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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O Processo Crítico do Conservadorismo

JUVENTUDE CONSERVADORA DA UNB
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Dean Terrill
Revista Modern Age, Vol. 4, nº 3 – Verão de 1960



Comentário:
A prudência é um dos valores mais sagrados para os conservadores. Edmund Burke, o pai do Conservadorismo moderno, defende não apenas a prudência na condução da política, mas a adoção desse princípio como algo pessoal, a ser exercitado no cotidiano – e, nesse sentido, a prudência é tida, na doutrina católica, como uma das quatro Virtudes Cardinais. Além dela, Burke também apontou a importância da humildade, um conceito que extraiu do Cristianismo.
Pouco antes de ser defenestrado do governo Dilma, o ex-ministro Nelson Jobim disse, por ocasião dos 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que “os idiotas perderam a modéstia”. Na verdade, a modéstia é o traço mais marcante do humilde, e sua ausência fatalmente degringola em pura idiotice.
Uma característica que se pode observar generalizadamente nos dias correntes em socialistas, comunistas, anarquistas, social-democratas e que tais, é justamente a falta de humildade. Essa arrogância patente, fruto da crença imorredoura de se ser o único a ter nas mãos as chaves para uma nova Era de Ouro do homem, degenera-se em uma incapacidade quase inelutável de compreender não apenas os fundamentos de sua própria ideologia, mas os fundamentos de qualquer vertente do complexo pensamento humano – filosofia, sociologia, economia, teologia, política e afins. Era muito mais fácil encontrar, nos anos 1960, algum teórico marxista-leninista que fosse versado nessas áreas e as dominasse com alguma profundidade. Hoje, o que se encontra, e em aterradora abundância, são papagaios de forma mais ou menos humanóide que repetem chavões esgarçados e cultuam figuras crípticas, algumas das quais foram diretamente responsáveis pelas maiores atrocidades cometidas na história humana.
Ao contrário do que podemos pensar, nós conservadores não estamos a salvo desse inferno intelectual. A crença pia de que somos nós, e não eles, os portadores das chaves da redenção humana pode igualmente degenerar-se em uma arrogância perniciosa, uma espécie de lepra moral e intelectual que nos empurra ao imobilismo inveterado e a um comportamento reacionário indiscriminado, como se toda e qualquer mudança – mesmo aquelas que são fruto do desenvolvimento natural da sociedade humana sobre as bases que tomamos como sagradas – fosse ruim e devesse ser combatida.
Temos em Burke o exemplo de um conservador que, mantendo muito bem essa distinção, foi um ilustre verdugo da Revolução Francesa de 1789, mas apoiou publicamente a Revolução Americana de 1776. Ora, é fácil para qualquer conservador torcer o nariz e franzir o cenho ante a mais rápida menção de “revolução”. A arrogância nos faria pensar que, pelo fato de ter sido oriunda de um movimento revolucionário, a independência dos Estados Unidos foi ilegítima e condenável; todavia, a Revolução Americana de 1776 foi um movimento inegavelmente conservador, ainda que tenha optado pela senda da revolução.
Uma constante autocrítica é imprescindível para que não acabemos por fazer jus às calúnias infundadas que nos lançam desde os tempos dos jacobinos. É essa autocrítica, quando exercitada diuturnamente, que desenvolve em nós a humildade necessária para a compreensão da trajetória humana e dos fundamentos de seu legado moral, material, intelectual e espiritual.
O Conservadorismo é um amplo corpo de idéias e princípios sobre os quais se orienta a vida em sociedade. Por ser tão amplo, possui um aspecto político; e por possuir um aspecto político, o Conservadorismo está automaticamente em perigo. Ninguém precisa viver muitos anos para saber que não há palavras mais verdadeiras do que aquelas que dizem ser a política uma das três áreas (amor e guerra sendo as outras duas) em que tudo de mais covarde deve ser esperado.

