Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

DANÇA COM LOBOS

PERCIVAL PUGGINA
31/10/2010


Não foi dito por acaso. Tampouco como mera observação feita à margem dos fatos, desconectada da realidade do encontro e de seus participantes. A fala de Bento XVI aos bispos brasileiros que estiveram com ele no dia 28 de outubro tem tudo a ver com o que estava em curso nas nossas dioceses, na grande mídia e nas comunicações da internet em função do pleito do dia 31. Os presentes – e até mesmo os ausentes – sabiam a respeito do que o Papa estava falando. A imprensa sabia, os candidatos sabiam, seus partidos sabiam. Foram palavras severas, de apoio aos poucos, aos raros, aos escassos bispos que resolveram cumprir sua função pastoral e dizer com clareza a seus fiéis o quanto é contraditório à fé e à moral católica o voto que confere poder a correntes políticas comprometidas com: a) a liberação do aborto; b) a abolição de símbolos religiosos; c) a absorção de toda e qualquer relação afetiva no conceito constitucional de família; e d) uma visão de estado laico cujo viés totalitário pretende expurgar dos debates civis os cristãos, seus princípios e seus valores. Foi bem claro, o Papa, a esse respeito: "Quando os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas".

Venho escrevendo sobre isso há anos, como leigo, e nunca sequer me ocorreu que fosse necessário perguntar a Bento XVI, ou, antes dele, a João Paulo II, se estavam de acordo. Eu simplesmente sabia, assim como sei haver oxigênio no ar que respiro, que, tais afirmações eram harmônicas com a orientação pontifícia. Ponto. Surpreendem-me os que, leigos ou religiosos, se surpreenderam!

Vá que seja. Eu talvez tenha estudado um pouco mais essas coisas do alguns deles, por gosto e boa orientação de amigos padres e bispos que influenciaram minha formação. Nunca precisei, portanto, como leigo, que alguém me dissesse o quanto o PNDH-3 (decretado em 21/12/2009), seus criadores e propugnadores confrontam valores essenciais da fé e da moral cristã. Aliás, era algo tão berrante, tão escandalosamente perceptível que até a CNBB se obrigou a objetar! Sim, leitor, até a CNBB veio às falas (declaração formal de 15/01/2010), posicionar-se contra certos elementos daquela infeliz agenda. Mas a agenda era tão partidária, tão inerente ao partido do governo, que o partido do governo, em congresso nacional (18-20/02/2010), voltou a aprová-la. Não por escassa maioria. Não por larga margem de votos. Por decisão sem discrepância conhecida.

Observem as datas e me digam se seria preciso mais do que isso para estabelecer um insuperável divisor de águas. Não estamos diante de mera divergência de opinião, ainda que sobre tema relevante. Estamos diante de um confronto entre convicções antagônicas e legítimas. Um lado, legitimamente, tratou de deixar bem claro a que veio e a quem serve. E o outro lado, aquele da CNBB, aquele da imensa maioria dos bispos, sufocou-se em ilegítimo silêncio sobre a que veio e a quem serve. Foi essa a necessária retificação que Bento XVI fez em sua fala do dia 28. O Papa disse a quem serve. Orientou os bispos, pastores de suas dioceses.

Mas os lobos, bem, os lobos não são propriamente os melhores zeladores de qualquer rebanho. E eles continuam comandando a CNBB. Tolerando os absurdos redigidos por algumas de suas assessorias. Descuidando do que é publicado e divulgado com a chancela da entidade (qualquer empresa séria cuida melhor de sua marca e de sua imagem do que a CNBB). Metendo-se onde não deve (como no ridículo plebiscito da dívida externa e, agora, no não menos ridículo plebiscito da extensão das propriedades rurais). E, assim, envolvendo a Igreja, por motivos ideológicos, com seus piores e mais destapados inimigos. Corrijo-me: seus piores inimigos não são aqueles que claramente dizem a que vêm e a quem servem, mas aqueles que não servem a quem deveriam, que se lixam para o sucessor de Pedro. E preferem ir à dança com os lobos.

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* Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões. 

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".