Ricardo Puentes Melo
Há alguns dias anunciamos que em uma viagem relâmpago que fizemos a Ureña, nos entregaram uns vídeos onde se vê claramente a equipe de Gustavo Petro reunida com o prefeito de Ureña, e outro vídeo onde a mesma equipe de Petro está reunida com militantes do PSUV, membros do PC, do Polo[1], simpatizantes das FARC e da revolução bolivariana.
Uma parte desses vídeos foi entregue a El Tiempo, há cerca de um ano, porém este jornal capitalino editou o que não convinha “à causa” socialista e publicou uma pequena parte da entrevista dos enviados de Petro com o prefeito de Ureña, onde parecia que estiveram falando de coisas triviais.
Entretanto, Periodismo Sin Fronteras tem a totalidade do material e dessa maneira o apresentamos. Nestes vídeos fala-se claramente das afinidades ideológicas entre Petro (Polo) e a revolução chavista, fala-se da necessidade de unir esforços contra a “direita” colombiana à qual - dizem - não vencerá as eleições se a esquerda colombiana não se unir e não receber ajuda dos governos da Venezuela e do Equador.
Nesta primeira edição mostraremos a reunião que houve antes das eleições de março de 2010, entre os emissários de Gustavo Petro, que comandava as eleições para a presidência da Colômbia pelo Polo Democratico, e membros do PSUV, do governo de Chávez, em especial do estado Táchira, de filiação chavista e da própria prefeitura de Ureña.
A essa reunião assistiram, entre outros, o então candidato do Polo à Câmara de Representantes pelo exterior, Mauricio Trujillo Uribe, o deputado pelo Norte de Santander, Ramón Elí Támara Rivera, e Elsa Mireya Sierra, membro do Polo Democratico e do PSUV - ao mesmo tempo -, também coordenadora da organização política bolivariana “Batalhão Mercedes Abrego” em Ureña, e ainda membro da “Associação Cívica de Mulheres com Petro”.
Nesta primeira parte mostra-se como o prefeito encarregado de Ureña diz que apóia Petro e o Polo, devido a que há uma linha ideológica comum e que são afins com Chávez. A reunião gira especificamente sobre o pedido de ajuda que Mauricio Trujillo - o petrista que aspirava a Câmara Internacional - faz, apoio que deve se tornar extensivo nesse 11 de março de 2010 à candidata Gloria Flórez, para o Parlamento Andino, que “tem boas relações com o processo bolivariano”. Também pede-se apoio para o então candidato ao Senado e presidente do sindicato do magistério, FECODE, e também petrista do Polo, Jorge Eliécer Guevara. Os petristas pedem ajuda ao prefeito de Ureña para reunir colombianos na Venezuela que apóiem os candidatos do Polo. O prefeito assegura que devido à linha ideológica entre o Polo e o PSUV, será fácil ordenar que se vote neles. Planejam uma nova reunião e Mireya Sierra, membro do PSUV e da Associação de Mulheres Cívicas com Petro, diz que para essa nova reunião “viríamos os três: a candidata para o Parlamento Andino, o senador e eu”.
Na segunda parte veremos os mesmos personagens petristas do Polo com o assessor de imprensa chavista em Ureña e outras cidades do estado Táchira. Saúdam-se com “Olá, Camarada”, fazem acordos para que as pessoas que têm dupla identidade (colombiana e venezuelana?) que estejam vivendo no estado e em toda a Venezuela apóiem os candidatos do Polo, já que eles são afins ao governo da revolução chavista. Marcam-se as reuniões para que se convidem líderes. Mauricio Trujillo diz que na Venezuela podem ajudá-lo nas três cadeiras: Senado, Câmara no exterior e no Parlamento Andino, que é Gloria Flórez. Menciona-se que pode-se aproveitar o velho costume que há entre os camaradas de ambos os países. O assessor chavista diz: “Quando há eleições aqui (Venezuela) vem muito camarada colombiano que tem identidade venezuelana e que inscrevemos em qualquer escola daqui. Do mesmo modo ocorre lá: há muito colombiano ou venezuelano que tem identidade colombiana e que vivem aqui (Venezuela) e eles já sabem onde é que têm que ir votar lá”. Depois diz que deve-se montar umas vinhetas na rádio e publicidade na TV venezuelana para anunciar o apoio do governo revolucionário aos candidatos do Polo, encabeçado por Petro. Para reafirmar seu poder de “persuasão”, diz que o que se ordena desde a prefeitura em Ureña é lei para as pessoas que vivem lá, assim que o respaldo será muito efetivo.
Ele lembra que uma das chaves do êxito da revolução é a sujeição e a obediência, e “aqui são muito obedientes”, conta rindo. Fala da dupla identidade de mais de cinco mil pessoas, enquanto que Mireya Sierra, que está de calça branca e blusa vermelha, está feliz com a diligência. É importante lembrar que ela pertence ao Polo Democratico e ao PSUV - ao mesmo tempo -, e também é coordenadora da organização política bolivariana “Batalhão Mercedes Abrego” em Ureña, e membro da “Associação Cívica de Mulheres com Petro”.
Na próxima edição veremos as duas outras partes desta interessante reunião entre os emissários de Gustavo Petro Urrego, hoje candidato à Prefeitura de Bogotá, o governo chavista e outros delegados do PSUV. Isto é apenas um aperitivo. Temos outro vídeo de uma reunião secreta entre delegados de Petro, do PSUV, membros do “Batalhão Mercedes Abrego”, membros do Partido Liberal, do Polo. Todos conspirando contra a “direita” colombiana, contra o governo de Uribe, dando instruções para apoiar e ser apoiados por Chávez.
Penso que não é demais lembrar aos colombianos que a procura de apoio de governos ou cidadãos estrangeiros para as eleições internas da Colômbia é umdelito. Por que não se investigou isto?
Pois, pela mesma razão que não se investigam as relações e nexos de magistrados, juízes, promotores e políticos com narcos e guerrilheiros. E pela mesma razão que usam o sindicato de professores, FECODE, para apoiar os candidatos da revolução comunista na Colômbia. Ninguém protesta porque o presidente do sindicato dos professores - que são os que controlam a educação pública e os que se encarregam da educação de nossos filhos - tem nexos com o socialismo bolivariano.
Pobre Colômbia! Pobre Bogotá!
Nota da tradutora:
[1] Polo Democratico Alternativo, partido de corte comunista, membro do Foro de São Paulo, conformado em sua maioria por “ex” terroristas do M-19, aqueles mesmos que assaltaram o Palácio da Justiça em 6 e 7 de novembro de 1985, e que agora acusam o Cel Plazas Vega de haver “desaparecido” pessoas que eles assassinaram.
Tradução: Graça Salgueiro
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