Os adversários ideológicos do Conservadorismo sempre o temeram, e nunca dantes como hoje, quando está vigorosamente revivendo de uma condição de quase rigor mortis; e eles não se furtam a fazê-lo parecer nada atraente. Se Lowell Mason, ex-Comissário do Federal Trade Commission, não tivesse, em seu recente livro, “The Language of Dissent”, convencido a mim que seria melhor que as pessoas decentes e inteligentes decepassem suas línguas do que fofocassem a respeito de a FTC compor a sombria assistência do Grande Irmão, eu estaria inclinado a recomendar que o Conservadorismo prestasse queixa contra suas ideologias concorrentes, particularmente aquelas cujos líderes mais autoconfiantes são os que mais sonoramente se proclamam liberais.

Os auto-intitulados liberais (ainda que haja termos descritivos mais acurados para descrever muitos deles) são, indubitavelmente, culpados pela mais desleal competição, e particularmente são culpados de falsa e equivocada propaganda. E o pior de tudo é que eles não param em pintar seu próprio lírio com cores falsamente belas: eles pintam, de maneira ainda mais insinuante, o Conservadorismo com cores falsamente feias. Eles deliberadamente conduziram multidões para longe do Conservadorismo ao identificá-lo equivocadamente com mera nostalgia, com imobilismo cego e com reação automática e amarga.

Não é necessário discutir se, em alguns momentos de nossa história, àqueles que foram considerados representantes do Conservadorismo poderiam ser imputadas essas atitudes parcialmente. Os homens e as mulheres que hoje são os maiores representantes do ressurgimento do movimento conservador certamente não podem ser acusados de tais pontos de vista. Mas o fato de liberais poderem fazer essas acusações se fixar, poderem persuadir tantos de nossos vizinhos que nós conservadores somos reacionários insensíveis e estúpidos, exige de nós mesmos a inspeção daquela área do Conservadorismo que fornece aos liberais o grão de areia sobre o qual ergueram o terrível frontispício de papier-maché que chamam de Conservadorismo.

OS CONSERVADORES utilizam a sabedoria refinada do passado como parte dos dados para determinar políticas e práticas sociais presentes e futuras; e nós defendemos que é desastroso não fazê-lo. Tem sido uma questão eternamente discutível em que medida o homem pode, em qualquer período específico de tempo, determinar a verdade e predizer o futuro com acurácia. Os métodos para fazê-lo, testando políticas e procedimentos sociais em busca tanto de validade quanto de efetividade, são objeto de quase tanta discordância quanto são os objetivos sociais. Os conservadores acreditam que esses testes devem incluir uma avaliação crítica da experiência e da sabedoria cumulativas do homem mais do que confiar unicamente nos raciocínios de uma geração, baseados apenas ou largamente em provas corroborativas correntes desenvolvidas de fenômenos medidos quantitativamente.

O fato é que liberais radicais e totalitários amplamente evitam as lições da história a favor de novos esquemas grandiosos de pretensas reforma e beneficência utópica – esquemas concebidos e baseados em supostas hipóteses científicas e sociológicas, e planejadas logicamente para a contínua direção coercitiva do bem-estar humano planificado por uma elite autoritária. Mas quanto maior e mais abrupto é o abismo entre os valores e julgamentos existenciais do homem e aqueles implícitos nesses esquemas meticulosamente arquitetados, menos desejável eles são aos olhos daqueles que amam a liberdade. A combinação desses fatos, a propósito, faz os liberais vacilarem, mas nem sempre no que é salutar. E é significativo, talvez, que seu maior veneno seja dirigido àqueles conservadores que persistem mais insistentemente em pesar esses planos em uma escala que acomoda, como contrabalança, a totalidade da experiência e da sabedoria da humanidade, sendo ou não todo elemento passível de prova pelas fórmulas científicas correntes e de demonstração pela tecnologia atual.

Os conservadores não aceitam de pronto as panacéias dos liberais radicais em toda a totalidade do valor posto a elas por seus criadores. Nós acreditamos que há conhecimento e sabedoria e verdade que não são – não ainda, pelo menos – demonstráveis somente por medidas quantitativas ou aceitáveis pela fria lógica dos planos derivados destas, sem remeter à imaginação da natureza humana. Em suma, acreditamos que a natureza humana é uma realidade distinta, que possui aspectos ruins tanto quanto bons, e que não pode ser completamente conhecida nem totalmente gerenciada. Acreditamos que a humanidade, onde quer que venha a chegar, não alcançou um estado de desenvolvimento de suas capacidades que garanta a desconsideração dos princípios e tradições e lições do passado humano. Por isso, ainda que não ignoremos a inovação ou o planejamento para o bem-estar do homem, insistimos no exame de propostas concernentes a atitudes sociais e políticas e procedimentos governamentais que, pelo menos, compare a essência dessas propostas com aquelas que os homens experimentaram no passado.

