundamental foi dado pelos propulsores do Plano. Depois de um primeiro momento de aturdimento dos tímpanos psicológicos dos opositores, causado por esse tipo de "psi-bombas de fragmentação" política, deixa-se passar certo tempo e depois volta-se à carga.


Com esse vai-e-vem, não somente se dessensibilizam os tímpanos psicológicos, senão que se vão desconstruindo as próprias estruturas mentais que constituem os suportes das próprias consciências. Eis que entra aqui aquilo que o próprio ministro Vannuchi considera como a chave para entender o PNDH. Trata-se da denominada "transversalidade".


6.
Na ação política das novas esquerdas e na revolução cultural gramsciana, a "transversalidade" e a horizontalidade, em contra-posição à "verticalidade" substituem a ação ideológica direta, vertical, hierárquica e, a seu modo, racionalista, própria das velhas esquerdas. E passa-se a aplicar um estilo de desconstrução mental transversal-horizontal, não só das inteligências, como sobretudo das mentalidades e das sensibilidades, para posições que aproximem as vitimas o máximo possível do sonho de uma sociedade anárquica, quase se diria "tribal" do ponto de vista psicológico e também de certos hábitos de vida. Paulatinamente, com a ajuda de diversos líderes de opinião e de meios de comunicação, vão se impondo todo tipo de descriminalizações e "desdiscriminalizações", a não ser a implacável criminalização e discriminação dos que ousem opor-se a esse plano, em nome do senso comum, da moral saudável e da civilização cristã. Não se descarta, segundo reconhecem os promotores dessa nova modalidade revolucionária, a utilização de instrumentos legais, policiais e até psiquiátricos contra os opositores.


7.
Como já foi mostrado por Destaque Internacional em diversos editoriais, a "transversalidade" é um novo conceito das novas esquerdas, com um conteúdo ao mesmo tempo sociológico, estratégico, publicitário e psicológico, que foi debatido e lançado desde os primeiros Fórum Social Mundial de Porto Alegre, e a aplicação desse conceito neo-revolucionário constitui um dos principais ganhos dos referidos fóruns. A "transversalidade", aplicada em conjunto com a "diversidade" e com as técnicas de "dessensibilização" social, vai se transformando em um instrumento para ir implantando, gradualmente, tipos de controle mental e psicológico que, por sua radicalidade, talvez pudessem causar rubor a um Lênin, um Stalin, um Gramsci ou um Orwell.


8.
O tema é delicado e é difícil de tratar exaustivamente em poucas linhas. Para atenuar, ao menos em parte, essa limitação natural de espaço, colocam-se à disposição de nossos leitores, gratuitamente, links selecionados para acessar alguns desses artigos sobre a "transversalidade" e a novas formas de totalitarismos, assim como outros que comentam criticamente o PNDH.


9.
De qualquer maneira, concorde-se ou não com a importância à "transversalidade" que se atribui neste Editorial, e discorde-se ou não com a interrogação da eventual existência de um plano por trás do Plano, vai ficando cada vez mais claro que já não é suficiente analisar o que dizem ou fazem setores influentes do Governo brasileiro e de outros Governos latino-americanos, no sentido de esquerdizações graduais e indolores do país, senão de que maneira dizem e/ou fazem para não despertar reações ou sequer suspeitas. No que diz respeito ao gigante brasileiro, essas hipóteses cobram importância na perspectiva das próximas eleições nacionais, nas quais a candidata do governo, Srª Dilma Rousseff, está claramente identificada com esses setores esquerdistas de vanguarda.


10.
Esperemos que não se negue ou coíba o direito de analistas políticos e de outras pessoas que desejem difundir este tipo de análise, dentro de um sistema que se proclama democrático, para levantar este tipo de hipótese a respeito de "planos por detrás dos Planos". Por fim, teria utilidade, sem dúvida, verificar se as referidas hipóteses levantadas acerca do Brasil não se aplicarão, com as devidas adaptações, a casos mais delicados na região como os de Chávez na Venezuela, Morales na Bolívia, Kirchner na Argentina, Lugo no Paraguai, etc.


Referências sobre o PNDH III:


Denis Lerrer Rosenfield,
"Direitos Humanos", O Estado de S. Paulo, 18-01-2010


Editorial,
"Lula e os estragos do Decreto", O Estado de S. Paulo, 12-01-2010


Ives Gandra Martins,
"Guerrilha e redemocratização", Folha de S. Paulo, 22-01-2010


Referencias sobre "transversalidade" e "desconstrução":


Destaque Internacional,
"World Social Forum, 'transversality' and chaos", 15-02-2003


Destaque Internacional,
"Foro Social Mundial, 'transversalidad' y caos", 15-02-2003


Destaque Internacional,
"Foro Social Brasileño: la meta de 'desconstrucción' y 'reinvención' del hombre y la sociedad", 15-11-2003


Destaque Internacional,
"Foro Social, 'diversidad' y nuevos totalitarismos" 14-02-2003



Tradução:
Graça Salgueiro

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".