Não demonstre medo diante de seus inimigos. Seja bravo e justo e Deus o amará. Diga sempre a verdade, mesmo que isso o leve à morte. Proteja os mais fracos e seja correto. Assim, você estará em paz com Deus e contigo.
segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
A Alegria do Chupim
Por Percival Puggina
Lula, na tevê, estava faceiro como guri de bodoque novo. PIB crescendo, emprego em alta, real firme, risco país em queda, balança comercial bem comportada, elevadíssimo índice de aprovação ao governo e a si mesmo.
Há muitos anos o país não vislumbrava um horizonte econômico tão positivo. Mesmo com a desaprovação da CPMF, e anunciando conseqüências negativas para a saúde pública, o presidente exibia uma alegria que me fez recordar do Bill Gates. Lembram? Certa feita ele também perdeu, num dia, 40 bilhões. E continuou feliz da vida. Como se explica o que está acontecendo? Como pode dar tudo tão certo para alguém cuja credibilidade esbarra nos critérios mais rudimentares? São três as razões.
A primeira diz respeito ao conjunto de providências que foram adotadas pelos seus antecessores: abertura ao comércio internacional, estímulo às exportações, apoio ao agronegócio, Plano Real, privatizações, manutenção de um consistente superávit primário, respeito aos contratos, pagamento da dívida externa e bom gerenciamento da moeda. Estas medidas foram proporcionando condições para a colheita de resultados que se expressa no sorriso do presidente. A segunda diz respeito à metamorfose de que Lula se jacta. Todas essas providências – todas, sem exceção – foram tomadas por seus antecessores, sob feroz oposição dele e de seu partido. Era tudo coisa da famigerada “lógica do mercado”, do amaldiçoado “receituário neoliberal e globalizante”, do FMI, do Consenso de Washington e do raio que o parta.
A terceira se refere ao cenário internacional. A economia mundial vem crescendo a uma taxa firme, da ordem de 5%, há varios anos. Numa situação assim seria impossível ao país apresentar números negativos. Nem a África Subsahariana tem números negativos. É preciso, pois, analisar os dados com atenção para não incorrermos em injustiça, negando méritos a quem fez por merecê-los e para não atribuir méritos a quem deveria estar pedindo desculpas pelas besteiras que disse e pelo muito que atrapalhou.
Fiz uma rápida consulta ao Google com as palavras-chave “Brasil cai no ranking” e, em instantes, fiquei sabendo que caímos para a 72ª posição no ranking da competitividade; perdemos seis posições no da tecnologia (52º lugar); perdemos pontos e posições no da corrupção (62º lugar); caímos no da liberdade de imprensa (84º), no da desigualdade entre homens e mulheres (74º), no dos negócios pela internet (43º), no dos exportadores (24º), no do preparo digital (38º), e perdemos uma posição no do IDH (70º). Estamos entre os piores na lista da educação! Dos 34 analisados somos o que menos gasta com ela e, por isso, ocupamos um dos últimos postos no ranking mundial de talentos. E por aí vai.
Entrando no sexto ano do governo Lula percebe-se que melhoramos. Menos do que poderíamos, porque o mundo avançou bem mais, e porque o governo gasta mal. Somos como o paciente que estava em coma e agora pisca o olho uma vez para sim e duas para não. Melhorou, é claro, mas os pacientes do quarto ao lado, que estavam na mesma situação, já voltaram para o escritório.
Não explica nem justifica
Por Percival Puggina em 26 de dezembro de 2007
Resumo: A conversa fiada do “bloqueio” não explica nem justifica o fracasso da economia cubana. Já o embargo norte-americano se explica, mas, decorrido meio século, não mais se justifica.
© 2007 MidiaSemMascara.org
O pedido de asilo dos cantores cubanos fez com que o Fantástico, em 16 de dezembro, produzisse matéria sobre a dura realidade da ilha de Fidel. Como resposta, a embaixada cubana, através de sua Seção de Imprensa, enviou ao programa um alentado documento, com o título “Lo que Fantástico no divulgó”. O texto foi acolhido por instituições de esquerda e circula na rede.
Ele atribui as dificuldades vividas por Cuba, sob o regime comunista que lhe está imposto desde 1959, ao que chama “criminoso bloqueio norte-americano”. Não é novidade essa afirmação. Ela reaparece no bolso dos comunistas sempre que se debate a situação daquele país. Segundo eles, Cuba não é pobre por causa do regime que adotou, mas por exclusiva responsabilidade dos Estados Unidos, que manteriam sobre a ilha um cerco concebido para matar a todos de fome. Não fosse assim, o promissor modelo econômico lá estabelecido seria um sucesso de público e renda.
Ora, Cuba não é vítima de nenhum bloqueio. O único bloqueio ali imposto foi de natureza militar, por ocasião do episódio dos mísseis soviéticos, em outubro de 1962. Naquelas circunstâncias, os Estados Unidos estabeleceram um cerco naval que se encerrou no dia 26 do mesmo mês, para impedir que navios com novos carregamentos aportassem à ilha. O que os Estados Unidos, de fato, impõem a Cuba é um embargo econômico meia-boca, instalado porque Fidel, no início dos anos 60, desapropriou, sem indenização, todo o patrimônio produtivo das empresas norte-americanas no país.
A cantilena comunista sobre o tal bloqueio induz os desavisados a crer que Cuba seja um país sitiado, transformado em pária da comunidade internacional, que nada pode comprar nem vender porque os ianques não deixam. Deslavada mistificação. Boa parte dos produtos que você encontra em certos mercados mais bem abastecidos de Cuba são procedentes do México, país que integra o Nafta com os Estados Unidos. Os maiores investimentos estrangeiros em Cuba são da Espanha, país parceiro dos Estados Unidos até na Guerra do Iraque. Os únicos ônibus que merecem esse nome no trânsito de Havana são fabricados aqui em Caxias do Sul pela nossa Marcopolo. A maior parte dos turistas que aportam na paradisíaca Varadero (mais de meio milhão deles por ano) são canadenses. Filiais estrangeiras de empresas norte-americanas estão habilitadas a transacionar com Cuba dentro de determinados limites. Cuba compra alimentos dos Estados Unidos, diretamente, desde que efetue o pagamento à vista. Centenas de milhões de dólares compõem esse fluxo comercial todos os anos. Uma das maiores fontes de divisas do país é a ajuda humanitária que os cubanos residentes nos Estados Unidos podem enviar para seus parentes. A Venezuela, principal fornecedora de petróleo para Cuba (a preços subsidiados) vende para os Estados Unidos 70% de sua produção petroleira.
Portanto, a conversa fiada do “bloqueio” não explica nem justifica o fracasso da economia cubana. Já o embargo norte-americano se explica, mas, decorrido meio século, não mais se justifica.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
Página negra
Por Olavo de Carvalho em 17 de dezembro de 2007
Por que, no meio da gritaria mundial contra as “torturas” supostamente praticadas pelos americanos em Guantánamo, ninguém exibiu até agora uma única vítima mutilada, um único dedo quebrado, um único olho roxo, um hematomazinho de meio centímetro quadrado?
Como é possível alardear em tom de certeza inabalável a prática de tantos crimes hediondos e jamais exibir um só corpo de delito?
Por que não aparece sequer um único testemunho de vítima, descrevendo os horrores que teria sofrido e explicando por que seu corpo continua intacto e com aparência saudável?
Por que, com tantos megafones para ecoá-lo, não se ouve um único grito de dor?
Sobretudo: Por que, de tantas pessoas submetidas a maus tratos intoleráveis, nenhuma morre jamais? Onde estão os cadáveres da Guantánamo americana, similares àqueles que brotam às centenas, aos milhares, das prisões de Havana, Beijing, Pyongyang, Cartum, Islamabad?
É claro que estamos diante da mais vasta, mais mentirosa e mais despudorada campanha de desinformação em escala mundial já vista desde a operação montada em Moscou para exibir os espiões atômicos Julius e Ethel Rosenberg como vítimas inocentes de uma trama imperialista.
O entusiasmo pueril, a fé cega com que a mídia nacional em peso ecoa essa campanha, sem um momento sequer de dúvida ou de recuo crítico, é a prova maior de que a inteligência desapareceu por completo das redações, sendo substituída pela macaqueação passiva dos slogans da moda.
***
A obsessiva necessidade que os “formadores de opinião” brasileiros têm de dar uma impressão de equilíbrio e serenidade no tom do que escrevem é pura camuflagem de seu profundo sentimento de insegurança, nascido por sua vez de uma secreta consciência de sua incultura e despreparo.
O esforço de parecer maduro é o sinal mais patente da imaturidade.
Quem tem motivos sólidos para confiar na racionalidade do que pensa não liga para o tom em que vai dizê-lo; ao contrário, está habilitado a variar o tom conforme o momento, as circunstâncias e o objetivo da comunicação, sem mudar o conteúdo intelectual do que diz.
O poder de diferenciar idéia e tom é um dos sinais distintivos da humanidade. Não o encontramos nem mesmo entre os símios superiores, muito menos entre as galinhas. Deveríamos orgulhar-nos dele, mas no Brasil de hoje, ao contrário, seu exercício tornou-se proibido, ao menos nos debates públicos. Aí qualquer absurdo intelectualmente insultuoso, se exposto em linguagem serena e polida, é aceito como a encarnação mesma da racionalidade, ao passo que uma demonstração lógica perfeita, escorada no exato conhecimento dos fatos, é tida como explosão irracional intolerável tão logo suas conclusões firam alguma suscetibilidade em torno. Se exposta em linguagem lacônica ou sarcástica, então, vale como atestado de insanidade do infeliz autor. O tom, em suma, faz as vezes do conteúdo, que desaparece por completo.
***
The Communist Roots of Palestinian Terror
www.FrontPageMagazine.com 12/14/2007
The following is chapter from David Meir-Levi's new book, History Upside Down: The Roots of Palestinian Fascism and the Myth of Israeli Aggression. The Terrorism Awareness Project previous printed his history of the "right-wing" influence on Islamic extremism, "The Nazi Roots of Palestinian Nationalism and Islamic Jihad." Taken together (with his entire book), these chapters show that Islamofascism is a political, not merely a religious force; and the potent and deadly offspring of the totalitarian ideologies of the past. -- The Editors.
