26/10/2010 - 13h46
FÁBIO AMATO ENVIADO ESPECIAL A APARECIDA (SP)
O arcebispo de Aparecida (SP) e mais novo cardeal brasileiro, dom Raymundo Damasceno Assis, defendeu nesta terça-feira a discussão de temas como aborto e união civil entre homossexuais na campanha presidencial.
Dom Raymundo chegou nesta manhã ao Brasil depois de participar de um encontro em Roma, onde foi comunicado pelo papa Bento 16 que será nomeado cardeal em cerimônia no próximo dia 20 de novembro.
Em Aparecida, ele disse que o debate de tais temas ajuda o eleitor a votar de maneira mais consciente.
"Há certos valores que são fundamentais para a convivência harmoniosa e pacífica do país, como a questão da vida, a questão dos direitos humanos, a questão da família e do matrimônio. Não são coisas acidentais, secundárias. Isso é fundamental", disse.
Segundo ele, os eleitores devem votar de acordo com o programa de governo dos candidatos e "com os valores que eles propõem, que eles vão defender durante o seu mandato."
"O debate, quanto mais aberto e abrangente, tanto mais possibilita o eleitor ao voto mais consciente, responsável e mais livre", completou.
O arcebispo de Aparecida defendeu, porém, que a igreja não indique aos católicos em que candidato eles devem votar, "a não ser em casos extremos".
Sobre a atitude do bispo de Guarulhos (grande São Paulo), dom Luiz Gonzaga Bergonzini, que orientou fiéis da cidade a não votar na candidata petista Dilma Rousseff por sua suposta posição favorável à descriminalização do aborto, disse que "cada bispo tem autonomia em sua diocese".
Bergonzini chamou o PT de "partido da morte" e da "mentira" e admitiu que encomendou os 2 milhões de panfletos, apreendidos pela Polícia Federal, que defendiam voto no candidato tucano José Serra.
Os panfletos foram impressos na gráfica Pana, em São Paulo, que pertence a Arlety Kobayashi, filiada ao PSDB e irmã do coordenador de infraestrutura da campanha de Serra.
Perguntado se orientou fiéis a votar em um determinado candidato ou partido nestas eleições, dom Raymundo respondeu que não. "Achei que não deveria fazer isso. Mas dei critérios [para que os fiéis definissem o voto]", disse ele.
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