22/12/2010 - 13h38
DA ANSA
A Câmara dos Deputados do Chile aprovou nesta quarta-feira por 39 votos a favor e dois contra um projeto de lei que declara as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como uma "organização terrorista".
O Parlamento expressou seu repúdio às relações que o grupo possa ter com partidos ou grupos sociais chilenos de qualquer natureza.
A iniciativa foi apresentada pela bancada do governo, que afirma que "as Farc semearam o terror na Colômbia durante décadas, assassinando, sequestrando e violentando pessoas e comunidades inteiras".
Os deputados proponentes destacaram que 33 Estados já declararam a guerrilha "como uma organização terrorista", e argumentaram que o "Chile não pode ficar à margem desta grave situação que transpõe fronteiras e atenta contra a dignidade e a segurança da América Latina, como comunidade regional".
Os parlamentares de oposição ao governo de Sebastián Piñera decidiram não participar da votação.
Porém, dois deputados do Partido Comunista do Chile (PCChile), Guillermo Teillier e Lautaro Carmona, não foram informados da determinação e deram quorum para aprovar a iniciativa, sem perceberem que o projeto de lei tinha sido colocado em votação.
VÍNCULO
O documento aprovado também manifesta "repúdio" às supostas ligações entre as Farc e organizações sociais ou partidos políticos chilenos, o que foi classificado por Teillier como uma "aberração" e um "julgamento político" para menosprezar a força da guerrilha.
O deputado do Partido Socialista (PS) Marcelo Díaz, que também votou contra a lei, disse que não tem "um julgamento positivo das Farc, mas o projeto tem uma lógica inaceitável, que é fazer sinônimo de terrorismo as Farc ou estabelecer uma verdade oficial de que existe um vínculo com organizações mapuches [povo indígena do centro-sul do Chile]."
"Caso se queira dizer isto, que se faça uma denúncia nos tribunais e não um projeto na Câmara dos Deputados", acrescentou Díaz.
Os mapuches são acusados de manterem ligações com a guerrilha colombiana. Algumas comunidades indígenas são apontadas como responsáveis por incêndios contra construções agrícolas como forma de reivindicação de suas terras ancestrais.
Em outubro, o militante do PC chileno Manuel Olate foi preso por supostamente ser o "elo" entre as Farc e a Coordenadoria de Comunidades Mapuche em Conflito Arauco-Malleco, um dos principais grupos mapuches denunciados pelos incêndios.
PROPOSTA
O projeto de lei foi proposto pelos deputados José Manuel Edwards, da legenda Renovação Nacional (RN), e Mónica Zalaquett, da União Democrática Independente (UDI), ambos da base do governo.
Ambos assinalaram que os tratados internacionais ratificados pelo Chile e por organizações de direitos humanos, citando a Human Right Watch e a Anistia Internacional (AI), apontam que o grupo ilegal colombiano "se fundamentam na violação dos direitos humanos e na violência contra civis".
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