Although many Nazis found new and ideologically welcoming homes in Egypt and Syria after World War II, the Grand Mufti’s Palestinian national movement itself, bereft of its Nazi patron, was an orphan. No sovereign state of any consequence supported it. On the contrary, most of the surrounding Arab states, all of them buoyed by postcolonial nationalism and looking for political stability, perceived the Palestinian cause, especially as embodied in the Muslim Brotherhood, as a threat. Egypt aggressively suppressed the Brotherhood. Saudi and Jordanian royalty watched the growth of radical Islam with suspicion. Syria and Lebanon, trying to move toward more open societies in the pre-Ba’athist era, feared the Brotherhood’s opposition to western-style civil rights and liberties and its fierce condemnation of westernized Arab societies.
More to the point, each of these states coveted some or all of what was formerly British Mandatory Palestine and were no more enthusiastic about the creation of a new Arab state there than they were about the creation of Israel. As a result of these complex national ambitions and antagonisms, no state for the Arabs of British Mandatory Palestine was created. Even though Israel offered the return of territories gained in the 1948 war at the Rhodes armistice conference of February 1949, the Arab leaders (among whom there were no representatives from the Arabs of the former Palestine) rejected Israel’s peace offers, declared jihad, and condemned the Arab refugees to eternal refugee status, while also illegally occupying the remaining areas that the United Nations had envisioned as a Palestinian state—as Arafat himself tells us in his authorized biography (Alan Hart, Arafat: Terrorist or Peace Maker?). Egypt herded Palestinian Arabs into refugee camps in its new fiefdom in the Gaza Strip, assassinated their leaders, and shot anyone who tried to leave. Jordan illegally annexed the west Bank and maintained martial law over it for the next nineteen years.
Egypt was particularly conscious of the threat the Muslim Brotherhood posed to the westernized and increasingly secularized society it was trying to build, and both King Farouk and later Gamal Abdel Nasser took brutal and effective steps to repress the movement. They also made sure that the 350,000 Palestinians whom the Egyptian army had herded into refugee camps in Gaza would develop no nationalist sentiments or activism. Egyptian propaganda worked hard to redirect the Palestinians’ justifiable anti- Egypt sentiments toward an incendiary hatred of Israel. Its secret police engineered the creation and deployment of the fedayeen (terrorist infiltrators) movement, which between 1949 and 1956 carried out over nine thousand terror attacks against Israel, killing more than six hundred Israelis and wounding thousands. These fedayeen were mostly Arab refugees, trained and armed by Egypt.
As the conflict with Israel hardened throughout the 1950s, Nasser came to see that Palestinian nationalism, if carefully manipulated, could be an asset instead of just a threat and an annoyance. Although the fedayeen terrorism prompted Israel to invade the Sinai in 1956, the Egyptian leader saw the value in being able to deploy a force that did his bidding but was not part of Egypt’s formal military; which could make tactical strikes and then disappear into the amorphous demography of the west Bank or the Gaza Strip, giving Egypt plausible deniability for the mayhem it had created. But Nasser’s ability to support such a useful terrorist group was limited by the failed economy over which he presided; and so, in 1964, he was delighted to cooperate with the Soviet Union in the creation of the Palestine Liberation Organization (PLO).
Brainchild of the KGB
As Ion Mihai Pacepa, onetime director of the Romanian espionage service (DIE), later explained, the PLO was conceived at a time when the KGB was creating “liberation front” organizations throughout the Third world. Others included the National Liberation Army of Bolivia, created in 1964 with help from Ernesto “Che” Guevara, and the National Liberation Army of Colombia, created in 1965 with help from Fidel Castro. But the PLO was the KGB’s most enduring achievement.
In 1964, the first PLO Council, consisting of 422 Palestinian representatives handpicked by the KGB, approved the Soviet blueprint for a Palestinian National Charter—a document drafted in Moscow—and made Ahmad Shukairy, the KGB’s agent of influence, the first PLO chairman. The Romanian intelligence service was given responsibility for providing the PLO with logistical support. Except for the arms, which were supplied by the KGB and the East German Stasi, everything, according to Ion Pacepa, “came from Bucharest. Even the PLO uniforms and the PLO stationery were manufactured in Romania free of charge, as a ‘comradely help.’ During those years, two Romanian cargo planes filled with goodies for the PLO landed in Beirut every week.”
The PLO came on the scene at a critical moment in Middle East history. At the Khartoum conference held shortly after the Six-Day war, the defeated and humiliated Arab states confronted the “new reality” of an Israel that seemed unbeatable in conventional warfare. The participants of the conference decided, among other things, to continue the war against Israel as what today would be called a “low intensity conflict.” The PLO’s Fatah forces were perfect to carry out this mission.
The Soviets not only armed and trained Palestinian terrorists but also used them to arm and train other professional terrorists by the thousands. The International Department of the Central Committee of the Communist Party (CPSU), the Soviet Security Police (KGB), and Soviet Military Intelligence (GRU) all played major roles in this effort. From the late 1960s onwards, moreover, the PLO maintained contact with other terror groups—some of them neo-Nazi and extreme right-wing groups—offering them support and supplies, training and funding.
The Soviets also built Moscow’s Patrice Lumumba People’s Friendship University to serve as a base of indoctrination and training of potential “freedom fighters” from the Third world. More specialized training in terrorism was provided at locations in Baku, Odessa, Simferopol, and
Tashkent. Mahmoud Abbas, later to succeed Yassir Arafat as head of the PLO, was a graduate of Patrice Lumumba U, where he received his Ph.D. in 1982 after completing a thesis partly based on Holocaust denial.
Cuba was also used as a base for terrorist training and Marxist indoctrination, part of a symbiotic relationship between its revolutionary cadre and the PLO. The Cuban intelligence service (DGI) was under the direct command of the KGB after 1968. Palestinian terrorists were identified in Havana as early as 1966; and in the 1970s DGI representatives were dispatched to PLO camps in Lebanon to assist terrorists being nurtured by the Popular Front for the Liberation of Palestine (PFLP). In late April 1979, an agreement was reached for the PFLP to have several hundred of its terrorists trained in Cuba, following a meeting between its chief George Habash and Cuban officials.
The PLO and the Arab States
In the chaotic aftermath of the Six-Day war, Yassir Arafat had seen an opportunity for himself and his still embryonic Fatah terror organization in the rubble of the Arab nations’ war machines and the humiliation of the Arab world. He forged an alliance with President Nasser, whom he won over to his belief that after traditional warfare had failed them yet again, the future of the conflict for the Arabs was in the realm of terrorism, not the confrontation of massed armies. From September to December 1967, Nasser supported Arafat in his attempt to infiltrate the west Bank and to develop a grassroots foundation for a major terror war against Israel. These efforts were unsuccessful because local west Bank Palestinians cooperated with Israel and aided in the pursuit of Arafat and his Fatah operatives.
Despite such setbacks, Arafat later described this era in his authorized biography as the time of his most successful statecraft. When word reached him of Israel’s post-Six- Day-war peace overtures to the recently defeated Arab countries, he and his adjutants understood at once that if there were ever peace between Israel and Jordan, for instance, there would be no hope for a Palestinian state. So he set off on a grueling exercise in shuttle diplomacy throughout the major Arab countries, preaching the need to reject unconditionally any peace agreement with the Jewish state.
Arafat later claimed credit for the results of the Khartoum conference (August–September 1967), in which all the Arab dictators unanimously voted to reject Israel’s offer to return much of the land it had occupied as a result of the war in exchange for peace. Had he not intervened, Israel might conceivably have made peace with Jordan, and the west Bank would have reverted to Jordanian sovereignty, leaving his dream of leading a state there stillborn.
But while Arafat’s proposals to engage in a continuing terror war might be enthusiastically received by Arab leaders, there was no support to speak of among the Arabs of the west Bank, who readily gave him up to Israeli authorities. Arafat was forced to flee with the Israel Defense Forces hot on his trail, and finally established a base for his force in the city of Salt, in southwestern Jordan. From there he executed terrorist raids across the Jordan river and began to set up clandestine contacts with officers in the Jordan Legion, almost half of whom were Palestinians.
The Israeli army, under the direction of Moshe Dayan, launched a limited invasion of Jordan in March 1968 to stop Arafat’s raids. Its objective was the village of Karama, near the Jordan river, where most of Arafat’s men were encamped. The raid took a terrible toll of terrorist fighters. when Jordanian artillery forces, under the command of Palestinians, unexpectedly opened fire on the Israeli force, the Israelis retreated, not wishing to escalate the raid into a confrontation with Jordan.
Showing his brilliance as a propagandist, Arafat redefined Israel’s strategic retreat into a rout. Organizing his defeated and demoralized force into a cavalcade, he marched into Salt with guns firing victoriously in the air, claiming in effect that it was his force, rather than fear of a diplomatic incident, that had caused the Israelis to move back. Arafat claimed that he had liberated both Palestinian and Jordanian karameh (“dignity” in Palestinian Arabic) by smashing the Israeli force and driving it back across the Jordan river in shame and disarray. It was pure fiction, but the Arabs believed it. Soon money and recruits were pouring in, and Arafat was able to reconstitute and equip his haggard Fatah force. Shrewdly leveraging his “victory,” Arafat challenged Ahmad Shukairy as head of the PLO in February 1969. Acting through Nasser, the Soviets backed Arafat and he emerged as the unchallenged leader of the Arab terrorist war against Israel. while remaining distinct organizations, the PLO and Fatah were unified beneath the umbrella of his leadership.
At this point, Soviet involvement became critical. Under Russian tutelage, Arafat signed the “Cairo Agreement” in November 1969, which allowed him, with overt Egyptian and Syrian backing and covert Russian support, to move a large part of his force into southern Lebanon. There they set up centers of operation to prepare for terror attacks against Israel’s northern border, while Arafat and the rest of his force remained in Jordan.
The three years of Arafat’s sojourn in Jordan were not without internal problems. Fatah terrorists routinely clashed with Jordanian soldiers (more than nine hundred armed encounters between 1967 and 1970). Arafat’s men used Mafia tactics to smuggle cigarettes, drugs, and alcohol, and to extort money from local Jordanians, setting up roadblocks to exact tolls and kidnapping notables for ransom to finance “the revolution.” when Jordanian forces tried to keep order, Fatah engaged and in some cases killed them. Jordan’s King Hussein was not eager for a confrontation.
