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quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Plano B de Chávez

Do portal TERNUMA - TERRORISMO NUNCA MAIS
Por Jarbas Passarinho, ministro de Estado, governador e senador

A maioria da mídia, ao tratar da rejeição do referendo que, aprovado, inauguraria o “socialismo do século 21”, enfatizou, dentre as 69 emendas à Constituição, a das reeleições presidenciais ilimitadas, possibilitando a Chávez ser eleito indefinidamente. Ora, a reelegibilidade não significa reeleição garantida e o candidato a mais uma reeleição pode ser derrotado. O mais sério das reformas é a sua vinculação marxista. Marx e Engels escreveram no Manifesto Comunista de 1848: “A teoria dos comunistas pode-se sintetizar numa simples sentença: abolição da propriedade privada”.

Chávez classificou as propriedades em cinco espécies: coletiva e pública (cópias das fracassadas kolkoses e sovkoses soviéticas), sociais e mistas, e a propriedade privada, sujeita a expropriação ou partilha. As empresas, comerciais ou industriais, uma vez expropriadas, receberão indenização de 5% do valor de mercado, no prazo de 20 anos. Fidel observou à risca a máxima de Marx. Há 48 anos criou uma sociedade que tem sido sempre pobre e vive de racionamento de alimentos, exceto para a burocracia política.

Chávez é um Fidel com fartos petrodólares, que aplica como lhe apraz, ora pagando US$ 5 bilhões por bônus desvalorizados da Argentina, devido ao calote de 75% da dívida externa, ora investindo em seus candidatos preferidos, nas eleições presidenciais de países andinos, em troca de sua aliança. De fanfarrão, chamou-o Vargas Llhosa, mas o que pensava ser basófia é ação, determinação e arrogância típica de caudilho. Embora sugerindo modernidade no que batiza de “socialismo do século 21”, o que propôs não passava de cópia, em parte adulterada, das medidas adotadas por Lênin logo nos primeiros dias após o êxito da Revolução de Outubro de 1917. Orlando Figes, em seu clássico A peoples´s tragedy, escreve que muitos eventos, que marcaram o século 20, foram obras de líderes excepcionais. “Sem Lênin, não teria existido a União Soviética”, afirma. Analogicamente, sem Chávez não haverá o socialismo do século 21.

Chávez simulou conduta democrática ao aceitar inicialmente a primeira derrota eleitoral que sofreu. Logo, todavia, disse que iria repetir as palavras ao anunciar a derrota em 1992: “Por agora não pudemos”. O advérbio sugere que insistiria. No dia imediato arrependeu-se da farsa. Menosprezou a vitória dos adversários apelando para a chulice: “Tiveram uma vitória de m...” Em face da estranheza geral da imagem de cloaca, seu ministro das Comunicações defendeu a linguagem soez: “Ela é patrimônio cultural da Venezuela”. Decerto, esse patrimônio exclui a locução “vitória de Pirro”, caracterizadora de vitórias fatais para o vitorioso, mais adequada a educados que não cavalariços em suas querelas.

O viés comunista das emendas influiu na rejeição do referendo. O general Raul Baduel, decisivo para abortar o golpe contra Chávez, que durou poucos dias, rompeu com ele, pois é socialista democrata. Viu nas emendas, votadas por um parlamento constituído só de adeptos de Chávez, um golpe para instalar na Venezuela o socialismo despótico, a exemplo do que fez Lênin, vitoriosa a revolução bolchevique na implantação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, um amálgama de considerável número de repúblicas.

Sonha Chávez realizar o mesmo, com sua “Revolução Bolivariana”, do mesmo modo que sonhou Bolívar quando pretendeu que todas as nações libertas do jugo espanhol (o Novo Mundo) se unificassem sob um só governo republicano. O anticomunismo, certamente, pesou na votação, como pesou no Brasil, em 1964, no que um marxista historiador honesto, Jacob Gorender, chama de “golpe preventivo”, reclamado pela sociedade civil. O capítulo 8, “O poder escapou das mãos” (páginas 165 a 169), do livro Prestes, lutas e autocríticas, ditado por Prestes a Dênis de Moraes e Francisco Viana, revela a íntima aliança de Prestes com Goulart nas articulações pré-revolucionárias, contemporâneas da revolta armada dos sargentos da Marinha e Aeronáutica, em Brasília, em setembro de 1963, sufocada pelo Exército, com mortes e feridos, e o motim dos marinheiros, no fim de março de 1964, no Rio de Janeiro. A revelação desmoraliza as versões esquerdistas de que a aliança de Jango com os comunistas foi invenção.

Prestes não apenas influía, mas chegou até a ordenar o bombardeio do Palácio das Laranjeiras, de Carlos Lacerda, no dia 31 de março de 1964, o que não se deu “porque todos os generais haviam mudado de lado”. Persuasivo, confessa que “Jango já compreendia o papel da União Soviética”. E estávamos em plena Guerra Fria!

A oposição a Chávez acusa-o de ter um Plano B, para renovar as emendas marxistas por decreto, usando a Lei Habilitante que, porém, como as nossas medidas provisórias, não pode alterar norma constitucional. Como a Constituição proíbe reapresentar projeto de reforma no mesmo período do mandato presidencial, outra manobra é revogar a proibição constitucional. Ele não hesitará em violar a Constituição, mas pode dar-se mal e terminar do mesmo modo que os caudilhos anteriores, depois de longos governos ditatoriais. No lixo da história.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".