25/09/2010
"A qualidade das instituições permanece pobremente situada em 93º lugar (entre as 139 nações estudadas), com limitada confiança nos políticos e no império da lei" (Relatório 2010/2011 do Word Economic Forum sobre competitividade global).
A propósito das instituições nacionais - aí vou eu novamente - o relatório, que vale a pena ser lido no site do WEF (http://www.weforum.org/en/index.htm), afirma o que transcrevi acima. E muito mais. Na sequência, não por acaso, aponta o desastre da educação brasileira: nosso ensino primário ocupa a posição 107/139 e o ensino superior a posição 97/139. Por que digo "não por acaso"? Porque, malgrado tão deplorável situação, a grande maioria dos nossos professores considera que formar para a cidadania seja o objeto central de sua profissão. Mas os dados e os fatos os contradizem: eles não estão conseguindo fazer o que devem nem alcançando o que anunciadamente almejam.
O relatório, exaustivo em relação às realidades dos países que analisa, é fonte de informação para decision makers dos setores públicos e privados do mundo inteiro. Talvez seja pouco estudado no Brasil e muito provavelmente passe batido pelos decision makers do nosso setor público (políticos em geral). É pena, porque eles estão puxando o Brasil para baixo e o mundo está sabendo. O mundo está vendo. Nosso país decresceu no ranking da competitividade entre os dois últimos relatórios. E nossas piores posições envolvem, precisamente, questões de natureza institucional.
Quando se desagregam os componentes que nos levam àquele triste 93º entre os 139 países analisados, verifica-se, por exemplo, que ficamos assim (estou selecionando alguns elementos entre os 21 que se compõem para formá-lo): a) desvio de recursos públicos - 121º lugar; b) confiança nos políticos - 127º lugar; c) desperdício nos gastos públicos - 136º lugar; d) peso da regulamentação oficial - último lugar; e) transparência das políticas públicas (com perdão da redundância) - 87º lugar. Para que não digam que fiquei apenas no setor estatal, as condutas médias do setor privado não andam à luz do sol por caminhos relvados, mas se deslocam pelas mesmas escarpas e grotões sombrios: 94º lugar entre 139.
Diante desses dados, nunca faltará - jamais falta! - quem diga que tudo se resolve com (com que, mesmo, dizem que isso se resolve?)... Não, não sei. Jamais conseguirei entendê-los, porque quando se fala em família, agem contra essa instituição com os mais vigorosos instrumentos da pós-modernidade. Quando se fala em fundamentos morais, sepultam o infeliz que os afirma sob toneladas de desprezo e caçambas de relativismo. Quando se fala em religião, atribuem poderes divinos ao mais miserável arranjo de moléculas de carbono, denunciam a fé como crendice e a sentenciam ao ostracismo das empoeiradas gavetas da intimidade familiar. E quando se mencionam instituições, apressam-se em denunciar que está tudo errado. Mas não admitem mexer sequer nos hífens e tremas dos preceitos que as determinam. Entre nós, portanto, refletir sobre causas e consequências é um exercício mental desprezível, de quem não tem o que fazer. Coisa tão útil quanto o potinho de cerâmica disponibilizado para o falecido numa urna fúnebre dos maias. Enterrem-me, pois, sob os meus artigos. Eles serão os meus potinhos cerâmicos.
______________
* Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.
A propósito das instituições nacionais - aí vou eu novamente - o relatório, que vale a pena ser lido no site do WEF (http://www.weforum.org/en/index.htm), afirma o que transcrevi acima. E muito mais. Na sequência, não por acaso, aponta o desastre da educação brasileira: nosso ensino primário ocupa a posição 107/139 e o ensino superior a posição 97/139. Por que digo "não por acaso"? Porque, malgrado tão deplorável situação, a grande maioria dos nossos professores considera que formar para a cidadania seja o objeto central de sua profissão. Mas os dados e os fatos os contradizem: eles não estão conseguindo fazer o que devem nem alcançando o que anunciadamente almejam.
O relatório, exaustivo em relação às realidades dos países que analisa, é fonte de informação para decision makers dos setores públicos e privados do mundo inteiro. Talvez seja pouco estudado no Brasil e muito provavelmente passe batido pelos decision makers do nosso setor público (políticos em geral). É pena, porque eles estão puxando o Brasil para baixo e o mundo está sabendo. O mundo está vendo. Nosso país decresceu no ranking da competitividade entre os dois últimos relatórios. E nossas piores posições envolvem, precisamente, questões de natureza institucional.
Quando se desagregam os componentes que nos levam àquele triste 93º entre os 139 países analisados, verifica-se, por exemplo, que ficamos assim (estou selecionando alguns elementos entre os 21 que se compõem para formá-lo): a) desvio de recursos públicos - 121º lugar; b) confiança nos políticos - 127º lugar; c) desperdício nos gastos públicos - 136º lugar; d) peso da regulamentação oficial - último lugar; e) transparência das políticas públicas (com perdão da redundância) - 87º lugar. Para que não digam que fiquei apenas no setor estatal, as condutas médias do setor privado não andam à luz do sol por caminhos relvados, mas se deslocam pelas mesmas escarpas e grotões sombrios: 94º lugar entre 139.
Diante desses dados, nunca faltará - jamais falta! - quem diga que tudo se resolve com (com que, mesmo, dizem que isso se resolve?)... Não, não sei. Jamais conseguirei entendê-los, porque quando se fala em família, agem contra essa instituição com os mais vigorosos instrumentos da pós-modernidade. Quando se fala em fundamentos morais, sepultam o infeliz que os afirma sob toneladas de desprezo e caçambas de relativismo. Quando se fala em religião, atribuem poderes divinos ao mais miserável arranjo de moléculas de carbono, denunciam a fé como crendice e a sentenciam ao ostracismo das empoeiradas gavetas da intimidade familiar. E quando se mencionam instituições, apressam-se em denunciar que está tudo errado. Mas não admitem mexer sequer nos hífens e tremas dos preceitos que as determinam. Entre nós, portanto, refletir sobre causas e consequências é um exercício mental desprezível, de quem não tem o que fazer. Coisa tão útil quanto o potinho de cerâmica disponibilizado para o falecido numa urna fúnebre dos maias. Enterrem-me, pois, sob os meus artigos. Eles serão os meus potinhos cerâmicos.
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* Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia.
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