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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Mensagem natalina desde o cárcere

MÍDIA SEM MÁSCARA


Queridos compatriotas:

Ao se completar cinco meses de meu injusto encarceramento e ante a proximidade do Natal, queria delinear-lhes o seguinte:

O modelo castro-comunista que enfrentamos não é só um projeto político, senão uma cosmovisão do homem, da história e do universo. Trata-se de uma concepção materialista que se proclama acima de Deus e de Seus mandamentos, para impor arbitrariamente sua vontade.

Não se pode derrotar um modelo como este unicamente com receitas políticas, mas recorrendo a outra cosmovisão, de caráter transcendente e com um alto conteúdo espiritual. Usarei três exemplos para me explicar melhor:

Quando Hugo Chávez anuncia em cadeia nacional a expropriação de uma empresa ou de uma fazenda, não o faz somente para cumprir com os postulados do socialismo, mas porque parece sentir prazer causando dor aos legítimos donos.

Quando o oficialismo persegue com crueldade seus adversários, não o faz somente para neutralizar a oposição mas por que lhe agrada fazer suas vítimas sofrerem e, ao fazê-lo, infundir medo no resto da sociedade.

Quando o regime presenteia seus aliados estrangeiros com nossos recursos, não o faz só para comprar consciências, senão porque carece de sensibilidade humana, e pouco lhe importa que milhões de venezuelanos se vejam prejudicados, contanto que exporte seu modelo.

Em resumo, trata-se de um regime que não só pratica o mal consciente e deliberadamente, mas que goza fazendo-o.
Além disso, mente para justificar suas más ações, e é do conhecimento de todos que diz mentiras. Poder-se-ia dizer que trata-se de um projeto com "tendências satânicas" porque preenche estas condições: nega a existência de Deus, viola deliberadamente Seus mandamentos, carece de sensibilidade humana, desfruta fazendo o mal, e recorre à mentira.

Este projeto foi capaz de avançar porque encontrou um ambiente propício na Venezuela. Quarenta anos de bonança petroleira e de uma cultura baseada no materialismo e no consumismo, abriram uma enorme brecha no "escudo moral" de nossa sociedade.

Como conseqüência, o regime conseguiu infundir o medo para que as pessoas não se atrevam a lutar por seus direitos e, além disso, romper os vínculos de solidariedade para que cada um cuide de sobreviver por seu lado, sem se ocupar dos demais.

Em meio a estas circunstâncias, o cidadão comum carece das ferramentas adequadas para se defender, enquanto que a liderança política diminui porque pretende derrotar um projeto totalitário e perverso com as mesmas regras que regem uma democracia.

Surge a pergunta: o que fazer para sair deste grande aperto? Há cinco anos o Cardeal Castillo Lara explicou aos venezuelanos as características totalitárias do regime e delineou a solução.

Em 14 de janeiro de 2006, por motivo da Feira da Divina Pastora, Castillo Lara pronunciou uma homilia onde disse: "Encontramo-nos em uma situação de extrema gravidade como muito poucas em nossa história... todos os poderes estão praticamente nas mãos de uma pessoa só, que os exerce arbitrária e despoticamente, não para procurar o bem maior da nação mas para um torcido e anacrônico projeto político".

Em seguida, o Cardeal fez um acertado diagnóstico do por quê chegamos a esta difícil situação:"Nosso Senhor Jesus Cristo quis, talvez, nos dar uma dura lição por nossas infidelidades, por não ter sabido aproveitar os dons que Ele nos deu... e por não haver ajudado devidamente os mais necessitados e não ter vivido limpamente nossa fé cristã".
Finalmente, Castillo Lara estabeleceu qual seria a solução: "Nesta ocasião solene desejo propor-lhes que todo juntos peçamos fervorosamente à Divina Providência que salve a Venezuela".

Pedir a Deus e à Virgem que salvem a Venezuela não significa somente orar e esperar passivamente que ocorra um milagre, mas passar por um processo de conversão, e solicitar os dons e virtudes necessários para enfrentar um projeto "torcido" como o que nos governa.

Conversão significa meditar sobre nossos erros passados, propor-se a emendá-los e se dispor a fazer o bem. Significa reconciliar-se com Deus para que Ele transforme nossos "corações de pedra" em "corações de carne", a fim de que sejamos capazes de amar em plenitude e de nos sacrificarmos pelo bem comum.

Entre os dons e virtudes que Deus proporciona ao homem estão o amor à verdade, a solidariedade e generosidade para com o próximo, a valentia para vencer o medo, a fortaleza para suportar situações difíceis, e a sabedoria para saber como atuar.

Desde há vários anos tornou-se-me evidente que Chávez ordenaria meu encarceramento. Quando decidi por minha própria vontade vir à prisão, o fiz pondo minha confiança em Deus e no povo venezuelano. Quis fazê-lo para ensinar a meus compatriotas que não devemos cair na chantagem do medo, para mostrar-lhes que o calabouço não é a pior opção, porque infinitamente pior é vier humilhado e atemorizado.

Pensei que se podia permanecer no cárcere mantendo intactos meu otimismo e alegria, os venezuelanos se contagiariam com esta força irresistível que vibra dentro de mim, e desta forma os ajudaria a perder o medo. Claro que a força que me acompanha não é própria, senão produto da fé e fruto da oração.

Entretanto, meu sacrifício não se compara com o do Cardeal Castillo Lara. Consta-me que durante aquela memorável homilia Sua Eminência decidiu se oferecer como vítima propiciatória, com a finalidade de pedir a Deus pela libertação da Venezuela. Com efeito, meses mais tarde Castillo Lara morreu, convencido de que seu sacrifício seria um benefício para nossa pátria.

O testemunho de Castillo Lara marcou minha vida e espero que inspire o mesmo sentimento em milhares de outros venezuelanos.

Este tipo de testemunho sublime de amor é o que salva as nações e as sociedades. O mais claro exemplo é a crucifixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, cuja entrega generosa causou tanto bem à humanidade. Jesus Cristo nos ensinou que o mal não se combate com outro mal, senão com o enorme poder do bem.

Em resumo, os venezuelanos devemos nos voltar para Deus, porém não só porque fazendo-o teremos a força e a sabedoria para derrotar o totalitarismo, mas porque viver junto a Deus é o último fim do ser humano e a fonte da verdadeira felicidade.

Queridos compatriotas venezuelanos: ao se aproximar o Natal, queria lhes propor uma reflexão profunda sobre o amor de Deus pelo homem ao Se encarnar no Menino Jesus, para viver junto conosco e para nos ensinar o caminho da caridade e da felicidade.

Aproveitemos estas festas natalinas para experimentar um sincero processo de conversão, para incrementar nosso amor pela pátria, e para fortalecer os vínculos familiares. Se regressamos a Deus, todos os demais problemas se resolverão por acréscimo.

Vivam este Natal em plenitude! Ponham confiança em Deus! Não tenham medo pelo futuro! Lembrem a promessa de Cristo! O Mal não prevalecerá!

Querido compatriotas venezuelanos: despeço-me desde meu "irmão cárcere" desejando-lhes um muito Feliz Natal e um Ano Novo cheio de alegria, liberdade e prosperidade.



Alejandro Peña Esclusa - Preso político
Presidente de Fuerza Solidaria e UnoAmérica
Tradução: Graça Salgueiro

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".