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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Um erro e um acerto estratégico de Leonardo Bruno no vídeo “Estudos científicos revelam…”

 

LUCIANO AYAN

 

O paradigma que quero compartilhar com vocês aos poucos neste blog, envolve o já tradicional ceticismo político (com o qual vocês já devem ter se acostumado), com a abordagem da dinâmica social, com especial ênfase na guerra política. Não é por outro motivo que eu estou traduzindo “A Arte da Guerra Política”, de David Horowitz, e futuramente farei um ensaio analisando profundamente o material do esquerdista Saul Alinsky.

Ouso dizer que este novo paradigma é o que poderá transformar os conservadores de eternas vítimas do debate político contra os esquerdista, em pessoas que enfim podem controlar (em parte) o próprio destino. Aliás, estou aberto à outras abordagens: se existir algo mais eficaz para o combate político, estou pronto a ouvir e embutir tudo o que for útil no paradigma que defendo aqui. Mas, atenção, eu sou um sujeito orientado a resultados.

Em resumo, o paradigma inclui:

  1. Ceticismo político como método de investigação
  2. Análise da guerra política, como estudo estratégico da atuação sua e dos seus oponentes
  3. Dinâmica social para entender o efeito das estratégias nas interações entre os seres humanos

Entendo que sem a coesão entre esses 3 itens vivemos como pessoas em eterna surpresa. Não é raro ouvir um conservador dizer: “É incrível que eles tenham feito X, estou pasmo”. Enquanto isso eu já estou acostumado a dizer: “Conforme previsto, eles fizeram X, pelo motivo Y, e a contra-medida é Z”. A verdade inegável é que estamos dentro de um jogo e precisamos aprender a jogar. Este jogo a que me refiro é o jogo político. Por este prisma, mudamos completamente a forma de análise.

No vídeo acima, por exemplo, Leonardo Bruno aparenta irritação com uma alegação feita por neo ateus. Eu, por outro lado, me irritei mais com a atuação de Leonardo no vídeo, do que com a própria alegação dos neo ateus. Enquanto Leonardo se irritou com a alegação dos neo ateus, eu me incomodei com o erro estratégico dele (e até certa ingenuidade) no curso do vídeo. Gosto do material de Leonardo, e o que farei aqui é um feedback. Qual é o problema na abordagem de Leonardo? Antes de entregar esta resposta, quero falar de seu acerto em termos estratégicos.

Leonardo Bruno agiu de forma impecável ao igualar a postura dos neo ateus aos anti-semitas dos períodos que antecederam ao Holocausto Nazista. Essa afirmação é extremamente poderosa e relevante, especialmente por que é verdadeira. Hoje em dia não é raro ver neo ateus reclamando da existência de uma bancada evangélica, como se todos os cidadãos pudessem ter o direito de serem representados, menos os religiosos. Também vemos pessoas pedindo a retirada de qualquer símbolo religioso cristão dos locais públicos, mas ao mesmo tempo quaisquer outros símbolos religiosos mantidos. Juntando tudo isso com a campanha de ódio e difamação propagada aos 4 ventos, a única diferença que temos entre anti-semitismo nazista e o neo ateísmo, na questão da geração do preconceito contra um grupo, é de escala. Anti-semitas estavam contra os judeus, enquanto os neo ateus ampliam sua discriminação contra TODOS os religiosos tradicionais, não importa se são judeus, islâmicos ou cristãos.

Essa é uma das conscientizações mais importantes que os conservadores poderiam fazer em relação aos neo ateus. É algo que deve ser feito em larga escala, com manifestações contundentes e denúncias de ações preconceituosas sempre que possível. Aos conservadores (especialmente os cristãos), o neo ateu deve ser apontado como um inimigo, e taxado publicamente como uma pessoa perigosa. Esta mensagem de comparação do neo ateísmo com o nazismo é algo que deveria ser explorado cada vez mais.

Se este é o grande acerto de Leonardo, por outro lado ele comete um erro estratégico imperdoável.

Ao invés de denunciar a fraude cometida por Daniel Fraga ao citar um pseudo-estudo científico dizendo que “os religiosos são mais burros que os ateus”, Leonardo ataca o “culto à ciência”. Quer dizer, no jogo de rótulos ele simplesmente deu o rótulo “representante da ciência” ao adversário e, sem perceber, charfurdou politicamente.

