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terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Direita, volver!

Do portal FOLHA ONLINE
Por Sérgio Malbergier em 08/11/2007

Muito se falou do fracasso do Consenso de Washington, aquele formado em torno de idéias liberais pró-capitalistas após a desmoralização das esquerdas com a queda do Muro de Berlim (1989) e do Império Soviético. Mas, observando o que se passa no mundo hoje, exatos 90 anos depois da Revolução Bolchevique, é preciso muita ideologia para fugir da conclusão de que vem da direita as políticas transformadoras que trazem avanços concretos às tais massas trabalhadoras.

Os chineses vivem melhor hoje porque o país ficou mais capitalista, não menos. Com a Índia, é a mesma coisa, assim como nos países do Leste Europeu e no nosso Brasil, onde finalmente consolida-se, lentamente, a lógica de que quanto mais se segue as regras básicas do capitalismo, maior o avanço econômico.

Mesmo a maior bandeira das esquerdas pós-queda do Muro, o movimento antiglobalização, caiu como a Cortina de Ferro porque são inegáveis os benefícios da maior integração econômica global, que tirou centenas de milhões de pessoas da miséria na China (via exportação de manufaturados) e na Índia (via exportação de serviços e softwares), para ficar nos dois países mais populosos do mundo.

O fato de as esquerdas terem subido na barca furada da antiglobalização mostra bem sua busca desesperada por causas que as viabilizem e as renovem. Não que a bandeira básica da esquerda, a melhoria das condições de vida dos trabalhadores, tenha caducado. Será sempre defensável. Mas ela parece avançar com mais capitalismo, não com menos.

E isso tudo foi atingido graças a instrumentos do capitalismo criticados pelas esquerdas. Veja o exemplo da rapidez cada vez maior na transferência de capitais ao redor do planeta. Dizer que isso é um problema para as economias nacionais é como dizer que a maior velocidade dos aviões é ruim para o transporte de passageiros. Quanto maior a capacidade de movimentar seu dinheiro, melhor, qualquer correntista de banco sabe disso. O problema pode vir das decisões tomadas a partir dessa capacidade, não da rapidez em si.

É essa maior rapidez que permite que o dinheiro saia dos centros ricos e busque maior rendimento nos países emergentes e pobres, capitalizando, por exemplo, as empresas brasileiras listadas na Bovespa, que assim têm mais dinheiro para investir e gerar empregos.

Outro exemplo esclarecedor é o da França, berço da esquerda e da direita como terminologia política (na França pós-revolucionária, os liberais sentavam-se à direita na Assembléia; os revolucionários radicais, à esquerda). Um político direitista, o presidente Nicolas Sarkozy, foi eleito com um discurso muito mais revolucionário e transformador que sua oponente socialista, Ségolène Royal. Ao assumir, convocou as melhores cabeças da esquerda para seu gabinete, revelando outra faceta da direita pouco vista na esquerda - pragmatismo na busca de resultados vem antes da ideologia.

É fácil concluir que as grandes revoluções hoje se dão dentro do capitalismo, não fora dele. A não ser que você considere o Socialismo do Século 21 de Hugo Chávez, o petrodependente caudilho venezuelano, solução viável para as mazelas do mundo. Se o for, só falta então inundar nosso solo com petróleo. O problema é que, na cristalina e inescapável lógica capitalista, o preço do produto cairia, derrubando consigo esse socialismo redivivo.

O socialismo do século 21 parece ser mesmo o capitalismo globalizado, apesar de todos os seus enormes defeitos.

Sérgio Malbergier é editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. Foi editor do caderno Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha Online às quintas.

E-mail: smalberg@uol.com.br

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".