O que está acontecendo com o candidato à presidência, Barack Hussein Obama, faz-me lembrar, inevitavelmente, o que aconteceu com Fidel Castro, e o que depois sucedeu com Chávez. Quando advertimos nossos amigos venezuelanos que o preço da “mudança” seria a privação da liberdade, nos acusaram de ver ameaças até dentro de um prato de sopa... Tínhamos razão, mas já era tarde demais...
ARMANDO VALLADARES
Cubano, ex-prisioneiro em Cuba por 22 anos, Embaixador Americano nos Governos Reagan e George H. Bush, Diretor da Human Rights Foundation
Seguindo o velho modelo de Carter de atacar os aliados e proteger os inimigos, Obama deverá re-estruturar a diplomacia para a América Latina no sentido da defesa dos ‘direitos humanos’ nos fiéis amigos dos EEUU e conversar sem pré-condições com os dirigentes hostis. Assim Carter perdeu a Nicarágua para os Sandinistas – e o Irã para os Aiatolás -, apoiou D. Helder Câmara no Brasil contra a ‘ditadura’ e nem deu um pio sobre Cuba Clinton mandou de volta o menino Elián Gonzalez que fugira de Cuba, numa atitude digna de Lula com os atletas ‘traidores’ assim Obama pretende rever o apoio à Colômbia e falar sem restrições com Chávez. É o prosseguimento na América Latina da política do mea culpa e de apaziguamento no sentido de ‘curar feridas’ como já vimos no artigo anterior .Com a intenção de reverter o voto da Florida (27 votos no Colégio Eleitoral), que deu a vitória a Bush duas vezes e onde os Republicanos ainda têm uma pequena margem, Obama desencadeou uma ofensiva feroz, enviando cinco de seus principais assessores para lá, inclusive Hillary Clinton, segundo informa Destaque Internacional. Os dirigentes do Eixo do Mal Latino-Americano também estão nervosos com a possível derrota de Obama na Florida (Al Gore perdeu ali pela trapalhada de Clinton com Elián).
Muito embora todos os dirigentes do Eixo torçam por McCain em termos econômicos, pois ele defende a abertura do mercado americano como todo Republicano e Obama signifique mais protecionismo, a ideologia fala mais alto, jogando por terra mais uma charlatanice de Marx: não é a economia e as ‘condições materiais de existência’ que determinam as ‘superestruturas ideológicas’ - justo o oposto!
Segundo o comentário do DI, ‘Obama já anunciou que, se vencer, estará disposto a dialogar sem prévias condições com o governo autoritário da Venezuela e com o regime ditatorial de Cuba. O candidato democrata se conectaria facilmente com a nova posição concessiva da União Européia, encabeçada pela França e Espanha, que teve o lamentável impulso da diplomacia vaticana, segundo reconheceu o chanceler espanhol Angel Moratinos diante das Cortes espanholas. A UE acaba de receber com cordialidade o chanceler cubano, Pérez Roque, apesar de que este, antes de seu encontro com os representantes europeus, teve o descaramento de declarar que em Cuba não existem presos políticos’.
O Senador pelo Connecticut Chris Dodd, Presidente do Sub-Comitê do Senado para Assuntos do Hemisfério Ocidental, influente na cúpula Democrata e um nome não descartado para a eventual Administração Obama – inclusive no Departamento de Estado - declarou num artigo recente (13 de outubro) para o Miami Herald, intitulado O novo Presidente deverá adotar uma nova agenda que a América Latina está experimentando uma espécie de ‘revolução positiva’: ‘Ditadorzinhos militares e a luta ideológica Leste-Oeste são coisas do passado. A inclusão (note-se o termo utilizado pelas esquerdas mundiais) política se expandiu através de irresistíveis processos democráticos e milhões de pessoas têm novas expectativas em relação a seus governos. Como em qualquer lugar, a democracia na região é algumas vezes confusa, erros são cometidos. Mas a mudança é boa’.
Dodd acha que são apenas confusões próprias de regimes democráticos a perseguição e morte de dissidentes na Venezuela, Bolívia e em breve no Equador as reiteradas fraudes eleitorais em todos eles o apoio inclusive territorial e financeiro a grupos guerrilheiros colombianos. Chama à expulsão de Embaixadores americanos nos dois primeiros e a conseqüente retaliação americana de ‘tit-for-tat’.