Não dizemos que esse é o teste conclusivo; mas dizemos que ele tem lançado, e ainda o faz, uma luz muito importante à sabedoria ou à tolice, necessária ou potencial, dessas propostas, e à sua exeqüibilidade ou sua impraticabilidade. Nós dizemos que essa avaliação é necessária antes de ficarmos entusiasmados sobre quão desejáveis ela seriam se pudessem funcionar. De quando em quando, desejamos, tanto quanto aqueles que propuseram esses planos, que seus resultados realmente surjam; mas defendemos que é pelo bem da sabedoria e da honra e da segurança da humanidade que, se há evidências convincentes de que o plano não apenas não proporcionará seu desejado fim beneficente, mas também levará a maiores dificuldades e perigos do que aqueles que se procura remediar, a ação social proposta não deve ser levada a cabo. E tal evidência convincente frequentemente pode ser, defendemos, aduzida, ao menos em parte, da evidente experiência existencial e das mais profundas tradições da humanidade – ainda que a pertinência e a validade de cada detalhe dessa experiência e dessas tradições não sejam suscetíveis de demonstração pelos mais severos testes da racionalidade e das medições quantitativas nos quais insistem aqueles de mente mecanicamente crítica. Ou resistir, no fogo de tamanha controvérsia, aos sarcásticos apelos emocionais contraditórios do pensamento anelante de bem-intencionados, irracionais, auto-intitulados e ditatoriais samaritanos.

POR CAUSA DESSA atitude somos tachados de reacionários cegos, teimosos e insensíveis; e devemos ter muito cuidado para não merecer essa classificação. Se nos opusermos apenas emocionalmente a uma proposta não é difícil encontrar na história um paralelo semelhante, que foi desastroso, no qual podemos basear uma oposição que terá o som da razoabilidade. Conservadores (em também sendo humanos) são culpados de tais erros. A falha do Conservadorismo ao enfrentar o pior da última onda de radicalismo liberal revolucionário e totalitário ocorre, sobretudo, porque o Conservadorismo perdeu sua capacidade crítica e negligenciou sua própria autodisciplina. Muitos conservadores se tornaram imobilistas cegos; e quando uma mudança violenta era imposta à sociedade, muitos conservadores se tornaram reacionários indiscriminados.

A função primordial do Conservadorismo em uma era como a nossa, quando houve quebras tão grandes e violentas com o passado, é ser discriminatoriamente crítico. O padrão do passado tem sido, por bem ou por mal, destruído além do conserto em todos os seus detalhes. O conservador acredita que ainda há muito de beleza e de valor social nesse padrão, que devem ser recuperados se o homem tiver a oportunidade de realizar suas aspirações e não se tornar tão-somente um animal hedonista. A capacidade crítica necessária para discernir que elementos desse padrão devem ser conservados não pode ser desenvolvida sem a aplicação, pelo Conservadorismo, de intelectualismo da mais alta ordem. Portanto, nosso Conservadorismo crítico deveria atrair (e ele deve, para seu sucesso total, atrair) as melhores mentes adultas de nossa era. E, para seu crescimento, ele deve reacender em nossos jovens o entusiasmo pela excelência de toda sorte. Esse fogo necessário tem sido há muito sufocado pela nebulosa mediocridade implícita nas ideologias às quais se opõe o Conservadorismo, aquelas ideologias e sociologias igualitárias mecanicamente orientadas que impuseram seus padrões depressivos onde deveria haver nossas normas inspiradoras.

