Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

OS FAZEDORES DE CABEÇAS

PERCIVAL PUGGINA
03/02/2011

A Revista Veja da semana passada traz matéria sobre a novela Insensato Coração. Lá pelas tantas cita o autor Gilberto Braga. Assim, entre aspas: "Não haverá beijo gay. As telespectadoras não estão preparadas". Surpreendeu-me a sinceridade da frase. Pesquisando por ela, buscando sua repercussão, encontrei um site cujo redator estava bastante - como direi? - decepcionado com a declaração, mas, por outro lado, comemorava a exibição dos glúteos de um ator, em cena de rua, logo nos primeiros capítulos da novela.

A frase de Gilberto Braga, no entanto, acaba com os pontos de interrogação que frequentam a monótona discussão travada no mundo inteiro: a tevê mostra a vida como ela é ou induz a vida a ser como mostra? Gilberto Braga não tem dúvida alguma sobre sua função quanto a esse particular. Cabe-lhe ir preparando a sociedade, gradualmente, para as imagens e costumes que pretende instilar e disseminar. Ponto.

Antes que me rotulem conservador, vou logo dizendo que sim, sou conservador. Sou conservador de tudo que deve ser conservado porque se revela benéfico na experiência individual e social. Sou conservador em relação aos fundamentos da civilização ocidental e à tradição judaico-cristã que lhe fornece conteúdos. E, porque sou conservador dessas coisas essenciais, me confesso ainda pouco amestrado, por exemplo, para as cenas finais da novela Passione, nas quais uma mocinha desmiolada, casada com um rapaz bígamo, convence a até então rival e o moço a estabelecerem uma espécie de espeto corrido na convivência conjugal. Nessa "disciplina", os cursos preparatórios já deram resultado porque não faltam decisões trazendo tutela jurídica e bênçãos do Estado para situações igualmente escabrosas. Mas chocante, chocante mesmo, foi ver uma velhinha para lá de octogenária, aos amassos com o futuro marido e, por sobre o ombro dele, dardejando fogosos e sugestivos olhares para outro velhinho de miolo mole.

As avós, as avós idosas, as avozinhas de cabelos brancos carregam no rosto as marcas das alegrias e dores de uma vida longa. São imagem de quem colheu os mais doces e os mais amargos frutos do amor. São expressão viva de sabedoria e discernimento. E são, em toda parte, os seres mais veneráveis da humanidade, reverenciadas por sucessivas gerações de filhos, netos e bisnetos. Degradá-las é esbofetear a humanidade inteira e levá-la a um passo do abismo pela perda de limites e referências. Não, as vovós não são assim! É provável que venham a se comportar desse modo, na velhice, as jovens que hoje compõem o cenário dos reality shows, cabeça feita para todas as degradações. Mas eu já não estarei aqui para ver.

Os valores são pilares e vigas sobre os quais se estrutura a cultura de uma civilização. Sem eles, a civilização se fragiliza, sujeita a toda sorte de deslizes. E de deslizamentos. É da natureza de nossa cultura, alicerçada em valores de base judaico-cristã, crer na vitória final do bem sobre o mal. Aliás, no início do século 20, os sucessores de Marx que mais influenciam a esquerda mundial nas últimas décadas, atribuíram aos valores da nossa cultura o fracasso do comunismo em suas tentativas de penetrar no Ocidente. E o que propuseram, a "longa marcha através das instituições", vem derrubando barreiras e distâncias, em toda parte, cumprindo seus objetivos, fundada em duas convicções diferentes: a de que, abalados os fundamentos morais da cultura, podemos nos deixar seduzir pelo mal e nos iludir sobre a natureza do bem.


ZERO HORA, 30/01/2010

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".