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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Termômetro: Presidente não se importou em educar a população…

INSTITUTO MILLENIUM
dezembro 25, 2010

Autor: Alberto Carlos Almeida


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Termômetro: Presidente não se importou em educar a população para a conexão entre impostos e bom uso do dinheiro público
No fim de semana, as diversas avaliações do governo Lula, em cadernos especiais publicados em jornais, chamaram a atenção para dois fatos: a melhora do padrão de vida da população (o lado positivo do governo) e a inexistência de legislação reformadora, o aspecto mais negativo da administração Lula.
Estou em busca aqui, como afirmei anteriormente, de uma avaliação não tradicional do governo. Assim, há duas semanas escrevi sobre o que julgo ser o lado positivo dos oito anos de governo Lula: o fato de o presidente ter assumido aquele que considero ser o mais importante papel do presidente, o de se comunicar com a sociedade. O presidente, eis uma lição importante que fica para Dilma, não deve se imiscuir nos detalhes diários da administração sob pena de induzir a sua equipe a não tomar decisões ou a tomar decisões erradas. O presidente é antes de mais nada e acima de tudo um comunicador. Essa foi a grande virtude de Lula como também foi de Ronald Reagan, Clinton, Bush filho e tem sido a de Obama.
O lado negativo do governo foi, sim, a inoperância legislativa, mas foi também a completa falta de empenho de Lula em associar os impostos ao bom uso do dinheiro público. Não cabe aqui questionar, a princípio, a predisposição de Lula em defender mais impostos. O presidente não para de lamentar aquela que foi, em sua avaliação, a grande derrota legislativa do governo: a abolição da CPMF. Como cidadão e pagador de impostos, afirmo que a principal derrota do governo Lula foi uma grande vitória da sociedade. Nós que pagamos impostos e vemos todos os dias o dinheiro público sendo desperdiçado achamos que a derrota do governo foi, não coincidentemente, a nossa vitória. Foi-se o tempo em que Lula defendia apenas os interesses dos movimentos sociais. Hoje ele é um homem de Estado e, portanto, defende os interesses do governo. O governo quer mais impostos, quer botar mais a mão dentro de nossos bolsos.
Não defender a redução de impostos e ficar feliz toda vez que eles aumentam faz parte da ideologia de Lula. Lula é um líder de esquerda, Lula é um social-democrata e toda pessoa de esquerda gosta de impostos. Gosta de mais e melhores impostos. É legítimo que Lula seja um entusiasta do aumento de impostos e que esa propensão se manifeste em sua indignação contra a rejeição da CPMF. Cabe aqui um parêntese irresistível: onde está a oposição em relação a esse tema? Fecha parêntese.
O que não é compreensível é que durante oito anos o grande líder social que se tornou presidente não tenha feito, em suas declarações públicas, a ligação entre pagar impostos e utilizar bem o dinheiro público. No livro de Marcelo Tas, “Nunca antes na História Deste País”, há o registro de uma declaração de Lula sobre os funcionários da Presidência da República: “Há centenas de empregados à minha volta que nem sei o que estão fazendo”. A frase foi dita em setembro de 2009. Ao falar isso, ele estava fazendo pouco-caso do nosso dinheiro, que é utilizado pelo governo para pagar esses empregados.
Neste mês, foi aprovado na Câmara dos Deputados um aumento salarial de 130% para o presidente e 149% para os ministros. De quebra, os próprios deputados se deram um aumento de quase 62%. Diante desse fato, Lula fez uma brincadeira: “E o Lulinha aqui ó …” Ele se referia jocosamente ao fato de o aumento ter sido aprovado quando ele está saindo do cargo de presidente. Que pena! Lula não foi beneficiado pela magnanimidade de nossos deputados com o uso do nosso dinheiro. Há estimativas de que esse reajuste, em razão do efeito que terá sobre o aumento de deputados estaduais e outros cargos públicos de grande relevância para o funcionamento do país, tenha um impacto de R$ 2 bilhões nos cofres públicos.