Faced with Arafat’s threats of civil war, he offered the PLO leader a position in the Jordanian parliament. Arafat refused, saying that his only goal in life was to destroy Israel. When the U.S. assistant secretary of state, Joseph Cisco, came to Jordan in April 1970, Arafat organized massive anti-American riots throughout the country, during which one American military attaché was murdered and another kidnapped. Humiliated before his most important ally, Hussein did nothing.
In July 1970, Egypt and Jordan accepted U.S. secretary of state William Rogers’ plan for Israel’s withdrawal from the west Bank and Gaza in exchange for peace and recognition. But instead of embracing the plan and taking control of the West Bank and Gaza, Arafat denounced the Rogers proposal, reiterating his determination to reject any peace agreement. He then organized riots throughout Jordan in order to prevent a political solution. The liberated Palestine he sought would stretch from the Jordan river to the sea, with no Israel, and could only be achieved through fire and blood. All peace agreements that left Israel intact were in his view betrayals of the Palestinian cause.
Nasser was furious and let King Hussein know that he had withdrawn his support for Arafat. Blundering ahead, Arafat announced it was now time to overthrow King Hussein, and he launched an insurrection.
Throughout August 1970, fighting between Arafat’s forces and the Jordan Legion escalated. Arafat looked forward to support from Syria when he launched his final coup, but the Syrians had backed off because they had learned that the United States had given Israel a green light to intervene if they became involved.
The final straw came on September 6, 1970, when the Popular Front for the Liberation of Palestine (PFLP), nominally under Arafat’s control, skyjacked one Swiss and two American airliners. Two of the planes landed in Jordan, where they were emptied of their passengers and then blown up. The passengers were held as hostages, to be released in exchange for PLO and other terrorists in Israeli jails. At this point, King Hussein declared martial law, and ordered Arafat and his men out of Jordan. Arafat responded by demanding a national unity government with himself at its head. Hussein then ordered his 55,000 soldiers and 300 tanks to attack PLO forces in Amman, Salt, Irbid, and all Palestinian refugee camps.
In eleven days it was over. Seeing his forces tottering on the brink of total defeat and perhaps annihilation, Arafat, having promptly fled to safety in Sudan, agreed to face a tribunal of Arab leaders who would adjudicate an end to the conflict. After six hours of deliberation, the rulers of Egypt, Kuwait, Lebanon, Libya, Saudi Arabia, and Sudan decided in favor of King Hussein. And to make matters worse, Arafat’s last patron, the dictator Nasser, died of a heart attack while seeing members of the tribunal off at the Cairo airport. As Hussein forced the remaining PLO terrorists out of his cities, Arafat had no choice but to leave. By March 1971, he had made his way clandestinely to Lebanon, the only Arab country too weak to throw him out.
Once in Lebanon, he sought to take control of the PLO forces, but he discovered that his chief surviving officers quite correctly blamed him for the Jordan debacle, which had become known as “Black September.” Their resentment for the great and senseless loss of life in Jordan led to two attempts on his life.
Arafat not only survived, but was able to use his ample diplomatic skills to turn the tables on his opponents inside Fatah and the PLO. He argued that in the few short years that he had led his liberation army, he had awakened Palestinian nationalism (in fact, he had virtually invented it), recruited and armed a substantial terror army (the PLO forces in Lebanon were unscathed by the Black September catastrophe), initiated war against Israel, rebuffed efforts by Egypt and Syria to control the PLO, made his organization into a state within a state in both Jordan and Lebanon, and raised substantial support from a growing number of rich expatriate Palestinians and supporters throughout the Arab world. By early 1971, despite the animosity that his debacle in Jordan had engendered, he successfully reestablished himself as the unchallenged PLO military and political leader.
Arafat’s ability to stay at the top of Fatah and the PLO in Lebanon was the result, at least in part, of the support he received from the USSR. Soviet interest in Arafat was motivated largely by his success in organizing and motivating his terrorist followers. The Soviet Union’s Cold war agenda required someone with just those talents to expand and develop the terror arm of Soviet activity in the Third world, and especially in the Muslim world. Within a few years, Russian-trained PLO operatives were manning a dozen terror-training camps in Syria and Lebanon, and deploying terror cells across the globe from Germany to Nicaragua, Turkey to Iran.
By 1973, Arafat was a Soviet puppet (and would remain such until the fall of the USSR). His adjutants, including Mahmoud Abbas, were being trained by the KGB in guerrilla warfare, espionage, and demolition; and his ideologues had gone to North Vietnam to learn the propaganda Tao of Ho Chi Minh.
The PLO Discovers “Wars of National Liberation”
As early as 1964, Arafat had sent Abu Jihad (later the leader of the PLO’s military operations) to North Vietnam to study the strategy and tactics of guerrilla warfare as waged by Ho Chi Minh. At this time, Fatah also translated the writings of North Vietnam’s General Nguyen Giap, as well as the works of Mao and Che Guevara, into Arabic.
Arafat was particularly struck by Ho Chi Minh’s success in mobilizing left-wing sympathizers in Europe and the United States, where activists on American campuses, enthusiastically following the line of North Vietnamese operatives, had succeeded in reframing the Vietnam war from a Communist assault on the south to a struggle for national liberation. Ho’s chief strategist, General Giap, made it clear to Arafat and his lieutenants that in order to succeed, they too needed to redefine the terms of their struggle. Giap’s counsel was simple but profound: the PLO needed to work in a way that concealed its real goals, permitted strategic deception, and gave the appearance of moderation:
“Stop talking about annihilating Israel and instead turn your terror war into a struggle for human rights. Then you will have the American people eating out of your hand.”
At the same time that he was getting advice from General Giap, Arafat was also being tutored by Muhammad Yazid, who had been minister of information in two Algerian wartime governments (1958–1962): wipe out the argument that Israel is a small state whose existence is threatened by the Arab states, or the reduction of the Palestinian problem to a question of refugees; instead, present the Palestinian struggle as a struggle for liberation like the others. Wipe out the impression that in the struggle between the Palestinians and the Zionists, the Zionist is the underdog. Now it is the Arab who is oppressed and victimized in his existence because he is not only facing the Zionists but also world imperialism.
To make sure that they followed this advice, the KGB put Arafat and his adjutants into the hands of a master of propaganda: Nicolai Ceausescu, president-for-life of Romania.
For the next few years, Ceausescu hosted Arafat frequently and gave him lessons on how to apply the advice of Giap, Yazid, and others in the Soviet orbit. Arafat’s personal “handler,” Ion Mihai Pacepa, the head of the Romanian military intelligence, had to work hard on his sometimes unruly protégé. Pacepa later recorded a number of sessions during which Arafat railed against Ceausescu’s injunctions that the PLO should present itself as a people’s revolutionary army striving to right wrongs and free the oppressed: he wanted only to obliterate Israel. Gradually, though, Ceausescu’s lessons in Machiavellian statecraft sank in. During his early Lebanon years, Arafat developed propaganda tactics that would allow him to create the image of a homeless people oppressed by a colonial power. This makeover would serve him well in the west for decades to come.
Although Arafat was pioneering the use of skyjacking during this time and setting off a wave of copycat airborne terrorism, he discovered that even the flimsiest and most transparent excuses sufficed for the western media to exonerate him and blame Israel for its retaliatory or preventive attacks, and to accept his insistence that he was a statesman who could not control the terrorists he was in fact orchestrating.
But while Arafat was finally absorbing and applying the lessons he learned from his Romanian and North Vietnamese hosts and handlers, as Pacepa describes it in Red Horizons, the Soviets still questioned his dependability. So, with Pacepa’s help, they created a highly specialized “insurance policy.” Using the good offices of the Romanian ambassador to Egypt, they secretly taped Arafat’s almost nightly homosexual interactions with his bodyguards and with the unfortunate preteen orphan boys whom Ceausescu provided for him as part of “Romanian hospitality.” with videotapes of Arafat’s voracious pedophilia in their vault, and knowing the traditional attitude toward homosexuality in Islam, the KGB felt that Arafat would continue to be a reliable asset for the Kremlin.
Whether or not Arafat’s homosexuality was the key to the Soviets’ control over him, it is clear that by the early 1970s the PLO had joined the ranks of other socialist anti-colonial “liberation” movements, both in its culture and in its politics; and had reframed its terror war as a “people’s war” similar to those of the other Marxist-Leninist terrorist guerrillas in China, Cuba, and Vietnam. Thanks to input from Ceausescu, General Giap, and the Algerians, Arafat gradually saw the wisdom of jettisoning his fulminations about “throwing the Jews into the sea,” and in its place he developed the images of the “illegal occupation” and “Palestinian national self-determination,” both of which lent his terrorism the mantle of a legitimate people’s resistance. Of course, there was one ingredient missing in this imaginative reconfiguration of the struggle: There had never been a “Palestinian people,” or a “Palestinian nation,” or a sovereign state known as “Palestine.”
Creating “Palestine”
The term Palestine ( in Arabic) was an ancient name for the general geographic region that is more or less today’s Israel. The name derives from the Philistines, who originated from the Eastern Mediterranean and invaded the region in the eleventh and twelfth centuries B.C. The Philistines were apparently from Greece, or perhaps Crete, or the Aegean Islands, or Ionia. They seem to be related to the Bronze Age Greeks, and they spoke a language akin to Mycenaean Greek.
Their descendants were still living on the shores of the Mediterranean when roman invaders arrived a thousand years later. The Romans corrupted the name to “Palestina,” and the area under the sovereignty of their littoral city states became known as “Philistia.” Six hundred years later, the Arab invaders called the region “Falastin.”
Throughout all subsequent history, the name designated only a vague geographical entity. There was never a nation of “Palestine,” never a people known as the “Palestinians,” nor any notion of “historic Palestine.” The region never enjoyed any sovereign autonomy, but instead remained under successive foreign sovereign domains, from the Umayyads and Abbasids to the Fatimids, Ottomans and British.
