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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Chegaram as tropas de Evo Morales

HEITOR DE PAOLA


Carlos Manuel Acuña

Desde há muito tempo falamos da presença de militares e outros elementos venezuelanos para realizar tarefas de organização extremista. Seu objetivo consiste em captar ideologicamente setores populares, prepará-los para se relacionar entre si de maneira organizada e orientá-los ao reclamo e à exigência. Agora essas tropas não só chegaram, como puseram em marcha um projeto ainda indefinido porém de perfis “bolivarianos”, quer dizer, um simples “progressismo” que pode se exteriorizar de diversas maneiras, a qualquer momento e em distintos lugares.

Como esta tarefa se realiza em diversos níveis, uns sessenta oficiais chavistas chegaram munidos de propaganda, para se apresentar ao exame de ingresso na Escola de Guerra do Exército Argentino, onde o intercâmbio de estudantes militares com outros países nunca superava o número de dois, eleitos por suas qualidades. Os sessenta venezuelanos prestaram exame porém foram reprovados e embarcados de volta em um avião para seu país. Entretanto, - oh! surpresa! - apenas chegaram em Caracas ordenaram-lhes reembarcar e voltar de imediato para Buenos Aires. Uma vez aqui e dentro de um regime privilegiado de um especial favoritismo, foram anotados e aceitos para participar dos cursos da Escola de Guerra. Para eles se estabeleceu que não deviam prestar exame mas sim concretizar um mínimo de presença para serem aprovados nas matérias e obter o diploma. A presença consistiu sempre em deixar constância de sua concorrência porém não de sua imediata reserva, pois suas obrigações eram muito diferentes.

Assim, estes jovens e politizados militares que já tinham - e têm - assegurado o ansiado título de Oficiais de Estado Maior, saíam - e estão - às ruas para fazer “contatos sociais”, estudar o terreno, avaliar as condições políticas daqueles com quem começavam a trabalhar e fazer amizade, e se preparar para um futuro próximo. Agora esse futuro chegou, graças à colaboração de Evo Morales, outro partidário do curioso “Socialismo do Século XXI”, que coordena desde a Bolívia alguns movimentos por demais notáveis. O primeiro foi selecionar grupos humanos, famílias mais necessitadas que são enviadas em contingentes mais ou menos importantes e a diversos pontos da Argentina, com a promessa de receber uma parcela de terra, meios para construção de residências e algum dinheiro para as primeiras necessidades. Não é muito - uns 1.000 pesos que poderão aumentar segundo as circunstâncias -, porém o mais importante é que receberão algo mais apetitoso: documentos de identidade para todo o grupo familiar. Desta maneira, se lhes facilitaria o acesso à educação dos filhos mas principalmente e gratuitamente, os centros de saúde que, diga-se de passagem, já estão repletos destes estrangeiros.

A invasão silenciosa avançou ao longo dos meses, as instruções que receberam é que a única obrigação seria a de votar nas próximas eleições e acatar, para esse efeito, as indicações dos ponteiros já estabelecidos. Com o passar dos meses, esta invasão calada e só perceptível para o olho vivo dos que conhecem e percorrem os conjuntos habitacionais, expandiu seus braços, chegou até as vilas de emergência que rodeiam a Capital Federal, transferiram-se permanentemente para outras cidades e se dispuseram a realizar o trabalho político que era seu único compromisso. Podiam obter trabalho - os bolivianos são reconhecidos trabalhadores na construção, obras viárias e cultivo de hortaliças, dentre outras capacidades -, mas chegado o momento das mobilizações deviam, aprontados pela metade, acompanhar as exteriorizações que lhes indicariam seus chefes.

Villa Soldati marcou o ponto do começo. Ocuparam o Parque Indoamericano na forma conhecida, seus porta-vozes surgiram para representá-los com habilidade, pois em alguns casos pareciam jovens bem preparados que utilizavam palavras de acordo com o tom idiomático local e, inclusive, com certos defeitos que eram expressados em público mas não em privado. Por isso, a Polícia Federal Argentina, que já começou a ser perseguida como são as Forças Armadas, antecipou às autoridades que não estava em condições de reprimir - reprimir, essa palavra exata que o dicionário e os Códigos dispõem - e recomendava o concurso da Gendarmería Nacional para enfrentar uma possível escalada de reclamos sociais. Em apenas uma palavra: violência.

