Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Nunca antes neste País

ESTADÃO
Terça-Feira, 21 de Outubro de 2008 

No próximo domingo, as urnas do segundo turno das eleições municipais em cidades com mais de 200 mil eleitores produzirão mais que uma lista de vencedores e perdedores.

Delas certamente resultarão alterações profundas em biografias, teorias, estratégias, correlação de forças e mudanças significativas no comportamento de políticos, partidos, alianças.

É um dado novo em matéria de eleições municipais, sempre criticadas por excessivamente mornas desde a retomada do voto direto para prefeito, em 1985.

Nesse período, uma ou outra provocou impacto. Seja pela novidade, como a eleição da petista Maria Luiza Fontenelle, em Fortaleza, ou pela mudança de expectativa na última hora, como a vitória de Luiza Erundina sobre Paulo Maluf e a derrota de Fernando Henrique Cardoso para Jânio Quadros, em São Paulo.

Casos isolados, nenhuma delas teve significado conjunto, repercutiu de maneira acentuada no cenário nacional ou fez revelações capazes de reorientar condutas para embates futuros.

Tanto que a oposição apegou-se ao dogma segundo o qual eleição de prefeito não ultrapassa os limites do município e sublimou antecipadamente o "passeio" dos partidos aliados ao governo federal que, por isso mesmo, tentou dar às disputas um caráter de plebiscito nacional em torno da popular figura do presidente Luiz Inácio da Silva.

Não aconteceu o passeio, não ocorreu o plebiscito, não houve julgamento contra ou a favor. Em compensação, sobraram confrontos eletrizantes, resultados surpreendentes, políticos saíram bem menores, outros ficaram enormes, teorias foram fulminadas, conceitos revistos, gente que era coadjuvante passou a figurar como protagonista e vice-versa.

Nada se passou de acordo com as regras preestabelecidas, o inesperado continua a produzir surpresas todos os dias e no domingo, com viradas ou sem elas, haverá prefeitos eleitos politicamente perdedores bem como candidatos derrotados com a aura de vencedores.

Isso sem contar os políticos que passam definitivamente da segunda para a primeira divisão dos produtores de votos e aqueles que conseguiram bom desempenho contrariando o manual do político tradicional.

Caso típico de Fernando Gabeira, no Rio. Entrou na disputa e passou para o segundo turno com o mesmo jeito de "outsider" de sempre. Nos debates jogou na inteligência deixando de lado as normas de marketing, enquanto o adversário, Eduardo Paes, se ocupava em dar repetidos nós na própria trajetória.

Se ganhar, Paes terá assumido a marca do político disposto a "tudo" pela cidade, inclusive se humilhar em público, manipular preconceitos e alimentar na população a idéia de que é dever do bom governante manter relação de camaradagem e subserviência com o poder central.

Em São Paulo, Marta Suplicy consolidou a imagem de candidata de fôlego limitado que em algum momento - a exemplo de Ciro Gomes - pode falar ou fazer algo contra si. Seu grupo planejava sair da eleição com uma candidatura presidencial para confrontar a opção Dilma Rousseff e acabou com uma hipótese de candidata ao governo do Estado a mercê dos adversários internos.

Em Belo Horizonte, fracassaram a certeza da transposição de uma relação administrativa entre PT e PSDB para a política e a tentativa de imprimir um caráter de experimento nacional à união dos dois partidos.

Em Salvador, a luta da fase final entre PT e PMDB simboliza o que poderá vir a ser a conseqüência mais séria em termos da base de apoio do presidente Lula: a perda do principal parceiro para a oposição e, de imediato, o empenho do Planalto para evitá-la.

O PMDB passará a dar as cartas com muito mais peso e isso, evidente, altera a correlação de forças dentro do governo e, depois, para a sucessão em 2010. Baiano, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, entrou para o rol de primeira grandeza e será personagem essencial dessa articulação.

Uma eleição municipal peculiar, cujas peculiaridades completas só serão visíveis a partir de domingo. Apenas uma tese permaneceu intocada: a de que o confronto com o presidente Lula faz perder votos.

Ninguém se arriscou a fazer o teste. Lula não foi posto em xeque. Ao contrário, todos os políticos mostraram-se amenos com ele. Ficou acima dos conflitos, desviou-se de quase todos os terrenos minados, preservou-se, foi preservado e, por isso, não se sabe se seus pés são mesmo de aço ou se são feitos de barro.

Bela viola

Examinadas com lupa as pesquisas em Belo Horizonte, a campanha de Márcio Lacerda verificou que nas classes D e E o adversário Leonardo Quintão saiu-se bem na estratégia de posar como aliado de Aécio Neves, porque o eleitor acreditou que havia dois candidatos "amigos" do governador: um simpático (Quintão) e outro carrancudo (Lacerda).

E se a origem do produto era a mesma, sentiram-se à vontade para escolher aquele com a melhor embalagem.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".