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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O CÚ E O CAPITAL: REPOLITIZANDO A MAQUININHA DE CORTAR MERDA*

* Antes que comecem a pensar que fiquei louco, idiota ou algo parecido, o artigo publicado no UOL (site A Capa) vai muito além do título "barra pesada" deste post.

O autor é um tal de Tiago Duque, como poderão perceber. Ele também publicou no mesmo site outro artigo onde afirma que a Marcha Gay terá como tema o aborto. O artigo sobre o fiofó politizado e comunista (venceu o capital) é uma das maiores aberrações que já vi na vida. Escrito para desmontar os menos preparados para lidar com o MAL OBJETIVO, o cidadão articulista acha que o cú (dele, pois o meu não) é um ser vivente, quem sabe até se candidate algum dia...

Tem gente cujo ânus é que fala. Ou que cuja boca só sai merda. O Tiago Duque parece ter as duas características.

O artigo me fez lembrar do AUTO DA COMPADECIDA, achei o trecho. Segue o vídeo e depois o artigo, também em áudio:



Artigo em áudio:







Disparatada: Sexo anal derruba o capital

Por Tiago Duque* em 13/10/2011 às 13h25
http://acapa.virgula.uol.com.br/colunas/disparatada-sexo-anal-derruba-o-capital/10/104/14962

Foi o tempo em que palavras de ordem do tipo “sexo anal derruba o capital” eram proferidas em atos do então movimento homossexual brasileiro. Do final da década de 1970 até os dias atuais, muitas coisas mudaram no cenário da diversidade sexual em nosso país. Hoje, antes de voltarmos a fazer alusões ao poder revolucionário das práticas sexuais anais, há de se problematizar o quanto elas também já foram engolidas pelo mercado, afinal, o que não tem sido mediado pelo dinheiro? Por exemplo, como a tendência geral do capital é valorizar algo que possa ser vendido aparentemente como novo, bom, limpo e saudável, em várias situações o ânus tem se tornado cada vez mais o contrário do que parece: sujo, feio, usado e anti-higiênico.
Escrever sobre essa parte do corpo e o que aprendemos a fazer com ela ao longo do tempo me parece necessário na lógica que poucos tem defendido: precisamos re-politizar o cu. Então, porque não o pensamos como alternativa para desestabilizar a falsa naturalidade da diferença sexual baseada no reconhecimento de apenas dois sexos diferentes, opostos e complementares (hetero-centrados) chamados de pênis e vagina?
Nessa lógica, o mais importante é não sermos ingênuos em acreditarmos que sexo anal seja por excelência uma prática gay. Não, pelo contrário. Não existe nada menos identitário e mais democrático do que o prazer proporcionado por traz. O desejo anal não cabe em nossas limitações classificatórias, ainda que seja estrategicamente alocado pelo discurso conservador como sendo algo não adequado aos homens heterossexuais. É preciso libertar a heterossexualidade masculina do medo de curtir o que tem se compreendido como não sendo coisa de homem. As mulheres também precisam deixar de lado a idéia de que esta experiência não combina com o casamento ou as mais valorizadas experiências de feminilidades.
Por isso, acho válida a proposta da filósofa queer Beatriz Preciado. Para ela é preciso pensar em uma sociedade anal-centrica! A idéia é nos unir enquanto diferentes por aquilo que temos em comum, o ânus. Com isso experimentaríamos as relações de gênero e sexualidade fora dos atuais marcadores hierárquicos. Porque, na lógica hegemônica na qual vivemos mergulhados, aqueles que têm pênis e o usa, diz usar ou deseja fazê-lo de forma penetrativa diante de uma vagina têm sido alocados nos mais altos postos morais, criando assim relações assimétricas e desiguais.

Esta reviravolta em nossos olhares sobre nós mesmos não é tão simples assim. Porque, caso engajemos em iniciativas para voltar a valorizá-lo teremos que nos cuidar para não investirmos nas práticas de vaginização do mesmo, como tem sido corrente quando este é mais desejado por não ter pêlos, estar sempre apertado e cheiroso, quase virginal.
Também temos que nos cuidar para, via discursos sanitaristas, não acreditarmos que o sexo anal seja sempre mais vulnerável do que o chamado “reprodutivo”, isto é, aquele não ingenuamente identificado como “papai e mamãe”. Criar ou manter novas experiências sexuais com o ânus não é contra-indicado, pelo contrário, para muitos, não vivenciar estas experiências é que pode ser prejudicial à saúde. Mas, ao tocarmos nesta prática, não podemos nos referir somente a uma dimensão pênis-ânus, antes a uma multiplicidade de possibilidades, seja envolvendo outras partes do nosso corpo ou de outros corpos como também de usos criativos dos objetos ao nosso redor.
Um amigo me contou uma história que logo pensei em o quanto, por mais que tentem controlar os usos anais, eles nunca serão totalmente dominados. Ele, ao ser barrado por diversas vezes na porta giratória de um banco, foi convidado pelo segurança a abrir a mochila, tirar todos os seus pertences e mostrar aos funcionários. Ficou irritado e, dentre seus pertences pessoais inofensivos, sacou um enorme pênis de borracha. Como em um ato heróico, empunhou e levantou o membro rígido e bradou: “Só tenho isso aqui! Querem pegar?” Na seqüência, como por um milagre, as portas giraram e ele pode entrar para pagar as suas contas. “Não, não senhor. Por favor, guarde os seus pertences”, foram as palavras do segurança que tremia e suava frio diante das inimagináveis possibilidades de uso de tal objeto. Risos e espanto se multiplicaram na fila formada pelas pessoas que esperavam o impasse ser resolvido para também passarem pela porta.
Usar da vergonha e do escândalo que felizmente resistem em se manter vinculadas às práticas anais não tem sido possível somente em atos de indivíduos isolados. Há situações coletivas de deboche via alusão às práticas anais que são verdadeiras armas no enfrentamento ao conservadorismo e a falsa moralidade. Lá na Universidade Federal Fluminense, por exemplo, há algumas semanas o nobre debutado Jair Bolsonaro foi impedido de sair de carro via o fluxo normal da rua devido ao protesto de dezenas de estudantes contra a sua já conhecida postura preconceituosa diante de vários temas como o racismo, feminismo e a diversidade sexual. Em meio a palavras de ordem, ouviu-se: “Dá ré Bolsonaro!” e “Sai de ré Bolsonaro!”. Milhares de pessoas já acessaram as imagens do corajoso ato dos estudantes no site youtube.
Com esta reflexão não quero incentivar o sexo anal, porque ele não precisa de incentivo, pois sabemos que apesar da perseguição moral que ainda sofre, multidões o pratica. Mas, pensar sobre seu potencial político e salvá-lo de certas normatizações se faz necessário, lembrando que, como tantas outras coisas na vida, não é o ato em si que é revolucionário, mas a forma de executá-lo. Assim, a despeito das resistências individuais ou coletivas, cada vez mais o sexo anal tem deixado de ser asqueroso para ser normal. E, com isso, a nossa força política tem sido cada vez mais respeitável e menos transformadora.
*Tiago Duque é sociólogo e tem experiência como educador em diferentes áreas, desde a formação de professores à educação social de rua. Milita no Identidade - Grupo de Luta Pela Diversidade Sexual. Gosta de pensar e agir com quem quer fazer algo de novo, em busca de um outro mundo possível.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que ninguém nunca pensou que viveria para ver um besteirol tão insano como as "idéias" desta figura anal-ítica do inferno, vinda diretamente dadonde que vive os morto!!!

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".