During the British Mandate period (1922–1948), the Arabs of the area had their own designation for the region: Balad esh-Sham (the country, or province, of Damascus). In early 1947, in fact, when the UN was exploring the possibility of the partition of British Mandatory Palestine into two states, one for the Jews and one for the Arabs, various Arab political and academic spokespersons vociferously protested against such a division because, they argued, the region was really a part of southern Syria. Because no such people as “Palestinians” had ever existed, it would be an injustice to Syria to create a state ex nihilo at the expense of Syrian sovereign territory.
During the nineteen years from Israel’s victory in 1948 to Israel’s victory in the Six-Day war, all that remained of the territory initially set aside for the Arabs of British Mandatory Palestine under the conditions of the UN partition was the West Bank, under illegal Jordanian sovereignty, and the Gaza Strip, under illegal Egyptian rule. Never during these nineteen years did any Arab leader anywhere in the world argue for the right of national self-determination for the Arabs of these territories. Even Yassir Arafat, from his earliest terrorist days until 1967, used the term “Palestinians” only to refer to the Arabs who lived under, or had fled from, Israeli sovereignty; and the term “Palestine” only to refer to Israel in its pre-1967 borders.
In the PLO’s original founding Charter (or Covenant), Article 24 states: “this Organization does not exercise any regional sovereignty over the west Bank in the Hashemite Kingdom of Jordan, in the Gaza Strip or the Himmah area.” For Arafat, “Palestine” was not the west Bank or the Gaza Strip, which after 1948 belonged to other Arab states. The only “homeland” for the PLO in 1964 was the State of Israel.
However, in response to the Six-Daywar and Arafat’s mentoring by the Soviets and their allies, the PLO revised its Charter on July 17, 1968, to remove the language of Article 24, thereby newly asserting a “Palestinian” claim of sovereignty to the West Bank and the Gaza Strip.
Part of the reframing of the conflict, along with adopting the identity of an “oppressed people” and “victim of colonialism,” then, was the creation, ex nihilo, of “historic Palestine” and the ancient “Palestinian people” who had lived in their “homeland” from “time immemorial,” who could trace their “heritage” back to the Canaanites, who were forced from their homeland by the Zionists, and who had the inalienable right granted by international law and universal justice to use terror to reclaim their national identity and
political self-determination.
That this was a political confection was, perhaps inadvertently, revealed to the West by Zahir Muhse’in, a member of the PLO Executive Committee, in a 1977 interview with the Amsterdam-based newspaper Trouw:
“The Palestinian people does not exist. The creation of a Palestinian state is only a means for continuing our struggle against the state of Israel for our Arab unity. In reality today there is no difference between Jordanians, Palestinians, Syrians and Lebanese. Only for political and tactical reasons do we speak today about the existence of a Palestinian people, since Arab national interests demand that we posit the existence of a distinct “Palestinian people” to oppose Zionism. [Emphasis added.]
Arafat himself asserted the same principle on many occasions. In his authorized biography he says, “The Palestinian people have no national identity. I, Yasir Arafat, man of destiny, will give them that identity through conflict with Israel.”
But even these admissions—that the concept of a “Palestinian people” and a “Palestinian homeland” were invented for political purposes to justify and legitimize terrorism and genocide—could not stem the enthusiasm of western leaders. Within the space of a few years, the Middle East conflict with Israel was radically reframed. No longer was little Israel the vulnerable David standing against the massive Goliath of the Arab world. As the PLO’s Communist-trained leaders saw the inroads that Vietnam, Cuba, and other “liberation struggles” had made in the west, Arafat promoted the same script for the Palestinians. Now it was Israel who was the bullying Goliath, a colonial power in the Middle East oppressing the impoverished, unarmed, helpless, hapless, and hopeless Palestinians.
Despite the changing imagery, however, one thing remained constant. From his earliest days, Arafat was clear that the PLO’s aim was “not to impose our will on [Israel], but to destroy it in order to take its place . . . not to subjugate the enemy but to destroy him.” The Palestinian nationalism that he and his Communist advisers created would be the only national movement for political self-determination in the entire world, and across all of world history, to have the destruction of a sovereign state and the genocide of a people as its only raison d’etre.
Discrso requentado ou Marxismo-leninismo aporta na América Latina
Por Olavo de Carvalho em 27 de dezembro de 2007
No começo da década de 90, a ilusão triunfalista do “fim do comunismo” produziu nos liberais brasileiros a mais desconcertante das mutações: fez com que daí por diante eles concentrassem suas baterias na propaganda das vantagens da economia de mercado e na apologia abstrata do Estado de Direito, como se não lhes restasse outro inimigo a enfrentar. A esse programa acrescentou-se apenas, a partir de 2002, o combate à corrupção petista – muito mais brando e educado do que aquele que o PT havia travado contra os governos Collor e FHC. Se esse mesmo período foi também o da ascensão da esquerda ao controle hegemônico do Estado e da sociedade, só um cérebro monstruosamente letárgico poderia ver aí só coincidência.
Ao desmantelamento parcial e aparente da URSS seguiu-se, na América Latina, a fundação do Foro de São Paulo . Quando as Farc, em carta ao PT, celebram essa fundação como o acontecimento providencial que salvou da extinção o movimento comunista no continente, elas sabem muito bem do que estão falando: partidos legais e organizações criminosas de esquerda são hoje os dominadores incontestes da América Latina.
Isso aconteceu precisamente no período em que os liberais, desejando limpar-se de toda contaminação com a imagem de um passado conservador, não só se abstinham de toda menção ao perigo comunista, mas não escondiam sua má vontade hostil ante quem quer que ousasse tocar no assunto. Se, numa disputa política, um dos lados está disposto a todos os sacrifícios para reconquistar o terreno perdido e o outro se sente comprometido a jamais denunciar o que o adversário está fazendo, não é preciso ser muito esperto para saber quem vai ganhar a briga. Mas os liberais já a perderam, e a maioria deles ainda se recusa a entender o porquê.
Não percebem, essas angélicas criaturas, que toda a sua retórica não pode fazer nenhum mal à esquerda, a qual já se apossou dela quase que por inteiro, ao ponto de ser acusada, por alguns de seus membros mais loucos e por seus próprios agentes de desinformação empenhados em espalhar falsas pistas, de haver se bandeado para a direita.
O inimigo que hoje se perfila diante dos liberais e conservadores do continente não é um nebuloso “populismo”, não é um mero estatismo administrativo, não é um adocicado burocratismo social-democrata de estilo europeu: é o marxismo-leninismo, é o bom e velho comunismo de sempre, hoje com uma estratégia mais abrangente e flexível do que nunca e com adversários mais tímidos e bobocas do que seus sonhos mais róseos poderiam jamais ter concebido.
A mentalidade revolucionária
Por Olavo de Carvalho em 17 de agosto de 2007
Desde que se espalhou por aí que estou escrevendo um livro chamado “A Mente Revolucionária”, tenho recebido muitos pedidos de uma explicação prévia quanto ao fenômeno designado nesse título.
A mente revolucionária é um fenômeno histórico perfeitamente identificável e contínuo, cujos desenvolvimentos ao longo de cinco séculos podem ser rastreados numa infinidade de documentos. Esse é o assunto da investigação que me ocupa desde há alguns anos. “Livro” não é talvez a expressão certa, porque tenho apresentado alguns resultados desse estudo em aulas, conferências e artigos e já nem sei se algum dia terei forças para reduzir esse material enorme a um formato impresso identificável. “A mente revolucionária” é o nome do assunto e não necessariamente de um livro, ou dois, ou três. Nunca me preocupei muito com a formatação editorial daquilo que tenho a dizer. Investigo os assuntos que me interessam e, quando chego a algumas conclusões que me parecem razoáveis, transmito-as oralmente ou por escrito conforme as oportunidades se apresentam. Transformar isso em “livros” é uma chatice que, se eu pudesse, deixaria por conta de um assistente. Como não tenho nenhum assistente, vou adiando esse trabalho enquanto posso.
A mente revolucionária não é um fenômeno essencialmente político, mas espiritual e psicológico, se bem que seu campo de expressão mais visível e seu instrumento fundamental seja a ação política.
Para facilitar as coisas, uso as expressões “mente revolucionária” e “mentalidade revolucionária” para distinguir entre o fenômeno histórico concreto, com toda a variedade das suas manifestações, e a característica essencial e permanente que permite apreender a sua unidade ao longo do tempo.
“Mentalidade revolucionária” é o estado de espírito, permanente ou transitório, no qual um indivíduo ou grupo se crê habilitado a remoldar o conjunto da sociedade – senão a natureza humana em geral – por meio da ação política; e acredita que, como agente ou portador de um futuro melhor, está acima de todo julgamento pela humanidade presente ou passada, só tendo satisfações a prestar ao “tribunal da História”. Mas o tribunal da História é, por definição, a própria sociedade futura que esse indivíduo ou grupo diz representar no presente; e, como essa sociedade não pode testemunhar ou julgar senão através desse seu mesmo representante, é claro que este se torna assim não apenas o único juiz soberano de seus próprios atos, mas o juiz de toda a humanidade, passada, presente ou futura. Habilitado a acusar e condenar todas as leis, instituições, crenças, valores, costumes, ações e obras de todas as épocas sem poder ser por sua vez julgado por nenhuma delas, ele está tão acima da humanidade histórica que não é inexato chamá-lo de Super-Homem.
Autoglorificação do Super-Homem, a mentalidade revolucionária é totalitária e genocida em si, independentemente dos conteúdos ideológicos de que se preencha em diferentes circunstâncias e ocasiões.
Recusando-se a prestar satisfações senão a um futuro hipotético de sua própria invenção e firmemente disposto a destruir pela astúcia ou pela força todo obstáculo que se oponha à remoldagem do mundo à sua própria imagem e semelhança, o revolucionário é o inimigo máximo da espécie humana, perto do qual os tiranos e conquistadores da antigüidade impressionam pela modéstia das suas pretensões e por uma notável circunspecção no emprego dos meios.
O advento do revolucionário ao primeiro plano do cenário histórico – fenômeno que começa a perfilar-se por volta do século XV e se manifesta com toda a clareza no fim do século XVIII – inaugura a era do totalitarismo, das guerras mundiais e do genocídio permanente. Ao longo de dois séculos, os movimentos revolucionários, as guerras empreendidas por eles e o morticínio de populações civis necessário à consolidação do seu poder mataram muito mais gente do que a totalidade dos conflitos bélicos, epidemias terremotos e catástrofes naturais de qualquer espécie desde o início da história do mundo.