No dia 3, antes, portanto, do aumento desses salários, Lula afirmou que “a carga tributária no país é justa”. É surpreendente que essa afirmação tenha sido feita por alguém que é percebido como defensor dos pobres. Quem mais paga imposto no Brasil, como proporção dos rendimentos, são os mais pobres. Isso não é justo. A cesta básica no Brasil é tributada em torno de 21%. Isso não é justo. A nossa carga como proporção do PIB é da ordem de 35%, o que é maior do que em muitos países desenvolvidos que fornecem para sua população ótimos serviços públicos. Isso não é justo.
O dinheiro público no Brasil deveria ser gasto com frugalidade e nada melhor do que um presidente que veio da pobreza para dar esse exemplo. Lula não fez isso em nenhum momento de seus oito anos de presidente. Nesse período, a nossa carga tributária aumentou e aumentaram também os salários e regalias de nossos funcionários públicos eleitos e não eleitos. Não bastasse o Aerolula, o presidente defendeu recentemente a compra de um novo avião, maior, mais moderno e mais caro para a Presidência da República. Seria o Aerodilma. O presidente argumentou que é vergonhoso para o líder máximo de um país como o Brasil ter que fazer escala para abastecer em voos mais longos.
O primeiro-ministro da Suécia tem direito a morar em um apartamento de vergonhosos 300 m2. O salário dos deputados dos Estados Unidos e da Alemanha é vergonhosamente mais baixo do que o de nossos deputados. A lista é longa e não por isso em nenhum desses países a vergonha foi corrigida enviando-se para a população o valor da conta.
Afirma-se em determinados meios que Lula é demagogo e populista. Pode até ser verdade. Todavia, como Max Weber vaticinou há mais de cem anos, não é possível que exista democracia sem que haja demagogia. O problema da democracia não é que exista um demagogo, é que não existam pelos menos dois demagogos, ambos em luta um contra o outro. O que controla um demagogo é a existência do outro. O admirado Barack Obama acabou de propor o congelamento do salário dos servidores civis americanos. Em um comunicado oficial do governo foi dito: “Esse congelamento não é para castigar os trabalhadores estatais nem uma falta de respeito com o trabalho que fazem. É a primeira de muitas medidas que tomaremos relacionada ao próximo orçamento, para dar ao país uma base fiscal sólida, que vai exigir sacrifícios de todos nós”. Para muitos isso é demagogia.
Quem dera Lula tivesse sido demagogo para solicitar que nossos funcionários públicos (eleitos e não eleitos) fizessem o sacrifício de não ter aumento. Lula poderia afirmar que, se isso acontecesse, o povo pobre, que mais paga imposto, é quem sairia ganhando. Demagogia pura, mas muito educativa. Insisto que durante oito anos o presidente não se importou em educar a população para a conexão entre impostos e bom uso do dinheiro público. Ao menos Lula não fez isso intencionalmente.
A nossa elite política vem educando a população, de maneira completamente não intencional, para o mau uso de nosso dinheiro. Há uma crença muito disseminada na população brasileira de que mais ou menos imposto não significa nem melhora nem piora dos serviços públicos. A população pensa assim: a CPMF foi instituída e a saúde pública não melhorou, a CPMF caiu e a saúde pública não piorou, continuou ruim como sempre foi. Conclui-se, obviamente, que cobrar mais ou menos imposto não muda em nada os serviços públicos.
Lula poderia ter educado a nossa população nessa direção, poderia ter passado oito anos dizendo que o dinheiro público, que é dinheiro também do povo pobre do Brasil, deve ser utilizado de maneira eficiente. Lula não fez isso. Eis agora o Brasil assistindo ao espetáculo do aumento de salários de ministros, deputados, presidente e outros cargos públicos ao mesmo tempo em que não consegue diminuir a sua carga tributária.
Enganam-se os que acham que não há conexão entre aumento salarial de deputados e defesa da volta da CPMF. São duas faces da mesma moeda. Agradeço a Lula por ter mantido o Brasil na direção certa durante os últimos oito anos, mas agradeço, agora no fim do segundo mandato de Lula, a 35 deputados federais que (não importa se demagogicamente ou não) que votaram contra o aumento de salários para si próprios. Vocês deram um grande exemplo para o Brasil.
Fonte: Valor Econômico, 23/12/2010

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".