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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Déficit em conta corrente tem pior primeiro trimestre da história

ESTADÃO

Quinta-feira, 22 de abril de 2010 10:20

Adriana Fernandes e Fernando Nakagawa, da Agência Estado  

BRASÍLIA - Dados divulgados pelo Banco Central mostram uma piora nas contas externas brasileiras. O déficit em transações correntes acumulado no primeiro trimestre somou US$ 12,145 bilhões, o pior resultado da série do Banco Central para os primeiros três meses do ano. A série teve início em 1947. As informações são do chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes

No primeiro trimestre do ano passado o déficit em transações correntes era quase três vezes menor (US$ 4,938 bilhões), o correspondente a 1,74% do PIB. Em 12 meses até março, o déficit em transações correntes subiu para US$ 31,509 bilhões, ou 1,79% do PIB.
Em março, o balanço de pagamentos do Brasil com o exterior apresentou um déficit na conta de transações correntes de US$ 5,067 bilhões. O resultado negativo é bastante superior ao déficit de US$ 1,559 bilhão, registrado em março do ano passado.
Os gastos com viagens internacionais na conta de serviços no balanço de pagamentos do Brasil com o Exterior apresentaram um déficit de US$ 543 milhões. Em março do ano passado, o déficit havia sido de US$ 124 milhões. No primeiro trimestre, a conta de viagens internacionais acumula um saldo negativo de US$ 1,685 bilhão ante um déficit de US$ 495 milhões no primeiro trimestre de 2009.
As despesas com transportes apresentaram um saldo negativo de US$ 574 milhões, em março e de US$ 1,259 bilhão no trimestre. Os gastos com royalties e licenças apresentaram um saldo negativo de US$ 188 milhões, em Março, e um déficit acumulado no trimestre de US$ 636 milhões. As despesas líquidas com aluguel e equipamentos apresentaram um resultado negativo de US$ 1,257 bilhão, em março. No acumulado do ano, os gastos foram de US$ 2,880 bilhões.
Dívida externa
A dívida externa total atingiu US$ 206,499 bilhões em março. A estimativa projetada para a dívida em dezembro de 2009 era de US$ 198,194 bilhões. Em setembro de 2009 - a última posição fechada da dívida externa - o montante somava US$ 204,670 bilhões.
Segundo o BC, a estimativa da dívida externa em março é composta por US$ 172,273 bilhões em compromissos de médio e longo prazos e US$ 34,227 bilhões em pagamentos de curto prazo.
Investimento estrangeiro
O ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IED) no País, em março, somou US$ 2,018 bilhões. O valor não foi suficiente para cobrir o déficit em transações correntes do mês. Altamir informou que o ingresso de IED) em abril, até hoje, soma US$ 2,1 bilhões. Ele considerou o resultado obtido até o momento positivo. A previsão do técnico do BC para o ingresso de IED em abril é de US$ 2,8 bilhões. O BC projeta um déficit na conta de transações correntes de US$ 4,8 bilhões em abril.
Em fevereiro deste ano, o ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IED) foi de US$ 2,849 bilhões, mas também não havia sido suficiente para cobrir o déficit em transações correntes registrado naquele mês, de US$ 3,251 bilhões. No acumulado do primeiro trimestre, o ingresso de IED soma US$ 5,656 bilhões. Em 12 meses, o fluxo de IED para o País totalizou US$ 26,263 bilhões - o equivalente a 1,50% do Produto Interno Bruto (PIB).
O ingresso de IED no trimestre corresponde a praticamente metade do déficit em transações correntes do período, que foi de US$ 12,145 bilhões.
O Banco Central informou que o investimento estrangeiro em ações brasileiras somou US$ 2,158 bilhões em março. O valor mensal responde por quase a metade do ingresso externo observado no acumulado do primeiro trimestre de 2010, quando os estrangeiros aumentaram a posição líquida em ações de empresas nacionais em US$ 5,270 bilhões.
Altamir informou que o investimento estrangeiro em ações brasileiras soma US$ 2,551 bilhões em abril até o dia 22. Segundo ele, o ingresso de recursos foi gerado apenas pelo movimento com as ações negociadas no Brasil, que atraíram US$ 2,693 bilhões. O saldo das operações com recibo de ações brasileiras transacionadas no exterior, como as ADRs, ficou negativo em US$ 142 milhões.
Altamir também disse que o investimento estrangeiro em papéis de renda fixa negociados no Brasil atraiu US$ 782 milhões em abril até hoje.
Segundo o BC, a maior parte das aplicações feitas por estrangeiros no mês passado ocorreu com as ações negociadas no mercado brasileiro, que recebeu US$ 1,885 bilhão. A parcela restante, de US$ 273 milhões, foi adquirida via recibo de ações brasileiras negociadas no exterior, como os ADRs.
O BC também informou que estrangeiros aumentaram sua posição em títulos de renda fixa, em US$ 1,491 bilhão em março. No acumulado dos três primeiros meses de 2010, esses investidores alocaram US$ 4,058 bilhões nesse tipo de investimento. No resultado do mês passado, estrangeiros aumentaram a posição em papéis negociados no País em US$ 1,962 bilhão, ao mesmo tempo em que reduziram o investimento em títulos brasileiros negociados no exterior em US$ 471 milhões.
Lucros e dividendos
As remessas de lucros e dividendos somaram US$ 2,509 bilhões em março. O valor mensal representa mais da metade das transferências ao exterior feitas por multinacionais instaladas no Brasil, já que as remessas somam no primeiro trimestre US$ 4,586 bilhões.
A remessa de lucros de dividendos realizada por empresas multinacionais instaladas no Brasil somou US$ 2,129 bilhões em abril até o dia 22, conforme dados preliminares divulgados pelo chefe do Departamento Econômico do Banco Central. O valor de parte do mês já é próximo da remessa total feita em março, quando as companhias enviaram US$ 2,509 bilhões. Altamir também informou que o pagamento de juros em abril somou US$ 860 milhões no mês, até o dia 22. Em março, os pagamentos somaram US$ 582 milhões.
A nota do BC mostra também que a despesa com juros no exterior somou US$ 586 milhões em março e US$ 3,053 bilhões no acumulado dos três primeiros meses do ano. O BC também informou que o déficit da conta de viagens internacionais ficou em US$ 543 milhões em março. No primeiro trimestre, o déficit da conta de turismo já soma US$ 1,685 bilhão.
Empréstimos
A taxa de rolagem dos empréstimos de médio e longo prazos feitos pelas empresas brasileiras no exterior atingiu 102% em março. Em março do ano passado, as empresas rolaram apenas 48% dos seus empréstimos.
No primeiro trimestre do ano, a taxa de rolagem subiu para 172% ante 52% do mesmo período de 2009. No ano de 2009, as empresas rolaram 88% das operações realizadas no exterior.
Os dados do BC mostram que as taxas de rolagem dos bônus, notes e commercial papers, em março, foram de 101%, com amortizações de US$ 2,039 bilhões e desembolsos de US$ 1,982 bilhão. A taxa de rolagem de empréstimos diretos atingiu, em março, 118%, com amortizações de US$ 289 milhões e desembolsos de US$ 341 milhões.
A taxa de rolagem dos empréstimos externos está em 290% em abril até o dia 22. A taxa, segundo Altamir, é composta pela renovação de 210% das operações em papéis e a forte taxa de 1.222% observada em empréstimos diretos.
(Esta matéria foi atualizada às 16h49)

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".