O movimento revolucionário é o flagelo maior que já se abateu sobre a espécie humana desde o seu advento sobre a Terra.
A expansão da violência genocida e a imposição de restrições cada vez mais sufocantes à liberdade humana acompanham pari passu a disseminação da mentalidade revolucionária entre faixas cada vez mais amplas da população, pela qual massas inteiras se imbuem do papel de juízes vingadores nomeados pelo tribunal do futuro e concedem a si próprios o direito à prática de crimes imensuravelmente maiores do que todos aqueles que a promessa revolucionária alega extirpar.
Mesmo se não levarmos em conta as matanças deliberadas e considerarmos apenas a performance revolucionária desde o ponto de vista econômico, nenhuma outra causa social ou natural criou jamais tanta miséria e provocou tantas mortes por desnutrição quanto os regimes revolucionários da Rússia, da China e de vários países africanos.
Qualquer que venha a ser o futuro da espécie humana e quaisquer que sejam as nossas concepções pessoais a respeito, a mentalidade revolucionária tem de ser extirpada radicalmente do repertório das possibilidades sociais e culturais admissíveis antes que, de tanto forçar o nascimento de um mundo supostamente melhor, ela venha a fazer dele um gigantesco aborto e do trajeto milenar da espécie humana sobre a Terra uma história sem sentido coroada por um final sangrento.
Embora as distintas ideologias revolucionárias sejam todas, em maior ou menor medida, ameaçadoras e daninhas, o mal delas não reside tanto no seu conteúdo específico ou nas estratégias de que se servem para realizá-lo, quanto no fato mesmo de serem revolucionárias no sentido aqui definido.
O socialismo e o nazismo são revolucionários não porque propõem respectivamente o predomínio de uma classe ou de uma raça, mas porque fazem dessas bandeiras os princípios de uma remodelagem radical não só da ordem política, mas de toda a vida humana. Os malefícios que prenunciam se tornam universalmente ameaçadores porque não se apresentam como respostas locais a situações momentâneas, mas como mandamentos universais imbuídos da autoridade de refazer o mundo segundo o molde de uma hipotética perfeição futura. A Ku-Klux-Klan é tão racista quanto o nazismo, mas não é revolucionária porque não tem nenhum projeto de alcance mundial. Por essa razão seria ridículo compará-la, em periculosidade, ao movimento nazista. Ela é um problema policial puro e simples.
Por isso mesmo é preciso enfatizar que o sentido aqui atribuído ao termo “revolução” é ao mesmo tempo mais amplo e mais preciso do que a palavra tem em geral na historiografia e nas ciências sociais presentemente existentes. Muitos processos sócio-políticos usualmente denominados “revoluções” não são “revolucionários” de fato, porque não participam da mentalidade revolucionária, não visam à remodelagem integral da sociedade, da cultura e da espécie humana, mas se destinam unicamente à modificação de situações locais e momentâneas, idealmente para melhor. Não é necessariamente revolucionária, por exemplo, a rebelião política destinada apenas a romper os laços entre um país e outro. Nem é revolucionária a simples derrubada de um regime tirânico com o objetivo de nivelar uma nação às liberdades já desfrutadas pelos povos em torno. Mesmo que esses empreendimentos empreguem recursos bélicos de larga escala e provoquem modificações espetaculares, não são revoluções, porque nada ambicionam senão à correção de males imediatos ou mesmo o retorno a uma situação anterior perdida.
O que caracteriza inconfundivelmente o movimento revolucionário é que sobrepõe a autoridade de um futuro hipotético ao julgamento de toda a espécie humana, presente ou passada. A revolução é, por sua própria natureza, totalitária e universalmente expansiva: não há aspecto da vida humana que ela não pretenda submeter ao seu poder, não há região do globo a que ela não pretenda estender os tentáculos da sua influência.
Se, nesse sentido, vários movimentos político-militares de vastas proporções devem ser excluídos do conceito de “revolução”, devem ser incluídos nele, em contrapartida, vários movimentos aparentemente pacíficos e de natureza puramente intelectual e cultural, cuja evolução no tempo os leve a constituir-se em poderes políticos com pretensões de impor universalmente novos padrões de pensamento e conduta por meios burocráticos, judiciais e policiais. A rebelião húngara de 1956 ou a derrubada do presidente brasileiro João Goulart, nesse sentido, não foram revoluções de maneira alguma. Nem o foi a independência americana, um caso especial que terei de explicar num outro artigo. Mas sem dúvida são movimentos revolucionários o darwinismo e o conjunto de fenômenos pseudo-religiosos conhecido como Nova Era. Todas essas distinções terão de ser explicadas depois em separado e estão sendo citadas aqui só a título de amostra.
* * *
Entre outras confusões que este estudo desfaz está aquela que reina nos conceitos de “esquerda”e “direita”. Essa confusão nasce do fato de que essa dupla de vocábulos é usada por sua vez para designar duas ordens de fenômenos totalmente distintos. De um lado, a esquerda é a revolução em geral, e a direita a contra-revolução. Não parecia haver dúvida quanto a isso no tempo em que os termos eram usados para designar as duas alas dos Estados Gerais. A evolução dos acontecimentos, porém, fez com que o próprio movimento revolucionário se apropriasse dos dois termos, passando a usá-los para designar suas subdivisões internas. Os girondinos, que estavam à esquerda do rei, tornaram-se a “direita” da revolução, na mesma medida em que, decapitado o rei, os adeptos do antigo regime foram excluídos da vida pública e já não tinham direito a uma denominação política própria. Esta retração do “direitismo” admissível, mediante a atribuição do rótulo de “direita” a uma das alas da própria esquerda, tornou-se depois um mecanismo rotineiro do processo revolucionário. Ao mesmo tempo, remanescentes contra-revolucionários genuínos foram freqüentemente obrigados a aliar-se à “direita”revolucionária e a confundir-se com ela para poder conservar alguns meios de ação no quadro criado pela vitória da revolução. Para complicar mais as coisas, uma vez excluída a contra-revolução do repertório das idéias politicamente admissíveis, o ressentimento contra-revolucionário continuou existindo como fenômeno psico-social, e muitas vezes foi usado pela esquerda revolucionária como pretexto e apelo retórico para conquistar para a sua causa faixas de população arraigadamente conservadoras e tradicionalistas, revoltadas contra a “direita” revolucionária imperante no momento. O apelo do MST à nostalgia agrária ou a retórica pseudo-tradicionalista adotada aqui e ali pelo fascismo fazem esquecer a índole estritamente revolucionária desses movimentos. O próprio Mao Dzedong foi tomado, durante algum tempo, como um reformador agrário tradicionalista. Também não é preciso dizer que, nas disputas internas do movimento revolucionário, as facções em luta com freqüência se acusam mutuamente de “direitistas” (ou “reacionárias”). À retórica nazista que professava destruir ao mesmo tempo “a reação” e “o comunismo” correspondeu, no lado comunista, o duplo e sucessivo discurso que primeiro tratou os nazistas como revolucionários primitivos e anárquicos e depois como adeptos da “reação” empenhados em “salvar o capitalismo” contra a revolução proletária.
Os termos “esquerda” e “direita” só têm sentido objetivo quando usados na sua acepção originária de revolução e contra-revolução respectivamente. Todas as outras combinações e significados são arranjos ocasionais que não têm alcance descritivo mas apenas uma utilidade oportunística como símbolos da unidade de um movimento político e signos demonizadores de seus objetos de ódio.
Nos EUA, o termo “direita” é usado ao mesmo tempo para designar os conservadores em sentido estrito, contra-revolucionários até à medula, e os globalistas republicanos, “direita” da revolução mundial. Mas a confusão existente no Brasil é muito pior, onde a direita contra-revolucionária não tem nenhuma existência política e o nome que a designa é usado, pelo partido governante, para nomear qualquer oposição que lhe venha desde dentro mesmo dos partidos de esquerda, ao passo que a oposição de esquerda o emprega para rotular o próprio partido governante.
Para mim está claro que só se pode devolver a esses termos algum valor descritivo objetivo tomando como linha de demarcação o movimento revolucionário como um todo e opondo-lhe a direita contra-revolucionária, mesmo onde esta não tenha expressão política e seja apenas um fenômeno cultural.
A essência da mentalidade contra-revolucionária ou conservadora é a aversão a qualquer projeto de transformação abrangente, a recusa obstinada de intervir na sociedade como um todo, o respeito quase religioso pelos processos sociais regionais, espontâneos e de longo prazo, a negação de toda autoridade aos porta-vozes do futuro hipotético.
Nesse sentido, o autor destas linhas é estritamente conservador. Entre outros motivos, porque acredita que só o ponto de vista conservador pode fornecer uma visão realista do processo histórico, já que se baseia na experiência do passado e não em conjeturações de futuro. Toda historiografia revolucionária é fraudulenta na base, porque interpreta e distorce o passado segundo o molde de um futuro hipotético e aliás indefinível. Não é uma coincidência que os maiores historiadores de todas as épocas tenham sido sempre conservadores.
Se, considerada em si mesma e nos valores que defende, a mentalidade contra-revolucionária deve ser chamada propriamente “conservadora”, é evidente que, do ponto de vista das suas relações com o inimigo, ela é estritamente “reacionária”. Ser reacionário é reagir da maneira mais intransigente e hostil à ambição diabólica de mandar no mundo.
Alerta aos Comandantes das Forças Armadas
Por Ernesto Caruso em 27 de dezembro de 2007
Ao que se divulga, tem sido uma preocupação do governo a paridade de vencimentos entre ativa e reserva, especulando-se que seria um obstáculo à concessão do reajuste. Um outro argumento seria a dependência da aprovação da CPMF. Nem uma coisa nem outra, na minha visão.
O planejado e sabido pela cúpula, por tudo que já falaram e encenaram, estava DECIDIDO: nada seria concedido neste ano. E bem capaz, riram às nossas custas, porque o deboche é uma característica marcante dessa gente top-top.O doce era tão doce que anunciaram que o reajuste seria retroativo a setembro do corrente. Quanta sacanagem.
