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terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Operação Condor

Do portal FAROL DA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA
Por Jarbas Passarinho, Consultor do FDR (Farol da Democracia Representativa)
Foi ministro de Estado, governador e senador

Lei italiana autoriza seus magistrados a investigar assassinatos de cidadãos italianos cometidos no exterior. Enfatize-se que a lei trata de assassinatos.

O vulto incomum da repercussão na mídia brasileira dos mandados de prisão expedidos pelo magistrado contra 140 latino-americanos ganhou força com o fato de que 13 brasileiros estão entre os suspeitos de responsabilidade de assassínios. Seria a Operação Condor, uma espécie de Interpol política, de posse de um rol de foragidos, que os prendia e extraditava para os países onde deviam ser julgados.

Ministro dos governos entre 1964 e 1984, coronel do Exército, só administrei ministérios civis, e não exerci nenhuma função militar, inclusive na contra-insurreição que nos salvou da derrota pelos terroristas e guerrilheiros comunistas, na luta armada desencadeada por eles. O desconhecimento das operações militares não me impede de defender camaradas de farda, muitos deles já mortos, de acusações inverossímeis publicadas com destaque, sugerindo a priori suspeita de participação nos assassínios que o juiz italiano pesquisa.

Conhecendo bem o caráter do presidente João Figueiredo, dos generais Walter Pires, meu instrutor na Escola de Estado Maior, e de Octávio Medeiros, meu colega de turma da Escola Militar, estou absolutamente convicto de que tal suspeição é descabida, se não infamante e caluniosa. A farta publicação dela, até com chamada e retratos na primeira página de jornal, atribuo ao delírio acusatório dos militantes da praxis leninista do marxismo, ou a “inocentes úteis” por eles utilizados. Jamais esqueceram a derrota que colheram, ao tentar conquistar o poder pela força das armas.

Dir-se-á que, ignorante do que foi a Operação Condor, também cometo apriorismo. Não, porque trato não de indícios, como o magistrado italiano, mas de homens dignos, cuja vida inteira me foi dado acompanhar. O prestimoso juiz quer investigar responsáveis pela prisão e extradição de dois italo-argentinos que buscavam entrar no Brasil clandestinamente, fugindo da repressão argentina. Coincidentemente, atuavam na facção extremista dos montoneros, que prenderam e mataram o ex-presidente argentino general Aramburu e tantos outros seus patrícios, numa guerra fratricida. Muito bem-equipados e donos até de uma fábrica de material bélico, teriam direito de matar, só porque seriam intocáveis descendentes de italianos?

A propaganda da esquerda apelida o período que custou mortes, também, dos que venceram os agressores, de “anos de chumbo”. Se vencessem, seriam “anos de ouro”, consagrados a Fidel Castro, que os treinou, financiou e há 48 anos oprime os dissidentes. Da Operação Condor só me chegou a informação de que era uma missão de informação, à semelhança da atividade da Interpol. Agora leio, em O Estado de S.Paulo, documentos da CIA relatando treinamento de “equipes de assassinos chilenos, argentinos e uruguaios para agir contra refugiados políticos, do que o Brasil não concordou em participar”.

Deus me deu a graça de viver por muito tempo, o suficiente para ver a falência do fascismo, do nazismo e do comunismo, deixando atrás de cada um deles milhões de mortos. O mundo de todos os velhos — ensina Bobbio — é, de modo mais ou menos intenso, o mundo da memória. E nela me amparo para compreender as grandezas e as misérias dos homens. Daniel Bell (que já citei mais de uma vez) escreveu Fim da ideologia. Ouso discordar da temerária conclusão, porque ele mesmo reconhece que a ideologia acabou mas não acabou a utopia.

Há, porém, a despeito do colapso do comunismo na Europa, os que em nome do marxismo utópico, ressentidos e até odientos (pois o ódio ideológico é o pior de todos), tudo fazem para desqualificar os presidentes do ciclo militar e os militares que venceram a luta armada. Permanecem leninistas e stalinistas. Usam o velho hábito dos debatedores que, à falta de bons argumentos, empenham-se em desconceituar o adversário. Como acólitos do magistrado que investiga os assassinatos de italianos, afirmam que o Brasil reconheceu sua culpa e indenizou os familiares dos presos ao entrarem clandestinamente no Brasil e logo serem devolvidos ao país de origem. O Brasil, não. Quem “reconheceu” foi uma Comissão constituída de “juízes” prisioneiros do sectarismo, os mesmos que indenizaram regiamente os familiares de Lamarca e a este, desertor e assassino de inocentes seguranças de bancos que assaltou, e de um tenente que lhe era refém, promoveram a coronel com vencimentos de general.

Se prender e devolver revolucionários foragidos argentinos equipara-se a assassinar, que dizer do que o Brasil, para servir a Fidel Castro, fez com os atletas cubanos que, nos Jogos Pan-Americanos, desligaram-se da delegação atlética de Cuba? Policiais brasileiros mascararam a prisão ao vigiá-los, seguir seus passos, no que a linguagem policial chama de acampanar, e puseram-nos a falar por telefone com Cuba, para ouvir suas mulheres que — sabe Deus com que promessas bondosas — os convenceram a voltar, em avião venezuelano. A isso os acólitos aplaudem e batizam de voluntário arrependimento, mas não querem nem ouvir saber o que está sendo feito deles na ilha de Fidel.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".