Este termo é usado na teoria dos jogos [[1]] para significar mais ou menos a Lei de Talião: olho por olho, dente por dente, significando uma reciprocidade das ações, como se a violenta expulsão do Embaixador americano em Caracas, aos palavrões e brados coléricos e psicóticos de Chávez, fosse equivalente à serena e respeitosa resposta americana. Já se pode perceber a mudança que ocorrerá aqui como no Oriente Médio no sentido do mea culpa: a América deve ‘olhar para dentro e encontrar formas de impedir tais confrontações no futuro’. A América é culpada pelo antiamericanismo! Há quantos anos ouvimos esta lengalenga de nossos esquerdistas? Pois com os Democratas na Casa Branca e com previsível maioria no Congresso, esta será a política americana oficial.
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É adequado lembrar o discurso de Ronald Reagan perante a Associação Evangélica Nacional sobre a URSS: ‘Convoco-os a se precaverem da tentação do orgulho (...)e rotular os dois lados como culpados, a ignorar os fatos da história e dos impulsos agressivos do império do mal (...) e se retirarem da luta entre o certo e o errado, entre o bem e o mal’ (citado no livro o Eixo do Mal Latino-Americano, p. 178). A neutralidade arrogante é inaceitável quando se trata entre o bem e o mal. Ser neutro não é não optar, é optar pelo mal ou errado. Se eu digo que Aristóteles e Marx foram filósofos importantes, estou na verdade comparando um filósofo com um charlatão antifilosófico e, obviamente, dando ao primeiro um crédito que ele não tem.
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Relembrando meus tempos de comunista, eu dizia o que Dodd diz agora: ‘Chegou a hora de reconhecer que a América Latina não é o nosso quintal mas nossos vizinhos’ E é nossa obrigação ajudar para melhorar suas vidas. Velhos refrões do CPC (Centro ‘Popular’ de Cultura da UNE) e das musiquinhas idiotas de Carlos Lyra.
Segundo Dodd o próximo Presidente ‘deverá construir uma parceria ampliada com a região’ sugerindo a próxima Reunião da ‘Cúpulas das Américas’, a ser realizada em abril em Trinidad-Tobago como uma excelente oportunidade para incrementar‘as energias em direção à democracia e melhor aproveitamento de recursos’.
Sugere uma parceria com as democracias ‘já consolidadas’ como México e Brasil e tece elogios a Lula, considerando-o um líder adequado para propagar novos modelos de crescimento. A América deverá olhar além das ‘elites tradicionais’,mesmo quando os resultados não forem favoráveis aos nossos aliados tradicionais’, os quais devem ser desencorajados de práticas não democráticas e cooperar com os novos líderes e as novas forças emergentes: indígenas, mestiços, etc., já que a classe política tradicional está desgastada.
Importância fundamental para remover as ‘manchas’ de nossa credibilidade, deverá ser a ‘reorientação de nossas políticas em relação a Cuba, esquecendo os rancores e ressentimentos do passado (...) deixar de lado os irmãos Castro (mais uma vez vale a pergunta do Garrincha) e nos voltarmos para o povo e para o futuro’.
Na próxima ‘Cúpula das Américas’ veremos uma América Latina querendo mudança. Será o momento certo para os EEUU fazerem o mesmo’.
Segundo Armando Valladares ‘se Obama for eleito Presidente nossa sociedade estará mais que nunca em grande perigo. Um dos seus objetivos é a dissolução da família e de seus valores’. Nestas eleições ’pela primeira vez estão em jogo os valores, os princípios, os ideais que formaram esta grande nação. Destruir o cimento deste país é um velho sonho de ideologias totalitárias, de líderes frustrados’
Os cubano-americanos e os latino-americanos residentes na Flórida têm que fazer todos os esforços de propaganda que estejam em suas mãos para evitar a vitória de Obama. Isto constituiria a única salvaguarda do sonho que os fez irem para os EEUU: a liberdade e a busca da felicidade. No caso dos cubano-americanos, trata-se também de uma obrigação para com a causa da liberdade de Cuba.
[1] A Teoria dos Jogos é um ramo da matemática aplicada que estuda situações estratégicas onde jogadores escolhem diferentes ações na tentativa de maximizar seus ganhos. Inicialmente desenvolvida como ferramenta para compreender o comportamento econômico e depois usada pela Corporação RAND para definir estratégias nucleares, a teoria dos jogos é hoje usada em diversos campos acadêmicos: comportamento animal, ciência política, ética, jornalismo e computação, entre outros.
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