Hoje entendo, por conta da autodefinição, o ser uma metamorfose ambulante, deixando marcas pelas pegadas (mais ou menos isto), porquanto se transforma em matéria orgânica e anda para a classe militar.
A questão da paridade é um nó que o governo quer desatar em prejuízo da gente da reserva. Um nó que representa uma aliança fundida historicamente, sem distinção entre os da ativa e os da reserva, sempre prontos a desempenhar as suas funções, uns exercendo e outros em condições de exercê-las a um chamamento da Pátria.
No entanto, de forma camuflada, tal condição já foi imposta para os que estavam na ativa, quando da efetivação da MP2131 e por nós comentada através a "APRECIAÇÃO SOBRE A MP Nº 2.131 DE 28/12/00" de 13 de fevereiro de 2001. Foi nas proximidades do Natal e da esperança de um Bom Ano Novo o que foi feito no governo FHC em 2000, agora repetido como presente em 2007 pelo governo Lula.
Aos que passaram para a reserva antes da referida MP, quero crer, há de se respeitar o ditame da Carta Maior:
- "CONSTITUIÇÃO DO BRASIL
Art. 5º .........
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;"
Tal fato impõe manter as condições de respeitabilidade à lei no momento do fato gerador do direito, caracterizado pelo ato jurídico perfeito.
Considerar ainda:
- "CONSTITUIÇÃO DO BRASIL
Art. 37 ..........
XV - os vencimentos dos servidores públicos são irredutíveis, e a remuneração observará o que dispõem os arts. 37, XI e XII, 150, II, 153, III e § 2º, I; (EC 18/98)
Art. 40 ..........
§ 8° Observado o disposto no art. 37, XI, os proventos de aposentadoria e as pensões serão revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade, sendo também estendidos aos aposentados e aos pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão, na forma da lei. (EC 20/98)
Art. 142 .........
§ 3º.............IX - aplica-se aos militares e a seus pensionistas o disposto no art. 40, §§ 7º e 8º;............. (EC 20/98)
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições:......................
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV;(EC 18/98)
EC nº 20/1998
Art. 3º .........
§ 3º São mantidos todos os direitos e garantias assegurados nas disposições constitucionais vigentes à data de publicação desta Emenda aos servidores e militares, inativos e pensionistas, aos anistiados e aos ex-combatentes, assim como àqueles que já cumpriram, até aquela data, os requisitos para usufruírem tais direitos, observado o disposto no art. 37,XI, da Constituição Federal.
- ESTATUTO DOS MILITARES(Lei 6.880, de 9/12/80)
Art. 58 - Os proventos de inatividade serão revistos sempre que, por motivo de alteração do poder aquisitivo da moeda, se modificarem os vencimentos dos militares em serviço ativo.
Parágrafo único. Ressalvados os casos previstos em lei, os proventos da inatividade não poderão exceder à remuneração percebida pelo militar da ativa no posto ou graduação correspondente aos dos seus proventos.
Já os atingidos pela famigerada, comentávamos na oportunidade:
"c. Quanto a outras perdas
Os militares da ativa são prejudicados pela MP 2131 no que se refere à percepção de remuneração ao grau hierárquico superior e pela extinção do adicional de tempo de serviço, "congelando" o tempo já cumprido, sem receber, por equiparação, ao longo da carreira, os anuênios. Quando passarem para a reserva, constituir-se-ão em uma classe inferior, se comparados aos seus pares da inatividade. São eles que lidam com explosivos, munições, canhões, obuseiros, granadas, gases, acampamentos, permanência nos aquartelamentos por 33 horas seguidas, quando em serviço de um domingo, iniciado às 7 horas e término às 7 horas de segunda-feira, mais o expediente normal até 16 ou 16h30min. Convivem com os perigos dos mares, dos céus e das florestas, superando vicissitudes, doenças tropicais e o isolamento das fronteiras e, de forma penosa, o alvo principal da economia que se pretende fazer.
Exemplo:
- Atual (Cel com proventos do posto superior): soldo (Gen Bda) 4.101,00; Ad Mil(28% em Jan/2002) 1.148,28; Ad Hab (30%) 1.230.30; Ad TSv (35%) 1.435,35; total 7.914,93;
- Atual (Maj com 15 anos de tempo de serviço, "congelado" em 15%)
- Futuro (o referido Maj passando para a reserva como Cel): soldo 3.741.00; Ad Mil(25%) 935,25; Ad Hab (30%) 1.122,30; Ad TSv (15%) 561,15; total 6.359,70
Resultado final (7.914,93-6.359,70): 1.555,23
Assim, os proventos do Cel do futuro significarão 80,35% dos do atual."
Observe-se que já se passaram sete anos e outros se somarão e com o isso, o tempo se serviço congelado vai diminuindo gradativamente, fazendo com que a perda salarial seja maior e aumente a diferença de vencimentos entre as gerações da reserva antes de dezembro de 2000 e as posteriores. O estrago já foi feito.
Mais justo seria aumentar o tempo de contribuição, ao invés de fustigar quem já tanto trabalhou pelo engrandecimento do País. O governo Castelo Branco passou de 25 para 30 anos. Muito lógico. Na medida que o tempo de vida aumenta, há que se pensar em um número maior de contribuintes. A redução de salário tem sido uma prática perversa.
Some-se a esse descaso a evasão de oficiais das FA devido aos baixos salários, diminuindo o universo de contribuintes.
Estão marchando na contramão, se não for essa a intenção.
Mas, ainda faltam alguns dias para terminar o ano.
Ernesto Caruso é Coronel da Reserva do EB.
terça-feira, 25 de dezembro de 2007
Não é para rir. Devemos chorar por nós e por nossos filhos...
Direita, volver!
Por Sérgio Malbergier em 08/11/2007
Muito se falou do fracasso do Consenso de Washington, aquele formado em torno de idéias liberais pró-capitalistas após a desmoralização das esquerdas com a queda do Muro de Berlim (1989) e do Império Soviético. Mas, observando o que se passa no mundo hoje, exatos 90 anos depois da Revolução Bolchevique, é preciso muita ideologia para fugir da conclusão de que vem da direita as políticas transformadoras que trazem avanços concretos às tais massas trabalhadoras.
Os chineses vivem melhor hoje porque o país ficou mais capitalista, não menos. Com a Índia, é a mesma coisa, assim como nos países do Leste Europeu e no nosso Brasil, onde finalmente consolida-se, lentamente, a lógica de que quanto mais se segue as regras básicas do capitalismo, maior o avanço econômico.
Mesmo a maior bandeira das esquerdas pós-queda do Muro, o movimento antiglobalização, caiu como a Cortina de Ferro porque são inegáveis os benefícios da maior integração econômica global, que tirou centenas de milhões de pessoas da miséria na China (via exportação de manufaturados) e na Índia (via exportação de serviços e softwares), para ficar nos dois países mais populosos do mundo.
O fato de as esquerdas terem subido na barca furada da antiglobalização mostra bem sua busca desesperada por causas que as viabilizem e as renovem. Não que a bandeira básica da esquerda, a melhoria das condições de vida dos trabalhadores, tenha caducado. Será sempre defensável. Mas ela parece avançar com mais capitalismo, não com menos.
E isso tudo foi atingido graças a instrumentos do capitalismo criticados pelas esquerdas. Veja o exemplo da rapidez cada vez maior na transferência de capitais ao redor do planeta. Dizer que isso é um problema para as economias nacionais é como dizer que a maior velocidade dos aviões é ruim para o transporte de passageiros. Quanto maior a capacidade de movimentar seu dinheiro, melhor, qualquer correntista de banco sabe disso. O problema pode vir das decisões tomadas a partir dessa capacidade, não da rapidez em si.
É essa maior rapidez que permite que o dinheiro saia dos centros ricos e busque maior rendimento nos países emergentes e pobres, capitalizando, por exemplo, as empresas brasileiras listadas na Bovespa, que assim têm mais dinheiro para investir e gerar empregos.
Outro exemplo esclarecedor é o da França, berço da esquerda e da direita como terminologia política (na França pós-revolucionária, os liberais sentavam-se à direita na Assembléia; os revolucionários radicais, à esquerda). Um político direitista, o presidente Nicolas Sarkozy, foi eleito com um discurso muito mais revolucionário e transformador que sua oponente socialista, Ségolène Royal. Ao assumir, convocou as melhores cabeças da esquerda para seu gabinete, revelando outra faceta da direita pouco vista na esquerda - pragmatismo na busca de resultados vem antes da ideologia.
É fácil concluir que as grandes revoluções hoje se dão dentro do capitalismo, não fora dele. A não ser que você considere o Socialismo do Século 21 de Hugo Chávez, o petrodependente caudilho venezuelano, solução viável para as mazelas do mundo. Se o for, só falta então inundar nosso solo com petróleo. O problema é que, na cristalina e inescapável lógica capitalista, o preço do produto cairia, derrubando consigo esse socialismo redivivo.
O socialismo do século 21 parece ser mesmo o capitalismo globalizado, apesar de todos os seus enormes defeitos.
Sérgio Malbergier é editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. Foi editor do caderno Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha Online às quintas.
E-mail: smalberg@uol.com.br
Unemfa protesta com faixas no jantar do Lula
Cerca de 20 mulheres de militares aproveitaram o jantar de confraternização do governo, no Palácio da Alvorada, na quinta-feira (20), para protestar pedindo reajuste salarial para seus maridos.
Com faixas e aos gritos de "corruptos", as mulheres conseguiram parar o carro de alguns ministros - entre eles o da Fazenda, Guido Mantega - e interromper a entrada do palácio por alguns minutos, até serem retiradas pelos seguranças.
"Viemos dizer ao presidente que ele não cumpre o que promete", afirmou Ivone Luzardo, presidente da União Nacional das Esposas dos Militares das Forças Armadas. O reajuste dos militares estava previsto, mas ficou comprometido com o fim da CPMF a partir de 1º de janeiro.
O grupo, no entanto, perdeu o que poderia ser seu principal alvo. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, chegou depois do início do protesto, mas não foi reconhecido. O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Franklin Martins, foi o primeiro a sofrer com os gritos de "corrupto".
