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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

P & R: Refazendo a Religião. Entrevista com Daniel Pipes.

DANIEL PIPES


por Marvin Olasky
World
15 de Janeiro de 2011
Original em inglês: Q&A: Remaking a Religion
Tradução: Joseph Skilnik


Daniel Pipes fundou o Middle East Forum em 1994. Autor de 12 livros, com Ph.D. em história islâmica medieval, é o mais importante intelectual americano em questões do islamismo radical; até mesmo a CBS disse que ele está "anos luz à frente do seu tempo" na identificação da ameaça radical.
Muitas pessoas associam o islamismo ao terrorismo, mas o Sr. também examina a ameaça a longo prazo, supostamente pacífica porém transformadora. Nesse país, principalmente por conta do 11 de setembro, nos focamos no terrorismo, mas na Europa a discussão gira muito mais em torno da imigração e da cultura. Eles dizem, "Salvo se fizermos mudanças, nossa civilização irá desaparecer". Demografia, cultura e religião poderão tornar a Europa uma extensão do Norte da África, com atrações como a Mesquita de Notre Dame em Paris.
Em parte isso ocorre pelo fato dos europeus não muçulmanos terem poucos filhos enquanto os muçulmanos têm muitos? Há três fatores. Primeiro o demográfico: Na média as mulheres devem ter 2,1 filhos para manter o equilíbrio populacional, mas na Europa de hoje está em torno de 1,4, um terço a menos do mínimo necessário. O segundo fator é o religioso: o enfraquecimento do cristianismo. O fator três é o multiculturalismo: não há a sensação de que a sua cultura seja especial, pela qual valha a pena lutar e defender. Os muçulmanos têm muitos filhos. Eles também imigram. Eles têm em si a distinta sensação da superioridade da sua civilização.

O Sr. concorda com aqueles que dizem que a Europa está acabada?
 Eu discordo. Não muçulmanos ainda constituem 95 por cento da Europa e têm os meios necessários para dizer não à islamização — e é isso que estão fazendo. Partidos que não existiam ou cuja existência era insignificante há 10 ou 20 anos estão agora dizendo não com vigor. Há duas opções: Eurábia ou "Não." Qual será? É muito cedo para prever.

Como exatamente eles dizem não?
 Essa é a questão, não sei exatamente como, mas suponho prolongados conflitos civis, expulsões, uso da força. Não será bonito. Não dá para expor cenários precisos, mas faz parte da história e do potencial da Europa dispensar um tratamento realmente perverso aos muçulmanos.

A Holanda poderia se tornar a vanguarda do "Não"?
 Sim, esse é o país a ser observado. Parece que um terço do governo será formado por um bloco anti-islâmico. Que impacto teriam eles? De que maneira irão os outros responder? Isso tudo ainda está para ser visto.

Onde entra a guerra das caricaturas nisso tudo? Os islamistas não estavam mostrando que não iriam permitir que ninguém se manifestasse contra eles?
 Em 1989 o Ayatollah Khomeini emitiu um decreto contra Salman Rushdie por conta do seu livro, Os Versos Satânicos, no qual Rushdie ridicularizou várias santidades islâmicas. Houve uma enorme rejeição ao decreto: O Senado dos Estados Unidos aprovou por unanimidade uma resolução assegurando o direito de se escrever o que bem se desejar. Bem, 21 anos depois, a população está sendo ameaçada e o senado não está respondendo. Antes de 1989 qualquer um podia escrever ou desenhar o que quisesse sobre o Islã. Fazer isso hoje é arriscar a própria vida. Se àqueles entre nós que criticam o Islã ou Maomé não é dado o direito de se manifestarem ou se forem intimidados a não se manifestarem, os islamistas triunfaram: O islamismo avança, e quem irá detê-lo? A questão real é a seguinte: Nos é permitido defendermos a nossa civilização ou não?

Se a propensão atual nos Estados Unidos continuar, qual será a situação em 2020?
 Maior assentimento à lei islâmica. Veja a Grã-Bretanha: A poligamia é legal desde que se contrate o casamento poligâmico em algum lugar onde ele seja legal (digamos, o Marrocos). Os códigos legais se adaptam a vários casamentos. Os códigos legais que regem sobre o bem estar e a herança separam o que a 1ª esposa irá receber e o que a 2ª irá receber. Isso não ocorreu nos Estados Unidos, mas há cerca de quatro anos, no Brooklyn, dois maridos com várias esposas, e diversas esposas juntamente com seus filhos foram mortos em um incêndio. O prefeito prestou condolências—era a rotina. Ninguém em Nova Iorque ficou surpreso quanto a esses poligâmicos. Agora compare com o tratamento dispensado aos Mormons no século XIX: furiosa rejeição da poligamia.

