Presidente Santos, tenha um gesto de lealdade para com os que o levaram ao poder e hoje o mantêm no cargo
* Coronel Luis Alberto Villamarín Pulido
Sem falhar ao juramento patriótico nem renunciar a seu dever, sempre, porém em particular desde 1992, os militares e policiais colombianos têm sofrido uma ilegítima redução salarial por conta da demagogia e da politicagem.
Por lei da República a partir de 1992, depois de muitas gestões administrativas o general Oscar Botero Restrepo, assessorado pelo general Manuel Murillo, conseguiu que o Governo Nacional assimilasse os risíveis salários dos membros da Força Pública a uma escala percentual do salário dos ministros do gabinete e, óbvio, que estes se incrementassem anualmente com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC).
A medida foi recebida com muita expectativa pelos fardados, porém não passou de uma quimera. Dezoito anos depois, a Caixa de Salários da Reserva recebe quase que diariamente sentenças individuais de demandas pessoais de oficiais e sub-oficiais, os quais ao verem vulnerados seus direitos, têm recorrido a advogados para que os representem.
É incrível que depois de oferecer os melhores anos de sua existência para defender uma democracia com minúscula, pois na verdade quase todos os governantes não são merecedores do sacrifício dos soldados e policiais, os abnegados servidores da pátria tenham que recorrer a aproveitadores do direito que, a custa de tomar até 35% do justo valor das reclamações salariais não pagas, os representam ante os tribunais e instâncias administrativas do Ministério da Defesa que, por lógica, deveriam resolver de uma vez por todas estes problemas.
Durante vários anos, oportunistas em busca de dinheiro e posicionamentos políticos pessoais, vieram instigando o justo reclamo dos afetados frente à indiferença marcante dos ministros da Fazenda e da Defesa, assim como dos ex-presidentes Uribe, Pastrana, Samper e Gaviria, e os generais que ocuparam durante estes períodos o cargo de Comandante Geral das Forças Militares.
O presidente Santos conhece o problema muito bem, além do que foi ministro da Fazenda e da Defesa. Porém, tampouco fez nada para solucioná-lo.
Há quase seis meses um grupo de oficiais e sub-oficiais da hoje chamada Reserva Ativa da Força Pública, realizou um protesto pacífico na entrada das instalações do Ministério da Defesa. O inepto e demagogo ministro Silva fez caso omisso. Os manifestantes se retiraram ante a promessa de que o problema seria resolvido, o qual resultou ser incerto. Hoje os organizadores do protesto anterior convocaram outra manifestação para finais de outubro do presente ano no mesmo lugar.
Presidente Santos, o senhor chegou ao atual cargo não por suas capacidades pessoais, mas pela boa estrela que lhe proporcionaram as Forças Militares e Policiais durante sua afortunada passagem pelo Ministério da Defesa. A Colômbia não votou pelo senhor: votou contra Chávez, contra as FARC e contra as trapaças dos mal chamados “Colombianos pela Paz”. Por isso foi eleito como presidente.
Agora que está neste privilegiado cargo, tenha um gesto de lealdade mínima para com os que arriscaram até as próprias vidas para que o senhor subisse em espiral à sua glória política, e inclusive dão satisfações tão grandes ao país como a baixa do terrorista Jojoy. Tome as ações corretivas que sejam do caso, disponha o pagamento do dinheiro atrasado a todos os servidores que merecem este benefício. Faça-o por via administrativa. Evite que os militares e policiais da reserva sejam fraudados por advogados trapaceiros que tiram proveito desta situação anômala, ou por politiqueiros oportunistas que até militam na mesma corrente politiqueira de uma reconhecida porta-voz das FARC.
Aprenda de outras latitudes, onde os militares da reserva são tratados como veteranos de guerra e portanto, têm privilégios merecidos, não a vergonhosa limitação da sanidade militar colombiana, ou o que é pior, as dificuldades que padecem os oficiais subalternos, os sub-oficiais, os agentes de polícia e os soldados profissionais para sobreviver com a família. Meta o dedo na chaga e atue, pois “pisotear a colmeia” nunca foi boa política.
Tradução: Graça Salgueiro
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