Os fatos falam por si sós. A Gendarmería foi retirada das fronteiras enquanto os contrabandistas e narco-traficantes esfregam as mãos com alegria. Pôs boa parte de seus recursos materiais para atender o extraordinário caso de Villa Martelli, onde o governo cumpriu o pacto não-escrito - mas conversado entre Cristina Fernández de Kirchner e Evo Morales - e se dispôs a proteger estes estrangeiros que invadiram terrenos públicos e parques. Assim ficou aberta a possibilidade de que eventos similares se concretizem em praças e parques como Palermo, e os principais espaços públicos que impedirão os habituais passeios dos portenhos.

Porém, como tudo sai mal para este governo, perdeu-se o controle da invasão territorial. É possível que os ensinamentos dos instrutores venezuelanos chavistas não tenham contemplado a possibilidade de que os vizinhos, simples cidadãos comuns, expressassem sua indigestão mediante uma resistência ativa que até agora não se expressou em sua totalidade. De todo modo, a avaliação foi posta na cena. Em sua incapacidade, o governo não reagiu por um lapso de tempo demasiado extenso que facilitou o crescimento das tensões, e depois o apedrejamento e as pauladas foram superados pelos disparos das armas de fogo. O conflito ficou instalado e à Gendarmería deram-lhe o papel de resguardar os invasores, curiosidade única no mundo civilizado. O caso permitiu exteriorizações interessantes. Por um lado, pôs em evidência que se quis afetar a imagem política de Mauricio Macre que, além disso, tem na zona um importante baluarte eleitoral. Por outro lado, que integrantes de uma pequena vila de emergência localizada nas proximidades da Escola de Polícia, se aliaram espontaneamente com os vizinhos e tomaram parte ativa no rechaço aos invasores. Em outros círculos, os políticos por exemplo, surgiram as clássicas declarações, embora desta vez, uma contida sensação de alarme se evidenciou acima da prudência - vamos chamá-la assim - e entretanto se avistaram as mudanças, algumas das quais já se concretizaram. Horacio Verbitsky, o agente de inteligência experiente nestes misteres e responsável por mortes, começou a mover os fios para afiançar seu poder e estabelecer uma orientação que contradiz o aparentemente moderado rumo que a Casa Rosada está empenhada em adotar com vistas às eleições... e nada mais do que para isso.

Há muito, e inutilmente, começamos a falar da nova Guerra Social que se vislumbrava. Depois escrevemos sobre as Guerra Molecular e outras denominações concorrentes que hoje são motivo de estudo no mundo, menos na Argentina. Os integrantes desse conflito que disparou novas ações de enfrentamento, algumas sutis e outras violentas, são sempre os mesmos: elementos quase descartáveis da sociedade marcados pela pobreza e os dirigentes deste processo que são jovens universitários e dirigentes de partidos minoritários e minúsculos, circunstância que querem dissimular com o conteúdo de suas declarações. Tudo está em marcha e as maiorias que rechaçam - ao menos entre nós - estas tentativas de modificar a sociedade, seus valores, sua cultura e sua história, são postas de lado e lhes tiram os instrumentos para se expressar, um tema sobre o qual deveremos voltar a falar.

Porém, continuemos com os perigos depois dos mortos de Villa Martelli. No momento as tensões, o temor e a cólera dos vizinhos afetados, é similar à que existe nas Forças Policiais degradadas por ter atuado como lhes corresponde. Isto não é novo e terá inúmeros componentes. Por exemplo, apressam-se as sentenças contra militares, cujo conteúdo foi redigido com bastante antecedência ao desenvolvimento dos julgamentos. Inventam-se delitos imaginários para comprometer mais oficiais e sub-oficiais. Procura-se apressar este trabalho que mescla o ideologismo, a vingança e a prevaricação para encontrar datas emblemáticas para o anúncio das condenações. Haverá policiais presos e talvez gendarmes no futuro próximo. Tudo indica que este será um fim de ano mais que movimentado e que em meio ao calor do verão, se manifestará a todo vapor.

Fonte: Informador Público

Tradução: Graça Salgueiro

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".