Então teremos a poligamia nos Estados Unidos por volta de 2020?
 O debate em torno da assim chamada Mesquita no Marco Zero vivenciou o surgimento e a mobilização da resistência ao islamismo que até então eu jamais tinha visto. Poderá muito bem significar o início da resistência.

Deveríamos aceitar essas pequenas adaptações — digamos, torneiras do lado de fora dos terminais dos aeroportos para que os taxistas muçulmanos possam lavar os pés — como exemplo do pluralismo e tolerância americana?
 Sim. Nós temos capelas nas academias militares, com o terreno cedido pelo governo e a capela construída com recursos privados. Trata-se de um acerto que deu certo. Por que não fazer o mesmo nesse caso?

E a respeito dos taxistas e passageiros com bebidas alcoólicas?
 O Aeroporto de Minneapolis teve uma outra iniciativa: Os taxistas se recusavam a transportar pessoas com bebidas alcoólicas. A solução do aeroporto foi a criação de duas linhas, uma aceita bebidas alcoólicas, outra não. Parece ter sido uma acomodação aceitável, mas pense nas implicações: hoje são as bebidas, amanhã talvez um sanduíche de presunto ou uma mulher com blusa sem mangas. Se forem taxistas hoje, poderão ser motoristas de ônibus amanhã e comandantes de aeronaves no dia seguinte. . . então o avião não levantaria voo por conta de alguém com um sanduíche de presunto? Não. Isso seria a aplicação da lei da Shariah nos Estados Unidos. Estou feliz em informar que as autoridades aeroportuárias notificaram os taxistas de que se eles desejassem dirigir taxis teriam que aceitar todos os passageiros, sem distinção.

O Sr. tem escrito que o islamismo radical é o problema e que o "islamismo moderno" é a solução.* O que seria o islamismo moderno?
 O islamismo moderno é um islamismo anti-islamista. Já me disseram que o islamismo moderno é como o unicórneo, muito falado porém nunca visto — porém seus apoiadores existem. Pode-se ver muçulmanos argumentando contra o islamismo, porém não se trata de um movimento e não são coerentes ou organizados com seguidores e recursos. É necessário que haja eruditos — que saibam interpretar o Alcorão e outras escrituras sagradas — junto com ativistas e políticos.

Quer dizer, derrotar o islamismo com o islamismo secularizado?
 Trabalhar voltado para uma forma de islamismo que seja moderno, moderado, amistoso. Cabe somente aos muçulmanos lidar com isso, e nós que não somos muçulmanos podemos ajudar estimulando os anti-radicais e desencorajando os radicais.

Comparando o islamismo ao cristianismo — o cristianismo é uma religião de paz com um fundador, Cristo, que é claramente uma pessoa de paz. Contudo, quanto ao islamismo, Maomé foi um guerreiro. A base do islamismo seria naturalmente bélica seguindo o seu fundador?
 A base do Islã é bélica, o que não significa que ele tem que ser bélico.

O "islamismo moderno" que o Sr. deseja está um pouco afastado do cerne do Islã?
 É uma reinterpretação do Islã. A interpretação islamista que hoje é tão dominante, era praticamente imperceptível quando eu iniciei nesse campo na década dos anos 60 do século passado. Agora ela é dominante. Se ele pode crescer, então também pode diminuir. Nós precisamos ajudá-lo a diminuir.

No cristianismo é sempre possível apontar para a pessoa de Cristo. No islamismo, não é possível ir em direção à paz apontando para a pessoa de Maomé.
 Muito justo, mas a pessoa de Maomé para os muçulmanos não é o equivalente a Jesus Cristo e sim equivalente a São Paulo. Os muçulmanos fizeram dele uma figura quase como a de Jesus, mas isso não é inerente à religião.

Mas nos Estados Unidos pode-se livremente desenhar caricaturas de qualquer natureza relacionadas a Cristo ou a Paulo. Se não faz parte do islamismo desejar fazer com que Maomé seja tão importante, por que a menor crítica a ele é considerada em alguns lugares um crime com pena capital?
 Sim, de acordo com a lei 295-C do Paquistão, se você ofender o profeta, será executado. É a realidade, mas não tem que ser assim. Através dos séculos consolidou-se a ideia de que Maomé era um homem perfeito — mas podemos repensar. Era isso que eu queria dizer sobre a reinterpretação das escrituras — não tem que ser assim.
Observação do DP: Lê-se: "que o Islã radical é o problema e que o "Islã moderado" a solução".

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".