Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

PUXANDO O BRASIL PARA BAIXO

PERCIVAL PUGGINA
25/09/2010



"A qualidade das instituições permanece pobremente situada em 93º lugar (entre as 139 nações estudadas), com limitada confiança nos políticos e no império da lei" (Relatório 2010/2011 do Word Economic Forum sobre competitividade global).


A propósito das instituições nacionais - aí vou eu novamente - o relatório, que vale a pena ser lido no site do WEF (http://www.weforum.org/en/index.htm), afirma o que transcrevi acima. E muito mais. Na sequência, não por acaso, aponta o desastre da educação brasileira: nosso ensino primário ocupa a posição 107/139 e o ensino superior a posição 97/139. Por que digo "não por acaso"? Porque, malgrado tão deplorável situação, a grande maioria dos nossos professores considera que formar para a cidadania seja o objeto central de sua profissão. Mas os dados e os fatos os contradizem: eles não estão conseguindo fazer o que devem nem alcançando o que anunciadamente almejam.

O relatório, exaustivo em relação às realidades dos países que analisa, é fonte de informação para decision makers dos setores públicos e privados do mundo inteiro. Talvez seja pouco estudado no Brasil e muito provavelmente passe batido pelos decision makers do nosso setor público (políticos em geral). É pena, porque eles estão puxando o Brasil para baixo e o mundo está sabendo. O mundo está vendo. Nosso país decresceu no ranking da competitividade entre os dois últimos relatórios. E nossas piores posições envolvem, precisamente, questões de natureza institucional.

Quando se desagregam os componentes que nos levam àquele triste 93º entre os 139 países analisados, verifica-se, por exemplo, que ficamos assim (estou selecionando alguns elementos entre os 21 que se compõem para formá-lo): a) desvio de recursos públicos - 121º lugar; b) confiança nos políticos - 127º lugar; c) desperdício nos gastos públicos - 136º lugar; d) peso da regulamentação oficial - último lugar; e) transparência das políticas públicas (com perdão da redundância) - 87º lugar. Para que não digam que fiquei apenas no setor estatal, as condutas médias do setor privado não andam à luz do sol por caminhos relvados, mas se deslocam pelas mesmas escarpas e grotões sombrios: 94º lugar entre 139.

Diante desses dados, nunca faltará - jamais falta! - quem diga que tudo se resolve com (com que, mesmo, dizem que isso se resolve?)... Não, não sei. Jamais conseguirei entendê-los, porque quando se fala em família, agem contra essa instituição com os mais vigorosos instrumentos da pós-modernidade. Quando se fala em fundamentos morais, sepultam o infeliz que os afirma sob toneladas de desprezo e caçambas de relativismo. Quando se fala em religião, atribuem poderes divinos ao mais miserável arranjo de moléculas de carbono, denunciam a fé como crendice e a sentenciam ao ostracismo das empoeiradas gavetas da intimidade familiar. E quando se mencionam instituições, apressam-se em denunciar que está tudo errado. Mas não admitem mexer sequer nos hífens e tremas dos preceitos que as determinam. Entre nós, portanto, refletir sobre causas e consequências é um exercício mental desprezível, de quem não tem o que fazer. Coisa tão útil quanto o potinho de cerâmica disponibilizado para o falecido numa urna fúnebre dos maias. Enterrem-me, pois, sob os meus artigos. Eles serão os meus potinhos cerâmicos.

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* Percival Puggina (65) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site www.puggina.org, articulista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo e de Cuba, a tragédia da utopia. 

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".