MÍDIA SEM MÁSCARA
Autor: Félix Maier 16 outubro 2008 “É fantástico o país mais liberal do mundo ter de estatizar. É o enterro do neoliberalismo de uma maneira trágica”.
A fala acima foi feita por Maria da Conceição Tavares, no dia 10/9/2008, um dia antes do 7º aniversário da derrubada das Torres Gêmeas de Nova York. Trata-se da mesma Maria da Conceição, a antiga musa do Plano Cruzado, de 1986, que chorou no dia em que Sarney prometeu o Sétimo Céu a todos os brasileiros, promovendo o congelamento de preços. Como se sabe, aquele plano demagógico deu com os burros n’água, mas antes elegeu 23 governadores do PMDB.
Na verdade, Maria da Conceição Tavares está promovendo seu foguetório particular para espezinhar o capitalismo, pois é ardorosamente adepta do socialismo. Assim, explica-se sua invulgar alegria frente aos problemas econômicos enfrentados pelos EUA, da mesma forma que o ex-frei Leonardo Boff sentiu alegria pela derrubada das torres do WTC, dizendo que não deveriam ter sido 3, mas 500 os aviões a atingir a América. Maria da Conceição poderia muito bem dividir o troféu de idiota do ano com o ex-ministro da Fazenda, Luiz Carlos Bresser Pereira, que falou a mesma asnice.
O orgasmo verbal tavaresco da estatólatra se deu depois que o governo dos EUA prometeu injetar 200 bilhões de dólares nas empresas Fannie Mae e Freddie Mac, para evitar a falência. Uma ninharia, se comparado aos trilhões de dólares gastos com a Guerra do Iraque.
O mesmo prognóstico, do fim do capitalismo liberal, já havia sido feito pelos economistas marxistas “desenvolvimentistas” após o crash da Bolsa de Nova York, em 1929. O que se viu foi os EUA renascer do baque sofrido, de modo que ao fim da II Guerra Mundial haviam se tornado o país mais poderoso de todos os tempos, detentor único da bomba atômica e responsável por 50% do PIB mundial.
Aliás, nunca existiu liberalismo ou neoliberalismo puro em nenhum país do mundo, nem mesmo nos EUA do tempo dos 4 pais fundadores. Sempre existiu e sempre existirá interferência governamental na Economia, para o bem ou para o mal, seja para criar leis normativas, de modo a evitar abusos, seja para auxiliar empresas numa emergência, de modo que a economia nacional não seja corrompida pelo efeito dominó de falências que daí poderia resultar. Aliás, ser governo é antes de tudo exercer o poder, o máximo de poder possível, e qualquer político, por mais liberal que seja, deixa de sê-lo imediatamente quando é convidado para a pasta da Economia. Instantaneamente, torna-se um estatólatra e um escravo do Leviatã.
Que o diga Roberto Campos, inicialmente um convicto keynesiano em defesa do dirigismo estatal, tanto do Plano de Metas de Juscelino, quanto do Plano Nacional de Desenvolvimento dos militares.
Mas isso foi na juventude, na “idade da gonorréia”, como costumava dizer. Depois, na idade madura, tornou-se ardoroso discípulo do economista austríaco Friedrich August von Hayek, um dos mestres do liberalismo clássico, e se bateu contra os monopólios estatais brasileiros, como o sistema de Telecomunicações e a Petrobras, a quem chamava de “Petrossauro”.
Sobre o capitalismo e o socialismo, disse Roberto Campos, o Bob Fields das esquerdas:
“O princípio axiológico do capitalismo é que o homem é dono de seu corpo e do produto de suas faculdades e só pode ser privado do produto dessas faculdades por consenso, contrato, ou pela aceitação de tributos sujeitos ao crivo da representação democrática. Já o socialismo parte do princípio de que o homem é proprietário de seu corpo, mas não é proprietário do uso de suas faculdades. Esse produto pode — e deve — ser redistribuído segundo determinados critérios ideológicos e políticos para alcançar algo definido como justiça social… O resultado é que não se otimiza o esforço produtivo. Toda a tragédia do socialismo é, no fundo, a sub-otimização do esforço produtivo” (Cfr. livro “Conversas com Economistas Brasileiros”).
A História provou que os países socialistas, baseados no dirigismo estatal e na falta de liberdade individual, só promoveram a miséria e a fome, a exemplo da Rússia de Stálin, da China de Mao Tsé-Tung, do Camboja de Pol Pot e Cuba de Fidel Castro. A China, hoje, está se desenvolvendo rapidamente em algumas áreas do país porque está adotando o “espírito animal” que promove o desenvolvimento de qualquer nação, ou seja, o velho e bom capitalismo. Até o Vietnã, que como a China se diz ainda comunista, cresce espetacularmente por estar levando a liberdade econômica a todas as áreas, no campo e na cidade, de modo que é hoje o 3º ou 4º maior produtor de café do mundo.
Os EUA podem, sim, vir a se tornar uma economia estatizada no futuro, em maior grau do que já é hoje, segundo crêem pitonisas estridentes como Maria da Conceição Tavares. No entanto, já foi provado pela História que todas as nações desenvolvidas da atualidade tiveram suas atividades econômicas alicerçadas no espírito liberal, ou seja, baseadas no livre empreendedorismo, na imprensa livre, na liberdade de opinião, na liberdade religiosa, no respeito à propriedade e no culto às leis.
O espírito liberal deve ser levado a sério não como algo que “vai” ser alcançado, mas que “pode” ser alcançado. É como o projeto de santidade promovido pelas igrejas: o ser humano sabe que nunca chegará a ser santo, mas nem por isso vai deixar de tentar em sê-lo. O espírito liberal é, assim, um norte, um guia para o desenvolvimento pleno de todos os cidadãos de uma nação, para a “maxi-otimização do esforço produtivo”, não sua “sub-otimização”, própria do socialismo. Este espírito liberal, sim, é eterno, como eterna é a busca da felicidade de todo o ser humano livre. Porque é, antes de tudo, “livre” o significado da palavra liberal.
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