Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Democratas, sim, e daí?

Pelo deputado Rodrigo Maia é deputado federal pelo DEM-RJ e presidente nacional do Democratas.

A QUESTÃO não é nova, mas aflorou com intensidade nos últimos dias, quando as firmes posições dos Democratas -quanto à fidelidade partidária e à batalha contra o achaque dos impostos, agora via CPMF, que sustentamos desde o princípio- levaram ao reconhecimento de que há um novo ciclo no partido, abrindo espaço para novas lideranças e claros delineamentos políticos na nova democracia brasileira.

O fato de os Democratas assumirem abertamente a condição de liberais, no sentido de origem, afirmarem sua ideologia e seus compromissos fora do transnoitado embate entre os tradicionais de esquerda e de direita assustou alguns e os animou a abandonar suas tocas para lançar dúvidas quanto a nossas afirmações de democratas sem adjetivos. Pois bem, cartas à mesa. Os Democratas são liberais, sim.

Nossos compromissos começam com a liberdade que só se afirma num Estado democrático de Direito e com garantias de mínimos sociais. Quando nos caluniam cavilosamente, não analisam nossas ações, mas, quem sabe, se assustam com os espaços que temos ocupado.

Essa é a batalha das idéias que aqueles que nos caluniam por meio de aleivosias grosseiras procuram repetir para alcançar o imaginário popular. Batalha inglória e perdida para aqueles.
Na verdade, reivindicamos uma posição de centro reformista, topograficamente mais próxima à localização que ocupamos de fato no espectro político brasileiro, diferente da bem-aceita divisão dos campos direita-esquerda do século passado.

Para ser preciso tecnicamente na nossa autodefinição: professamos o "empenho pelo direito à liberdade de cada indivíduo e a manutenção da dignidade humana", independentemente da diversidade cultural, social e econômica. Conservadores e imobilistas são aqueles que ressuscitam ou justificam o populismo dos anos 40 e 50 hoje na América Latina. O Estado mínimo abre espaços à injustiça, e o Estado máximo, à corrupção e ao autoritarismo.

O Estado cumpre múltiplos papéis, seja por sua função intransferível de equilíbrio social e regional, seja por seu papel essencial de garantidor do Estado de Direito e de mantenedor da ordem, sem a qual nenhuma sociedade sobreviveria. Os exemplos desde o século 19 são muitos.
"Não há liberdade sem leis. O uso egoísta da liberdade por parte de indivíduos mais fortes à custa dos mais fracos leva, naturalmente, a longo prazo, à perda da liberdade dos mais fracos." Estou citando o liberal alemão Karl-Hermann Flach, arquiteto do que se chamou "liberalismo social" e que serviu de base para a histórica coligação entre liberais e social-democratas que deu à antiga Alemanha Ocidental 13 anos de desenvolvimento, paz e equilíbrio. As tentativas pela esquerda ou pela direita, desde o século 19, de substituir a democracia por ilustrados donos do poder nunca deram certo.

Por isso mesmo, entendemos que não há futuro sem passado, para ensinar, para corrigir, para avançar. Lutar pela democracia -como valor, além de sistema- exige essa permanente reflexão sobre tática e estratégia, da qual não podem escapar de julgamento os que negaram o voto a Tancredo Neves (o que redundava num presidente do regime que se superava) e negaram a sua assinatura na Constituição de 1988, que hoje lhes dá as garantias que não tinham.

Todos os partidos orgânicos brasileiros -se comparados com os europeus- estão em sua formação com menos de 30 anos das instituições democráticas implantadas. Afirmamos nossas utopias -não como o inalcançável, mas como um processo permanente de aperfeiçoamento partidário, político e institucional.

Os donos da verdade já produziram as catástrofes de que todos se lembram. E alguns insistem, o que exige de nós permanente vigilância. Para nós, ética é uma preliminar e uma obrigação. Desvios, antes mesmo de serem cobrados para fora, devem ser cobrados para dentro.

Somos liberais, ou seja, democratas sem adjetivos, e afirmamos uma sociedade que inclua todos nas possibilidades de progresso econômico, social e cultural. No nome, na ideologia e no comportamento. Que se cobre, de todos os partidos e de nós também, pelo que somos e fazemos.

O resto é desaforo, pura grosseria destrutiva.

Rodrigo Maia é deputado federal pelo DEM-RJ e presidente nacional do Democratas.

Nenhum comentário:

wibiya widget

A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".