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terça-feira, 26 de abril de 2011

Relatório da Aeronáutica, mantido em segredo por mais de três décadas, mostra que grupo alemão planejou sequestrar brasileiros

O GLOBO
Publicada em 23/04/2011 às 18h13m Jailton de Carvalho  


BRASÍLIA - O Baader-Meinhof, o mais radical grupo da extrema esquerda alemã na década de 70, planejou sequestrar empresários no Brasil. A informação consta de um relatório confidencial produzido pelo serviço de inteligência da Aeronáutica durante a ditadura militar. O documento, mantido em segredo por mais de três décadas, faz parte de um acervo de 50 mil textos e fotos que o Arquivo Nacional, de Brasília, franqueou ao público semana passada.
Os papéis mostram que a ditadura brasileira estava preocupada não apenas com os inimigos internos. O governo dos generais estava de olho também em possíveis conexões da esquerda brasileira com guerrilheiros do exterior, entre eles o Baader.

Pelo relatório, o Baader-Meinhof planejou sequestrar dirigentes da Daimler-Benz, Volkswagen e Basf no Brasil e levá-los, depois, para a Argélia. A ideia era trocar os sequestrados por militantes do Baader que estavam presos na Alemanha. Os líderes do Baader acreditavam piamente que a operação poderia dar certo, nem que para isso tivessem que matar alguns dos sequestrados.

"Não se recuaria da liquidação parcial de reféns, como reforço da exigência de libertação dos elementos presos", diz o relatório, elaborado pela Aeronáutica em 11 de junho de 74.

Segundo o documento, os sequestros contariam com a ajuda dos Tupamaros, o mais forte grupo de guerrilha urbana do Uruguai. Os Tupamaros estaria até "treinando" os militantes do Baader para as operações na América do Sul.

"Esses planos (de sequestros) deverão ter início após a abertura dos processos contra os membros (do Baader) detidos", avisa informe intitulado "Quadrilha Baader-Meinhof - Atividades Terroristas" da Aeronáutica distribuído entre os órgãos de inteligência vinculados ao Serviço Nacional de Informações, o extinto SNI. O relatório tem como fonte "serviço de inteligência de país amigo".

O Baader, chefiado por Andreas Baader e Ulrike Meinhof, foi um dos principais grupos da extrema esquerda europeia. Militantes do grupo estariam por trás de pelo menos 30 atentados ao longo dos anos 60 e 70. Numa das primeiras ações de impacto, o grupo ateou fogo numa loja de departamento em Frankfurt.

Numa das ações mais ousadas, em 1977, militantes do Baader e da Frente para Libertação da Palestina sequestraram um Boeing 737, da Lufthansa, com mais de 90 pessoas a bordo. O avião, que saiu de Palma de Maiorca com destino a Frankfurt, foi levado para Mogadíscio. Os sequestradores queriam como resgate a libertação dos líderes Andreas Baader e Ulrike, entre outros, que já estavam presos.

Mas, depois de quatro dias de negociações, os sequestradores foram assassinados. Os principais líderes do grupo morreram na prisão, logo depois do fracasso do sequestro. A polícia alemã diz que cometeram suicídio coletivo. Mas, para militantes de esquerda, eles teriam sido executados por vingança.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/04/23/relatorio-da-aeronautica-mantido-em-segredo-por-mais-de-tres-decadas-mostra-que-grupo-alemao-planejou-sequestrar-brasileiros-924305096.asp#ixzz1Ke6QxpNt 
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".