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terça-feira, 26 de abril de 2011

JPCoutinho e o encontro teórico de Edmund Burke com Isaiah Berlin

BRUNO GARCHAGEN
QUARTA-FEIRA, 20 DE ABRIL DE 2011


Edmund Burke
Isaiah Berlin

Queria compartilhar com vocês um tópico especial no primeiro post da proposta de celebrar o ideal de Universidade. Porque o autor da tese que irei recomendar foi o responsável pela minha entrada na vida acadêmica e, posteriormente, honrou-me ao aceitar ser o orientador da minha tese de mestrado defendida em fevereiro passado.Em Dezembro de 2008, João Pereira Coutinho defendeu a sua tese de doutorado batizada de Politica e Perfeição: Um Estudo sobre o Pluralismo de Edmund Burke e Isaiah Berlin e apropriadamente aprovada com nota máxima (summa cum laude) pela banca.

O trabalho é um estudo crítico e bem fundamentado que, usando as categorias de Michael Oakeshott, identifica as afinidades teóricas entre Burke e Berlin na oposição de ambos à politica de fé e na defesa comum da política de ceticismo, posição compartilhada que suplanta os respectivos enquadramentos políticos com que normalmente são identificados (conservadorismo e liberalismo). JPCoutinho identifica naquelas categorias uma dupla concepção de natureza humana de onde emerge uma “proposta pluralista que evita a nemesis característica da «política de ceticismo»: por um lado, um convite à inação do agente; e, por outro, a ausência de princípios duradouros capazes de enformar a condução do governo”.

A parte substantiva do argumento desenvolvido na tese está centrada na crítica antirrevolucionária de Burke, cujo conservadorismo é indissociável de uma dupla concepção da natureza humana, e na crítica antiutópica de Berlin, ancorada numa concepção de natureza humana universal. JPCoutinho demonstra na conclusão que Burke e Berlin têm uma similar concepção pluralista da atividade política, “na medida em que a afirmação de uma multiplicidade de valores e fins últimos de vida não exclui princípios universais, transtemporais e trans-espaciais, que resgatam ambos da nemesis característica da política de ceticismo”. Ambos, assim, resgataram e atualizaram o espírito político do “trimmer” na concepção consagrada pelo 1º Marquês de Halifax, ou seja, o esforço para entender e conduzir a atividade política de forma a explorar uma via intermediária que garantisse um justo equilíbrio. 

Oakeshott advertiu que a política não deveria ser entendida como uma atividade que transforma os arranjos de uma sociedade segundo os ditames de uma ideologia de perfeição alicerçada em princípios abstratos. O agente político, por seu turno, buscaria o equilíbrio adequado para “evitar a destruição e a autodestruição dos extremos”. Burke e Berlin, segundo JPCoutinho, defendiam uma via pluralista de equilíbrio e moderação que, diante da complexidade da política, necessitava reforçar o vigor do ceticismo político diante das ameaças da politica de perfeição contra a justo estabilidade da vida em sociedade. 

A tese é dividida em duas partes (Parte 1 - Edmund Burke e a «Revolução Filosófica» e Parte 2 – Isaiah Berlin e a Busca do Ideal) e tem oito capítulos, incluindo a introdução e a conclusão. O capítulo sobre Burke e a explicação sobre a natureza do conservadorismo britânico são primorosos. Há muitas outras questões relevantes e tópicos de interesse, mas este post não é um ensaio crítico sobre a tese, mas apenas uma breve apresentação dos argumentos principais. 

É o caso agora de esperar que o JPCoutinho publique urgentemente a tese em livro (ou dela faça dois ou mais livros, segundo ele me disse ser a sua intenção) porque, neste momento, os interessados só poderão ter acesso à tese se a consultarem na biblioteca do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa em Lisboa.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".