O óbvio invisível
Por Olavo de Carvalho em 17 de dezembro de 2007
A característica mais óbvia e permanente da estratégia gramsciana para a instauração do comunismo, característica que a distingue radicalmente do método leninista, é que ela evita na máxima medida possível a intervenção revolucionária direta do Estado sobre a sociedade, preferindo operar transformações profundas por meio de agentes auxiliares informais, isto é, entidades e movimentos não estatais espalhados pelo Partido no seio da própria sociedade civil. A revolução transcorre então de maneira difusa, camuflada e anestésica, desnorteando seus adversários – ou mais propriamente vítimas – ao ponto de tornar inviável qualquer reação organizada.
No Brasil de hoje, os partidos e demais entidades “de oposição” não conseguem sequer ter uma visão de conjunto do processo revolucionário que os engolfa. Na desorientação geral em que se encontram, apegam-se a pontos de detalhe, soltos e inconexos, sem perceber que qualquer vitória parcial aí obtida pode ser sempre reciclada em favor da estratégia revolucionária graças ao domínio superior que esta tem do processo como um todo.
O desnível entre a abrangência da ação revolucionária e o esfarelamento pontilhista das reações é tamanho, que as facções respectivas não parecem viver no mesmo país, nem no mesmo planeta, mas em galáxias distantes e mutuamente incomensuráveis. De um lado, a engenharia de longo prazo, calculada para mudar as estruturas profundas e dominar o todo. Do outro, o empenho míope de preservar interesses grupais imediatos, sem a menor estratégia de conjunto e até sem o menor interesse de conhecer a do adversário.
Um exemplo desse desnível é o empresário que espera aplacar a fúria revolucionária mediante contribuições lícitas ou ilícitas ao partido ascendente, sem pensar que com isso ajuda esse partido a dominar o Estado, portanto a prescindir das suas contribuições e a atirar o contribuinte às chamas na primeira queima de arquivo.
Outro, o do militante cristão que ataca o movimento gay mediante um discurso de pura moralidade tradicional, sem notar que esse movimento é apenas a ponta de lança de uma estratégia muito maior, calculada até mesmo para fazer concessões à moralidade tradicional e trocar, se preciso e no momento devido, o apoio da militância gay pelo das igrejas tradicionais. Ninguém entenderá nada, absolutamente nada do que se passa nesse domínio se não levar em consideração que as forças que instigam os gays contra a moral cristã no Brasil, nos EUA ou na Europa Ocidental são as mesmas, as mesmíssimas que punem o homossexualismo com pena de prisão ou morte nos países comunistas e islâmicos. Essas forças estão tão interessadas em liberdade sexual quanto eu estou interessado em Pokemons . E não conheço, ao menos no Brasil, um só militante cristão que, na sua defesa entusiástica da moral religiosa, tenha parado para pensar que seu discurso – e a progressiva radicalização desse discurso, em reação à escalada gay – pode ter entrado de antemão nos cálculos da estratégia revolucionária. No entanto, pelos frutos os conhecereis: quantas igrejas, fugindo do avanço gayzista, não têm aderido aos partidos de esquerda em troca de duas ou três palavrinhas, de pura esmola e da boca para fora, em favor da moralidade cristã?
Mas o exemplo mais especialmente patético é o fazendeiro que acredita poder defender sua propriedade contratando jagunços, enquanto em torno, sem que ele veja, todas as estruturas jurídicas, sociais e culturais já foram modificadas para colocar contra o seu direito de propriedade os tribunais, a polícia, o exército e até a opinião pública.
Não estou dizendo que os fazendeiros sejam incultos e tolos. Mesmo gente de profissão letrada -- jornalistas, empresários, oficiais militares – parece não perceber a obviedade escandalosa de que o que está acontecendo no Brasil não são meras invasões de fazendas: é uma das mais vastas, sistemáticas e irreversíveis operações de transferência de propriedade que já se viram no mundo.
Planejada desde há muitas décadas, no seio de think tanks de esquerda e organismos internacionais, essa operação se desenrola, até agora, em seis fronts simultâneos, articulados para muito além do que as vítimas de seus ataques podem enxergar no momento:
1) A ocupação de fazendas pelos “sem terra”.
2) A ocupação de propriedades urbanas pelos “sem teto”.
3) A transferência de vastas porções de território para as “nações indígenas”, imunes à ação do Estado brasileiro e prontas a declarar sua independência.
4) A desapropriação de casas e terrenos pelos autodeclarados “quilombolas”.
5) A abertura de territórios livres entregues ao domínio de narcotraficantes associados às Farc, vacinados contra toda ação policial.
6) A compra de imensas faixas de terra por estatais chinesas, por agentes da máfia russa (que é o próprio establishment russo) e por milionários árabes com possíveis vínculos com o terrorismo internacional.
Façam as contas da extensão já transferida, avaliem os planos de expansão traçados para os próximos anos, e entenderão que o Brasil já tem uma nova classe dominante, ainda espalhada e amorfa em aparência, mas muito bem articulada, como força histórica, no plano estratégico mais vasto. Para qualquer estrategista revolucionário, mesmo chinfrim, a conexão ao menos teórica desses seis pontos é um requisito primário, óbvio e indispensável. E, hoje em dia, a correspondente articulação prática já em ação pode ser facilmente reconstituída, com um pouco de paciência, juntando os pontos entre as entidades envolvidas e desenhando a trama de suas conexões internacionais – um estudo que qualquer analista estratégico medianamente responsável sabe ser a condição inicial de qualquer diagnóstico da situação.
Para as vítimas do processo, no entanto, a mera hipótese dessa articulação parece tão complexa e diabólica que, por medo de ficar com medo, preferem rejeitá-la mediante o apelo irracional, mas infalível, ao chavão prêt-à-porter : “É teoria da conspiração.”
A capa e a espada
Por Olavo de Carvalho em 21 de dezembro de 2007
Nos dias que se seguiram ao 11 de setembro, a mídia mundial fez um barulho dos diabos alertando contra a suposta onda de ódio anti-islâmico que estaria assolando os EUA. A base factual da notícia eram seiscentas e poucas queixas de “discriminação” apresentadas à polícia americana. Nenhuma delas envolvia morte, agressão, nem mesmo demissão de emprego: os atos mais violentos consistiam em insultos, a maioria em meras palavras ambíguas interpretadas ex post facto em sentido discriminatório.
Mas desde então várias dezenas de cristãos já morreram nos EUA - e alguns milhares nos países comunistas e islâmicos - em ataques homicidas motivados por ódio anticristão explícito e documentado, sem que em nenhum desses casos a grande mídia européia e americana (da nacional nem falo) consentisse sequer em usar a expressão “crime de ódio” para descrever o ocorrido.
Mutatis mutandis , nem um único caso de agressão a homossexuais comprovadamente motivada por excesso de zelo cristão foi jamais citado para dar fundamento à mentira sórdida de que as convicções religiosas do povo brasileiro estão colocando em risco a vida da comunidade gay .
Mas, exatamente como em Columbine - aquele episódio que Michael Moore falsificou por completo -, a investida assassina contra a Igreja New Life do Colorado foi obra de um jovem homossexual intoxicado de idéias anticristãs, e ai de quem ouse insinuar que a ideologia gayzista ou a campanha furibunda dos Dawkins e Hitchens contra a fé religiosa têm alguma responsabilidade nisso. Em geral, nem mesmo padres, bispos e pastores ousam ver aí alguma relação de causa e efeito.
No caso específico da New Life, o cuidado da grande mídia brasileira em impedir que os fatos induzam a conclusões reacionárias chegou ao requinte de falsificar a identidade da heroína do episódio, Jeanne Assam, apresentando-a como “agente de segurança” para atenuar o escândalo de que uma cidadã comum, com uma Beretta 92, salvasse da morte certa mais de cem pessoas ameaçadas por Mathew Murray e se tornasse assim uma heroína dos grupos de autodefesa cristã e dos americanos armados em geral. Mas Jeanne não é profissional de segurança, licenciada para portar arma na Igreja em função do seu emprego. É apenas uma fiel cristã que se ofereceu para zelar pela vida de seus irmãos, voluntariamente, gratuitamente, assumindo para isso a responsabilidade de andar armada. Se para isso teve de obter da polícia uma licença especial, foi pela simples razão de que leis criminosamente idiotas proíbem o porte de armas em igrejas, escolas, clubes, shopping centers, etc., tornando esses locais o alvo preferencial e indefeso para tipos como Mathew Murray, Cho Seung Hui ou Tim McVeigh (um anticristão, um antibranco e um anticapitalista).
Em 25 de julho de 1993, Charl van Wyck também não trabalhava de segurança. Era apenas um fiel que assistia ao culto quando a igreja de St. James, na África do Sul, foi atacada por terroristas com granadas e tiros de fuzil AK-47. Onze pessoas morreram, mas muitas mais teriam morrido se van Wyck não estivesse armado e, com disparos do seu 38, não pusesse os atacantes em fuga. Ele conta sua experiência no livro “Shooting Back: The Right and Duty of Self Defense”, que se tornou um best seller no seu país.
No momento em que escrevo estas linhas, a comunidade cristã no mundo está ameaçada por perigos incalculavelmente maiores que a loucura avulsa – ainda que ideologicamente induzida -- de um Murray ou de um Cho Seung Hui. Na Coréia do Norte, uma nova onda de prisões e execuções de fiéis, em plena época do Natal, suscita apelos desesperados que a grande mídia, especialmente no Brasil, sufoca por completo (v. Martyrdom awaits North Koreans on Christmas). Ao mesmo tempo, do outro lado do mundo, a prefeitura de Okkahoma anuncia que seus funcionários serão proibidos de celebrar o Natal no local de trabalho, o shopping center Pembroke Pines na Flórida veta os presépios e cenas natalinas em geral nas suas instalações, e jornais populares como “USA-Today” soltam artigo em cima de artigo para proclamar que não existe nenhuma guerra cultural anticristã, que é tudo invenção de paranóicos como Bill O'Reilly.
Não sei se Jeanne Assam está sabendo dessas coisas, nem se leu o livro de van Wyck. Mas leu decerto o Evangelho de Lucas, capítulo 22, versículo 36, onde Jesus ordena aos apóstolos: “Aquele que não tem espada, venda sua capa e compre uma.”
