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domingo, 19 de outubro de 2008

Entrevista com Ubiratan Iorio, um dos palestrantes do FORTE 2008, da FEBRATEL, em São Paulo

TELEBRASIL
05/08/2008 10:51 :: João Carlos Fonseca

A Federação Brasileira de Telecomunicações – FEBRATEL – promove, no dia 18 de agosto, em São Paulo, a edição 2008 do Fórum de Relações do Trabalho em Telecomunicações, com o tema "Liderança Empresarial do Brasil e os BRICS". Na qualidade de fórum, e pela excelência dos debatedores, o evento promete um debate ativo sobre a contemporaneidade. Aqui, entrevista com o doutor em Economia Ubiratan Iorio, um dos palestrantes.

O economista Ubiratan Iorio completa, em 2008, 20 anos de doutorado (EPGE/Fundação Getúlio Vargas). Seu invejável currículo inclui a presidência-executiva do Centro Interdisciplinar de Ética e Economia Personalista (CIEEP) e conselheiro do Instituo Federalista. O scholar Ubiratan já presidiu a Faculdade de Ciências Econômicas da Uerj, foi professor de MBA da FGV e de mestrado no IAG (PUC-Rio). Foi ainda pesquisador do IBEMEC e do IBRE/FGV e funcionário, por sete anos, do Banco Central do Brasil.

Dentre seus livros publicados, citam-se “Economia e Liberdade: a Escola Austríaca e a Economia Brasileira” (Forense Universitária, Rio de Janeiro, 1997, 2ª ed.); “Uma Análise Econômica do Problema do Cheque sem Fundos no Brasil” (Banco Central/IBMEC, Brasília, 1985); e “Macroeconomia e Política Macroeconômica” (IBMEC, Rio de Janeiro, 1984). É consultor de diversas instituições e articulista em jornais e revistas.

A sigla BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China – traduz o coletivo de países emergentes que disputam lugar no privilegiado clube do Primeiro Mundo. A liderança empresarial, sua formação e a dinâmica política são importantes fatores nessa disputa. A entrevista com Ubiratan Iorio foi realizada por e-mail.

A seguir, a entrevista com o economista Ubiratan Iori

FEBRATEL – Em que consiste a liderança empresarial? É a liderança dos empresários perante a sociedade ou é a liderança de pessoas nas empresas?

Ubiratan Iorio – Na verdade, ambas as coisas. É evidente que a liderança no âmbito das empresas é uma das exigências mais fortes do mundo dos negócios, mas também é muito importante que os líderes empresariais participem ativamente de ações em toda a sociedade, nos planos da economia, da política e, fundamentalmente, da ética. Este, a meu ver, deve ser o verdadeiro sentido da expressão “responsabilidade social” e não, como a mídia freqüentemente sugere, apenas ações “politicamente corretas”.

FBT – A liderança empresarial é um fenômeno comum para o sucesso de todos o BRICS (Brasil, Rússia, China, Índia) ou há diferenças de lideranças entre os BRICS?

Iorio  Eu afirmo que é fundamental no mundo atual, caracterizado pela globalização, que exige competitividade, a qual, por sua vez, pressupõe lideranças empresariais ativas.

Há diferenças entre as lideranças dos BRICS não no espírito empreendedor, que é comum aos entrepreneurs seja qual for a sua nacionalidade, mas devido às condições políticas, à regulamentação, à tributação, às instituições de cada país, enfim.

FBT – Se citarmos "empresas pequena, média ou grande", há alguma diferença entre elas para o tema do FORTE 2008 “Liderança Empresarial do Brasil no Contexto dos BRICS”?

Iorio  Liderança é um atributo que está além do fato da empresa ser pequena, média ou grande. Mas, há lideranças boas e más. Hitler e Stalin, Fidel Castro e Hugo Chávez, sem dúvida, são líderes, mas...

FBT – O que é uma liderança positiva?

Iorio – A liderança boa ou positiva deve transmitir segurança, motivação, solidariedade, sabedoria e, sobretudo, deve dar bons exemplos, tanto técnicos quanto éticos. A liderança reflete a cultura de cada país ou região e, neste sentido, há quatro sistemas ético-culturais bem diversos no âmbito dos BRICS.

FBT  Se citarmos o "empresa multinacional" e "empresa nacional", há diferença entre elas para o tema do FORTE 2008 “Liderança Empresarial do Brasil no Contexto dos BRICS”? Por favor, justifique sua resposta.