O núcleo duro da crença conservadora no acúmulo da experiência e da sabedoria do homem está nisto: os conservadores estão convencidos de que o tempo, a economia e a natureza humana não são tão elásticos e passíveis de manipulação como os liberais e totalitários radicais devem equivocadamente, e talvez sinceramente, acreditar. Ou eles devem acreditar nisso sinceramente, ou então sua fantástica ignorância quanto às óbvias limitações desses materiais crus de ação social e bem-estar social – uma ignorância implícita em muito de seu planejamento social – deve ser tomada como uma mera trapaça cínica de poder pessoal, ou de ilusão das mentes fracas e alienadas. Uma coisa é olhar mil anos a frente e prever o que o homem pode alcançar com o auxílio do conhecimento adicional e das habilidades que ele terá (a não ser que se tenha destruído a si mesmo, física ou espiritualmente, ou ambos, no processo de sua aquisição). Outra coisa é determinar, hoje, como utilizar melhor o conhecimento e as habilidades limitados que o homem tem hoje, e como melhor preservar e prolongar o propósito do homem enquanto homem, não meramente um animal. Há períodos no crescimento do homem, tanto individual quanto coletivamente, quando seu bem-estar requer mais a análise crítica do que ele adquiriu do que a cobiçosa aquisição acrítica contínua.

Os conservadores acreditam que nossa era é um tempo para o minudente escrutínio crítico de toda proposta concernente atitudes e ação sociais. Não propomos forçar as aspirações da humanidade para trás e para baixo; de fato, nossa proposta é o contrário. Para esse fim, não propomos que o homem deve ser metido em circunstâncias perigosas tão difíceis de enfrentar no estado atual de seu conhecimento, suas habilidades, e seus recursos, de modo a ameaçar a própria existência da humanidade; em circunstâncias que impõem estresse e tensão além da capacidade limitada do homem, por ser homem, de resistir; em circunstâncias que tendem a destruir as melhores conquistas do homem para satisfazer o clamor difuso daqueles que pertencem a uma ordem inferior, imediatamente e a qualquer custo. É a combinação do melhor e do pior do homem, sua boa vontade e sua vaidade, que induz alguns de cada geração a pensar que podem resolver rapidamente os problemas e iniqüidades que existiram desde sempre, e que ainda carecem de soluções imediatas e completas. É a mal-vinda, mas necessária, tarefa do Conservadorismo pesquisar, e enfatizar de tempos em tempos, as lições da história, às vezes naquelas mais horríveis e sórdidas, para prevenir o desastre de se acatar tais pensamentos anelosos. O Conservadorismo não condena todos os radicais liberais como patifes. Mas é um frágil conforto para o ferido mortalmente saber que foi exaurido por santo tolo.

NESSAS POUCAS PÁGINAS que chamam atenção para o aspecto crítico da doutrina do Conservadorismo, é possível fazer um pouco mais do que afirmar a fé do Conservadorismo na totalidade da experiência humana como um elemento necessário para se chegar a julgamentos sobre a eficácia provável de ações sociais propostas. Não é possível propugnar o elaborado argumento de que alguns requereriam para ser ou convencidos, ou persuadidos. Também não é possível fazer mais do que identificar um elemento muito importante implícito nesse processo crítico – que não é parte necessária da maior parte das ideologias opostas ao Conservadorismo e que é expressamente rejeitado por algumas delas. Refiro-me à amálgama de princípios religiosos com padrões morais e éticos.

O processo de crítica do Conservadorismo, baseado em parte em todos os aspectos da história e na totalidade da consciência humana sobre si mesmo e o mundo, necessariamente traz à baila os princípios religiosos, morais e éticos com os quais muito da humanidade está imbuída, não importa quão histéricos os devotos de algumas ideologias possam lhe negar qualquer base válida. A mim me parece que alguém dificilmente pode ser um conservador a menos que acredite que o homem nasça, se não com aspirações, ao menos com a disposição para isso, e aquela desintegração de sua humanidade deve ocorrer e ele pode perder sua identidade como ser humano se essas aspirações, ou tendências, são sobrepujadas e nubladas por atitudes e ações sociais que sirvam somente a seus desejos. O conservador deve, pois, defender que essa condição, a pior de todas possíveis, não é compensada pelo padrão de vida materialista mais altamente possível, que pode ser alcançado por uma sociedade tecnologicamente proficiente totalmente devotada às suas destrezas cientificamente materiais de mágica mecanicista e sua medição.