Ora, a ciência tem um aspecto extremamente positivo para o ser humano. E ficar do lado da ciência é simplesmente estar do lado de todas as pessoas que se beneficiam com a ciência, com as novas cirurgias, com os novos tratamentos médicos, com a tecnologia que melhora suas vidas, etc. Portanto, dar de bandeja o direito de “representar a ciência” ao oponente é pedir para perder o debate.

O que Leonardo deveria ter feito? Ele deveria dizer que está do lado da ciência MUITO MAIS do que os neo ateus, e que por isso não precisa FRAUDAR estudos científicos (o que seria a falsa interpretação de estudos publicados) ou usar estudos científicos que já nasceram como uma FRAUDE (ou seja, os próprios pesquisadores já partiram para uma suposta análise baseados em interesses pessoais).

Depois de dizer que está mais do lado da ciência que os neo ateus (ou seja tirou do oponente o rótulo que o beneficiaria), ele deveria mostrar que tal tipo de estudo omite dados importantíssimos, como por exemplo todo o material de estrategistas da esquerda como Antonio Gramsci e Saul Alinsky, assim como o fato de que 90% dos professores são membros de sindicatos aliados à esquerda. Estes dados nos dão uma explicação muito lógica para o fato de ser esperado que, em média, há menos pessoas capazes intelectualmente entre religiosos, o que não significa que o religioso seja mais burro que o ateu somente por causa de ter uma religião.

O fato inegável, pelo estudo dos autores citados, é o seguinte:  a estratégia gramsciana é baseada em doutrinação escolar. Por que isso? Segundo Gramsci, é dali que sairão os formadores de opinião, portanto há mais de 60 anos as mentes de alunos, especialmente universitários, configuram o principal campo de combate esquerdista.

Ora, quanto mais inteligente, mais chances alguém tem de ir adiante nos estudos, especialmente na faculdade. Portanto, maiores chances dessa pessoa sofrer doutrinação. Em alguns cursos, como Filosofia, Sociologia e Psicologia, chegamos a ter escolas com praticamente 100% dos alunos já doutrinados em esquerdismo, o que levará ao ódio contra (ou ao menos rejeição da) religião tradicional. Isso, pelo contrário, não significa “pessoas sem religião”, mas adeptas de uma religião política. Muitos ateus, por exemplo, se tornam humanistas. (Felizmente, nem todos)

Vamos mostrar isso em um outro contexto. Suponha que pessoas que possuem um Rolex e vão andar no centro de São Paulo tenham mais chances de terem o relógio roubado. Um estudo pseudo-científico talvez apontaria que os próprietários de Rolex são mais “desatentos”, portanto são roubados. Mas será que é isso mesmo? Ou será que essas pessoas possuem maior chance de serem roubadas por terem um relógio caro que atraia bandidos, e portanto o fato delas serem assaltadas não tem nada a ver com serem mais ou menos espertas? Isso nos mostra que os mesmos dados podem dar análises totalmente diferentes, dependendo da honestidade do pesquisador (ou suposto pesquisador).

Daí temos a pergunta: será que existe um mecanismo que faz alguém com maior QI ser um ateu de forma automática? Ou será que por alguém ter maior QI, temos uma pessoa que, por caminhar maiores distâncias no ambiente acadêmico, tem MAIORES CHANCES de ser submetida à uma doutrinação anti-religião tradicional, e portanto, isso reduziria o número de ateus entre essas pessoas de maior QI? Novamente, isso nos mostra que, quando alguém sai pregando que “ateus tem um cérebro diferenciado dos religiosos”, de maneira difamatória, não estamos diante de pessoas que são adeptas da ciência, mas sim de mentirosos que FINGEM estarem do lado da ciência para usarem más interpretações de pesquisas científicas ou mesmo falsas pesquisas científicas (ou seja, algo já produzido por pessoas com agenda política, o que tende a se tornar cada vez mais frequente).

Essa era a mensagem que Leonardo deveria ter passado, conscientizando novamente o seu público de que estamos diante de pessoas intelectualmente desonestas. Ao denunciar essa fraude, ele não cometeria o erro imperdoável de dar de presente o rótulo “representante da ciência” ao adversário.

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".