O sentido do versículo é claro: a defesa armada do rebanho é obrigação estrita dos pastores, dos sacerdotes e de cada fiel. Aquele que foge a essa responsabilidade é indigno da confiança da comunidade cristã. Neste momento, nenhuma outra mensagem de Natal pode ser mais oportuna.
Nunca antes na história pagamos tanto imposto
Por Sérgio Malbergier em 29/11/2007
Nunca antes na história desse país nós brasileiros pagamos tanto imposto. De cada R$ 100 que produzimos, R$ 35 ficam com o Estado. Posto de outra forma, toda segunda-feira e boa parte da terça você trabalha para o governo. E como a renda, a produção, os lucros, as vendas, o emprego, tudo está em alta, nunca antes na história do Brasil o governo teve tanto dinheiro em caixa.
O presidente Lula está eufórico. Animal político, deve olhar para as eleições do ano que vem e salivar. Já vem dizendo abertamente que em 2008 vai gastar ferozmente, usando justificativas injustificáveis: "Se se comparar o número de funcionários públicos com a população brasileira, percebe-se que o Brasil é um dos países que tem menos", disse ele ao "O Globo" em entrevista no domingo, ao ser questionado sobre o aumento do gasto público.
A lógica lulista está errada. A conta que importa, na comparação com outros países, é quanto o governo custa a seus cidadãos. E o Estado brasileiro, com sua carga tributária de 35% do PIB (era de 20% em 1988, e os tucanos são os maiores responsáveis pela disparada), nos custa mais que países de igual ou mesmo maior desenvolvimento, com Estados muito mais eficazes, como Canadá (33%) e Chile (19%).
É verdade, como apregoa Lula, que devemos investir em saneamento básico e aumentar os salários e o número de professores e médicos da rede pública. Só que isso deve ser feito melhorando a gestão da montanha mágica de dinheiro que o governo toma dos cidadãos. Mas não é isso o que pensa o governo, em seu aparente mergulho nas profundezas do tal "social-desenvolvimentismo".
Lula foi muito bem até agora no que não fez. Não descumpriu contratos, não mudou o rumo da política econômica, não interferiu na política monetária do Banco Central, não desrespeitou as metas de controle de gastos. Agora, com o bolso cheio, parece um novo rico louco para gastar. E no governo todos parecem ter a mesma disposição, com a exceção do presidente do Banco Central, o isolado Henrique Meirelles. Como disse o novo "secretário-geral" do Ipea, Márcio Pochmann, "o Estado brasileiro é raquítico".
De novo, existem áreas onde uma injeção de gasto público será bem-vinda, como saneamento básico e infra-estrutura de transportes e energia. Mas assusta a sanha gastadora que começa a mostrar os dentes em hora bastante imprópria, quando o país cria bases para um crescimento mais sustentável.
O Brasil chegou tarde ao crescimento vigoroso que vive o mundo (e principalmente os países emergentes). Como ressaltou a revista "Economist" recentemente, nenhum dos 32 países emergentes que ela acompanha teve crescimento negativo nos últimos quatro anos, o que não acontecia desde os anos 1970.
Isso se deu com o salto de qualidade nesses países após reformas liberais feitas ao longo dos anos 1990 e 00. Mas com a crise financeira nos mercados ricos, que enxuga a disponibilidade de capitais circulando pelo mundo, já não será tão fácil crescer em 2008. Num ranking criado pela própria "Economist" para avaliar o grau de risco de economias emergentes, o Brasil ficou em 13º numa lista de 15, melhor apenas que Índia, Turquia e Hungria.
Para que nosso crescimento, tão incensado quanto incipiente, perdure, o Estado tem que gastar melhor, não mais. E pesar menos na atividade econômica para que as empresas gerem mais lucros e mais empregos. O melhor exemplo foi do próprio governo Lula, que ao reduzir a tributação sobre computadores impulsionou a explosão na venda das máquinas que por sua vez gerará uma explosão de produtividade e inserção social pelo país. O caminho é esse, a prova está aí.
E se não cortarmos impostos em épocas de vacas gordas, não cortaremos nunca. Nunca antes na história o momento foi mais oportuno.
Sérgio Malbergier é editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. Foi editor do caderno Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha Online às quintas.
E-mail: smalberg@uol.com.br
O QUE PRECISAMOS FAZER PARA O BRASIL MUDAR?
A Luta contra a corrupção, a impunidade e a violência só será vitoriosa com a união, a coragem e a determinação de lutar de todos os homens de bem.
Todas as grandes conquistas registradas pela história do direito - a abolição da escravatura, da servidão pessoal, liberdade da propriedade predial, das crenças, etc, - foram alcançadas à custa de lutas ardentes, de combates continuados através de séculos.
Sem lutas não há vitórias.
Inimigos não se rendem com nosso blá, blá blá, com nossos cânticos ou desfile de bandeiras brancas.
É preciso lutar para conquistar o direito à liberdade, à saúde, à salário digno, à Justiça, ao pão, à moradia, à propriedade, à escola, à segurança, enfim, todos os direitos conquistados PELA CIVILIZAÇÃO HUMANA foram frutos de batalhas e lutas constantes.
O primeiro passo é a reunião de forças contrárias à corrupção, o que só acontecerá com a conscientização e o envolvimento de toda a oposição.
O segundo passo é a mobilização.
O Terceiro passo é a disponibilização dos recursos e instrumentos para o empreendimento determinado.
O quarto passo são as ações estratégicas, ordenadas e coordenadas por um comando único, com objetivos definidos, que garantam vitória na ação efetiva.
A História é cíclica e ensina preciosas lições.
O Brasil só vai mudar se, nós lutarmos, senão, nem adianta continuar conversando fiado na Internet. Os corruptos vão nos olhar e considerar que somos um bando de fofoqueiras.
É NECESSÁRIO UNIÃO DE FORÇAS, PLANO ESTRATÉGICO DE MOBILIZAÇÃO, RECURSOS, AÇÃO EFETIVA DE CONFRONTAÇÃO.
SALDANHA VERDE E AMARELO
Democratas, sim, e daí?
A QUESTÃO não é nova, mas aflorou com intensidade nos últimos dias, quando as firmes posições dos Democratas -quanto à fidelidade partidária e à batalha contra o achaque dos impostos, agora via CPMF, que sustentamos desde o princípio- levaram ao reconhecimento de que há um novo ciclo no partido, abrindo espaço para novas lideranças e claros delineamentos políticos na nova democracia brasileira.
O fato de os Democratas assumirem abertamente a condição de liberais, no sentido de origem, afirmarem sua ideologia e seus compromissos fora do transnoitado embate entre os tradicionais de esquerda e de direita assustou alguns e os animou a abandonar suas tocas para lançar dúvidas quanto a nossas afirmações de democratas sem adjetivos. Pois bem, cartas à mesa. Os Democratas são liberais, sim.
Nossos compromissos começam com a liberdade que só se afirma num Estado democrático de Direito e com garantias de mínimos sociais. Quando nos caluniam cavilosamente, não analisam nossas ações, mas, quem sabe, se assustam com os espaços que temos ocupado.
Essa é a batalha das idéias que aqueles que nos caluniam por meio de aleivosias grosseiras procuram repetir para alcançar o imaginário popular. Batalha inglória e perdida para aqueles.
Na verdade, reivindicamos uma posição de centro reformista, topograficamente mais próxima à localização que ocupamos de fato no espectro político brasileiro, diferente da bem-aceita divisão dos campos direita-esquerda do século passado.
Para ser preciso tecnicamente na nossa autodefinição: professamos o "empenho pelo direito à liberdade de cada indivíduo e a manutenção da dignidade humana", independentemente da diversidade cultural, social e econômica. Conservadores e imobilistas são aqueles que ressuscitam ou justificam o populismo dos anos 40 e 50 hoje na América Latina. O Estado mínimo abre espaços à injustiça, e o Estado máximo, à corrupção e ao autoritarismo.
O Estado cumpre múltiplos papéis, seja por sua função intransferível de equilíbrio social e regional, seja por seu papel essencial de garantidor do Estado de Direito e de mantenedor da ordem, sem a qual nenhuma sociedade sobreviveria. Os exemplos desde o século 19 são muitos.
"Não há liberdade sem leis. O uso egoísta da liberdade por parte de indivíduos mais fortes à custa dos mais fracos leva, naturalmente, a longo prazo, à perda da liberdade dos mais fracos." Estou citando o liberal alemão Karl-Hermann Flach, arquiteto do que se chamou "liberalismo social" e que serviu de base para a histórica coligação entre liberais e social-democratas que deu à antiga Alemanha Ocidental 13 anos de desenvolvimento, paz e equilíbrio. As tentativas pela esquerda ou pela direita, desde o século 19, de substituir a democracia por ilustrados donos do poder nunca deram certo.
Por isso mesmo, entendemos que não há futuro sem passado, para ensinar, para corrigir, para avançar. Lutar pela democracia -como valor, além de sistema- exige essa permanente reflexão sobre tática e estratégia, da qual não podem escapar de julgamento os que negaram o voto a Tancredo Neves (o que redundava num presidente do regime que se superava) e negaram a sua assinatura na Constituição de 1988, que hoje lhes dá as garantias que não tinham.
Todos os partidos orgânicos brasileiros -se comparados com os europeus- estão em sua formação com menos de 30 anos das instituições democráticas implantadas. Afirmamos nossas utopias -não como o inalcançável, mas como um processo permanente de aperfeiçoamento partidário, político e institucional.
Os donos da verdade já produziram as catástrofes de que todos se lembram. E alguns insistem, o que exige de nós permanente vigilância. Para nós, ética é uma preliminar e uma obrigação. Desvios, antes mesmo de serem cobrados para fora, devem ser cobrados para dentro.
Somos liberais, ou seja, democratas sem adjetivos, e afirmamos uma sociedade que inclua todos nas possibilidades de progresso econômico, social e cultural. No nome, na ideologia e no comportamento. Que se cobre, de todos os partidos e de nós também, pelo que somos e fazemos.
O resto é desaforo, pura grosseria destrutiva.
Rodrigo Maia é deputado federal pelo DEM-RJ e presidente nacional do Democratas.
wibiya widget
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.