Ao contrário, o Conservadorismo, sendo plenamente consciente do poder das fragilidades e da “humanidade” da natureza humana, deve sempre ter em mente que é a exceção, não a regra, um homem frio e faminto tornar-se um homem excelente e cooperativo. Não podemos, e não devemos, negligenciar o papel que o padrão de vida do homem exerce necessariamente na ação e na reação sociais. Devemos tornar patente que damos o devido valor aos anseios do homem por bens e luxos físicos ao mesmo tempo em que afirmamos que essa ânsia animal não preenche o lugar de sua necessidade por bens e luxos do espírito.

Há poucos homens confiantes que seriam grandemente exitosos se não houvesse um pingo de cobiça em todos nós. Da mesma forma, as acusações sobre os conservadores não seriam tão perniciosas se não tivessem uma base minimamente factual. Aqueles que se dedicam a reconstruir o Conservadorismo em uma ideologia efetiva em nosso país acreditam, é claro, que ele fornece a direção e os procedimentos necessários para a melhor ação social e, de longe, a melhor proteção para os indivíduos de uma sociedade (e o individualismo, entendido como a liberdade e o gozo inerentes aos direitos individuais e às responsabilidades derivadas da autonomia individual, é um importante aspecto do Conservadorismo); mas entendemos que o Conservadorismo nunca teve uma tarefa mais difícil e vital para atingir do que essa que se nos coloca hoje. Nós acreditamos que o rótulo de reacionários cegos e insensíveis não é justificavelmente aplicável ao conservador crítico de hoje, mas uma grande parte de nosso trabalho, nesse estágio, é convencer os outros de que os epítetos com os quais os conservadores são tachados são falsos e enganosos. Esse é um pré-requisito necessário para as grandes façanhas que, somente então, serão possíveis.

Como parte desse trabalho preliminar, devemos desenvolver dentro de nossas próprias alianças uma percepção mais acurada e coesa das tradições e dos princípios históricos do homem que são essenciais para seu bem-estar, agora e no futuro, e devemos mais ainda formular critérios precisos sobre esse conhecimento, que é válido a despeito da ausência de provas baseadas em medições quantitativas. Então, devemos persuadir os descompromissados que os assim revelados testes para a ação social apropriada possuem pertinência para um futuro melhor do homem. Todavia, todos os nossos esforços serão em vão a menos que também persuadamos as pessoas de que a principal razão de ser do Conservadorismo é o melhoramento de sua condição humana e que a preocupação do conservador com o passado, seu desejo de conservar certos elementos do passado, é relacionado unicamente com essa consideração. Em suma, nós conservadores sabemos que nossa principal preocupação é com o bem-estar de todos os homens; um grande número de nossos companheiros é, entretanto, cético, e devemos remover boa parte dessa dúvida para que o Conservadorismo seja efetivo.

Assim, uma grande porção da tarefa do Conservadorismo hoje é reconquistar a confiança dos homens em geral – uma confiança cuja boa parte perdemos, em parte porque o Conservadorismo, por um tempo, parou de ser suficientemente crítico, e em parte porque nossas ideologias rivais se capitalizaram enormemente sobre nossos menores erros e se auto-proclamaram espalhafatosamente os únicos possuidores de todas as virtudes sociais. Eles nos propagandeiam como relíquias estúpidas e insensíveis de uma era passada que é melhor ser completamente esquecida caso o homem queira ter um futuro melhor. Todavia, sem os preceitos do Conservadorismo – preceitos que conectam, de modos não unicamente mecanicistas, todo o passado da humanidade com todo seu futuro –, os homens não podem ser homens e mulheres no senso humano no qual cremos. Não podemos permitir que o Conservadorismo e a preservação da humanidade sejam desfeitos por uma desconstrução desses princípios, ou por seu abandono ou deturpação. Devemos manter o Conservadorismo vivo e crescendo e, para tanto, devemos fazê-lo, e mantê-lo, tanto persuasivo quanto agudamente crítico.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".