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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Quero uma ideologia para viver...

Fonte: MÍDIA SEM MÁSCARA

Ou seja, a culpa de quem impede a concretização das políticas de Obama cai nos ombros de um movimento a-partidário, já rotulado como "oposição organizada", quando não passa de uma resistência informal de pessoas que simplesmente querem ser deixadas em paz.



...pelo menos é o caso deste
texto de Patrícia Campos Mello, publicado em seu blog no Estadão, a respeito dos tea-parties. Trata-se de um primor de desinformação, encharcado de "preconceito ideológico". Obviamente, a ideologia aqui em questão é a "obamista", e seu relato sobre a resistência dos tea-parties - adjetivada com os clichês de sempre, como "direitista", "radical", "histérica", etc. - mostra também um medo que prova que tal movimento pode se tornar cada vez mais representativo nos EUA.


O problema central de um texto deste naipe é o de ver o mundo pelos prismas ideológicos - vícios dos quais o jornalista brasileiro parece padecer como se fossem virtudes. Talvez a pessoa nem perceba isso, mas eles estão lá o tempo todo e é muito difícil tirá-los do seu organismo. Trata-se de um peculiar mecanismo de sobrevivência psíquica; o jornalista precisa fazer isso senão ele morre - não só profissionalmente como também existencialmente.


O detalhe que chama a atenção para o serviço de desinformação apresentado pelo texto é que a resistência dos
tea-parties não é, em hipótese nenhuma, uma resistência da "direita" ou da "esquerda" e sim de pessoas que, como bem observa o relato, divergem em muitas coisas, mas também estão unidas por um interesse em comum: o desejo de que o Estado não se meta mais na sua vida. Da mesma forma que o Nelson Mandela de Clint Eastwood fez no filme Invictus, uma parcela do povo americano decidiu se unir através de um problema concreto apresentado pelas exigências do real - e não através de uma retórica populista que, a propósito, o próprio Obama percebeu que terá de se afastar se quiser governar decentemente pelos próximos três anos (além de, claro, ganhar as eleições do Congresso de 2010 e as presidenciais de 2012).


Além disso, a jornalista em questão quer embelezar o seu relato com uma sofisiticação acadêmica, ao citar justamente o ensaio de Richard Hofstadter entitulado
The Paranoid Style in American Politics. Ora, pois, este é um dos ensaios mais superestimados já escritos; Hofstadter argumenta que a política americana é uma forma mentisque sempre apela para a culpa do outro - ou seja, a responsabilidade do político não ter dado certo na realização de seus projetos é sempre do "comunista", do "conservador", do "reacionário", do "extremista", do "radical". Em outras palavras, trata-se do princípio do bode expiatório explicado para dummies. A ironia do artigo é que a própria jornalista cai na retórica deste raciocínio distorcido ao apelar para o termo - olhem só! - "paranóica" para classificar a existência dos tea-parties. Ou seja, a culpa de quem impede a concretização das políticas de Obama cai nos ombros de um movimento a-partidário, já rotulado como "oposição organizada", quando não passa de uma resistência informal de pessoas que simplesmente querem ser deixadas em paz (E, a propósito, o dia em que ostea-parties virarem uma espécie de "terceira via" tenham certeza de que fracassou - e talvez seja por isso que o apoio de pessoas como Glenn Beck e Sarah Palin pode ser muito mais prejudicial do que vantajoso).


Sugiro à jornalista que não cite mais o ensaio de Hofstadter (Se quiser algo parecido e mais honesto, leia
PatrioticGore, de Edmund Wilson, em especial a sua introdução, uma perfeita amostra de como um intelectual da esquerda pode se soltar das amarras da ideologia política quando necessário); além de datado, mostra uma incompreensão básica de um detalhe essencial da verdadeira política americana: ela é feita através de intimações da vida e não através de slogans ideológicos. Provas destas intimações? Só lembrarmos de 1776, dos Founding Fathers, do Federalista, de Alexander Stephens, de Martin Luther King e Ronald Reagan. E toda vez que o governo americano partiu para a última alternativa se deu mal - vejam os casos de Lincoln, Roosevelt, Kennedy, Nixon, Bush, Jr. e agora Barack Obama.


Pena que não existem possibilidades de se realizarem
tea-parties aqui no Brasil - aliás, todas devidamente sufocadas não só por textos como os que são publicados no site do Estadão e outros órgãos supostamente "plurais" da nossa imprensa, como também por uma soi-disant oposição "liberal e conservadora", que escolheu a apatia como meio de vida.


Publicado originalmente no blog da revista
Dicta & Contradicta.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".