Iorio – Não há diferenças importantes, a meu ver. Líderes têm que ser líderes e isto me parece o suficiente. Mas, é claro que, ao iniciar atividades em um novo país, uma empresa deve necessariamente adaptar-se às circunstâncias socioculturais e econômicas locais.

FBT  Qual sua visão sobre o sistema sindical praticado no Brasil, visto em perspectiva histórica? Caso queira, faça uma distinção entre o sindicalismo patronal e o dos trabalhadores.

Iorio – É a pior possível! Uma legislação anacrônica, que data dos tempos do Estado Novo de Getúlio Vargas, que, por sua vez, copiou a “Carta Del Lavoro”, de Benito Mussolini. A obrigatoriedade de pagamento do imposto sindical é uma aberração, uma agressão à liberdade de escolha das pessoas. É urgente uma ampla reforma sindical, para modernizar nossas relações de trabalho.

FBT – No contexto dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China), como o Sr. percebe a presença e a atuação do Estado?

Iorio – Eis o calcanhar de Aquiles dos BRICS, por razões diferentes, que refletem a cultura e a História de cada um! A riqueza econômica resulta do espírito humano, da invenção, da descoberta e, também, de valores éticos como os da pontualidade, do trabalho perfeito, do know-how prático e da adaptabilidade.

FBT – O que pode fazer o Estado?

Iorio – O bem que o Estado pode fazer é limitado; já o mal é infinito. O que ele nos pode dar é sempre menos do que nos pode tirar. O principal insumo para o desenvolvimento é a liberdade e onde quer que o Estado seja grande, não existe liberdade em sua plena acepção.

FBT  Os BRICS competem ou se aliam no cenário internacional?

Iorio – Ambas as coisas, dependendo do setor específico da economia.

FBT  O B dos BRICS tem vocação natural para basear seu sucesso emcommodities e produtos extrativos ou deve investir em inovação? Há diferentes tipos de liderança empresarial para ambos os casos?

Iorio – Não há dúvida de que somos “bons” em commodities, mas isto não quer dizer que não devemos investir maciçamente em educação e tecnologia, como, aliás, a Irlanda – o Tigre Celta – vem fazendo com sucesso nos últimos 15 anos.

FBT  O Brasil já foi apelidado de um "BRIC lento" (a matéria correspondente está no site da TELEBRASIL em www.telebrasil.org.br, sob o título “FORTE 2008, da FEBRATEL, vai discutir Liderança Empresarial do Brasil e os BRICS”). O Sr. concorda ou discorda? Por quê?

Iorio – Embora nossa economia esteja entre as que mais cresceram no século XX, não há dúvidas quanto a nos termos tornados lentos, situação que se iniciou nos anos 80 e que vem se agravando perigosamente desde então.

FBT – Por que essa situação?

Iorio – Temos um estado-elefante, que nos obriga a trabalhar, em média, até o dia 27 de maio de cada ano apenas para pagar tributos. Temos uma estúpida complexidade tributária. Temos uma legislação trabalhista anacrônica. Temos uma burocracia que emperra a livre iniciativa. Embora Rússia, China e Índia também possuam estados grandes, vêm nos últimos anos trabalhando para reduzir o problema, ao passo que, no Brasil, especialmente no atual Governo, o Estado só tem aumentado de tamanho. Isto, naturalmente, torna o Brasil lento em relação aos demais. É o famoso “custo-Brasil”.

FBT  Qual a bibliografia relativa ao tema do evento que o Sr. recomendaria?

Iorio – Além de Ortega y Gasset e Eric Voegelin, recomendo os sites do embaixador José Oswaldo de Meira Penna, de Olavo de Carvalho, os blogs de Nivaldo Cordeiro, Percival Puggina e Francisco Lacombe, bem como, naturalmente, toda a obra de Roberto Campos e Eugênio Gudin, a meu ver os mais extraordinários, lúcidos e cultos entre os pensadores brasileiros.

FBT  Algo mais que queira responder ou comentar?

Iorio – O Brasil precisa reduzir o tamanho do Estado para que possa crescer de forma auto-sustentada e sem inflação. Para isto, as reformas do Estado (tributária, previdenciária, trabalhista, política e administrativa), bem como a aplicação do princípio da subsidiariedade (federalismo pleno) são essenciais. Mas, infelizmente, em todos esses pontos, o governo do PT e de seus aliados de ocasião caminha na contramão. Pior para os brasileiros.

FBT – Para finalizar...

Iorio – E, para finalizar, quero dizer que, para sairmos dessa triste situação, as lideranças empresariais são muito importantes. Muito mais do que elas próprias, talvez, pensem. Quem ler Gasset, Voegelin e os que citei acima terá esta certeza.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".