QUINTA-FEIRA, 21 DE JANEIRO DE 2010
Se existe um comunista patético pelo qual ainda é feito algum esforço de emergir seu nome do ostracismo é Pier Paolo Pasolini, uma figura não respeitada nem mesmo dentro da cultura italiana e, pior, nem mesmo entre os comunistas daquele país. Ao que parece, o Brasil é a única cultura no mundo onde acadêmicos se dedicam a manter viva a sua memória, estudando com afinco suas obras, produzindo livros bibliográficos e escrevendo artigos para as páginas de jornal. Paralelamente, seus filmes são também comentados na internet e exibidos, com muito mal gosto, no canal Cult do Telecine.
Pedófilo da pior categoria, alternava suas atividades de escritor, poeta, critico político e pseudo-cineasta com relacionamentos mantidos com menores de idade que seduzia nas periferias de Roma. Pasolini iniciou sua carreira, como todo comunista italiano na época, criticando o regime fascista de Benito Mussolini, em especial, condenando a adoção do novo idioma italiano que colocou um fim nas diferenças entre os diversos dialetos falados em diversas regiões do país até aquela época. Influenciado por Freud e Marx, começou a carreira como poeta e não demorou a se tornar romancista, sempre recheando suas obras com elementos de incesto e pedofilia, marca evidente em todas as suas obras a tal ponto colossal que seria impossível listar aqui todas elas, mas cita-se aqui um exemplo, trecho do poema intitulado “identificação do incesto com a realidade”, extraído do livro Teorema:
“[...] Fizeste-me encontrar a justa solução(e abençoada) para a minha alma e para o meu sexo.A presença milagrosa do teu corpo(que convém um espírito grande demais)De jovem macho e de pai,Dissolveu o meu selvagem e perigosoMedo de menina... [...]”(PASOLINI, 1968)
Pasolini acabou aderindo ao esforço iniciado por Mussolini e passou a escrever suas obras com a gramática italiana que se conhece ainda hoje, abandonando o bairrismo de Bologna, cidade onde nasceu. No cinema, produziu filmes com uma técnica de filmagem extremamente rudimentar, senão amadora; era comum gravar uma cena e, em seguida, partir para a produção da próxima sem revisar o conteúdo filmado. Embora seus fãs remanescentes, sobretudo na Unicamp, busquem ainda qualificá-lo como um “gênio” comparável a Vittorio De Sica ou Luchino Visconti, a qualidade de seus filmes é tão pobre que a maioria dos críticos de cinema, incluindo até Rubens Edwald Filho, nem o consideram cineasta.
Mas não se faz aqui um esforço em discutir suas técnicas de filmagem ou de escrita. A investida mais lamentável deste homem destinado ao fracasso foi a de (tentar) se tornar um intelectual, senão filósofo, por meio de suas produções “artísticas”. “Salò e os 120 dias de Sodoma”, o último filme de Pasolini, é inspirado em uma das obras de Donatién Alphonse François De Sade, também conhecido como “Marquês de Sade” e se divide em três partes: o ciclo das manias, o ciclo das merdas e o ciclo de sangue. Neste ponto já dá para o leitor imaginar a porcaria de filme.
O filme conta a história de quatro poderosos italianos que se instalam num suntuoso palácio em Salò (cidade na região norte da Itália), reunindo-se com 10 garotas e 10 garotos para realizar com eles todas as suas vontades sexuais. A história, que é contada como se tivesse acontecido durante o regime de Mussolini, inicia-se com a seleção dos jovens, a partir de critérios rigorosos, avaliados primordialmente pela sua beleza (estes são forçados a mostrar suas genitálias). Em seguida os selecionados são levados (seqüestrados) para Salò, onde recebem as instruções e são informados de que, se alguém descumprir as regras, entre as quais determina atender plenamente os desejos dos senhores, haverá punição.
No primeiro ciclo, o das manias, os jovens são forçados a escutar os depoimentos de velhas prostitutas, as quais foram chamadas ali devido a sua larga experiência sexual, que serve para os quatro senhores como fonte de inspiração. No ciclo das merdas os jovens são obrigados a comer as próprias fezes e a sofrer todo o tipo de humilhação imposta pelos quatro poderosos. Até este ponto, a impossibilidade de sair da casa (fugir da realidade) tinha levado dois jovens à morte, um garoto fuzilado ao tentar fugir e uma garota havia se suicidado. Entre os que não querem cometer suicídio, uns imploram aos quatro senhores para que tenham piedade, sendo por eles caçoados, e outros reagem com desobediência. No final deste ciclo, aqueles que obedeceram podem ir embora, ao passo que os desobedientes (também chamados de criminosos) ficam para ser punidos. Como ninguém atendeu a todos os pedidos dos senhores, todos eles acabam ficando e tem início o ciclo do sangue, uma parte mais macabra, em que as pessoas são torturadas até a morte, em momentos que varia entre a dor dos jovens e o prazer obscuro e insaciável dos senhores.
Com essa obra, Pasolini tentou exprimir a “realidade” do sistema capitalista: que as pessoas sofrem, os trabalhadores não ganham nada em troca, sendo que sua única função é a de agradar aos seus senhores; somente através da morte é que seria possível escapar desta “escravidão”. Nem mesmo atendendo aos pedidos dos patrões (os quatro senhores) os funcionários (garotos) têm o seu sofrimento aliviado. Numa cena, os garotos são colocados amarrados dentro de um balde cheio de fezes, feitas por eles, e uma garota pede ajuda à Nossa Senhora, mas seu pedido não é atendido, deixando evidente a maneira do “cineasta” dizer que “Deus não existe”. Aliás, no que diz respeito a religião, é costume de Pasolini ridicularizá-la no cinema, associando famosos afrescos renascentistas com imagens de santos e a de Cristo com cenas degradantes de gente nua, quase sempre atores jovens, como no filme Decameron.
Essa tentativa patética de denegrir o capitalismo, Pasolini parece ter feito um filme sobre o que era, na realidade, o sistema soviético. Lá, sim, mulheres procuravam saciar sexualmente os dirigentes do Partido Comunista para conseguir alguma mísera promoção. Os que atendiam às ordens enviadas às linhas de produção nunca recebiam nada senão uma morada patética construída pelo Estado, e um “pouco mais” para comer. Em Cuba, por exemplo, é comum a população comer apenas um prato de arroz com uma banana, duas refeições por dia, um dia após o outro durante meses. Nas ditaduras comunistas, quem determina a vida e a morte das pessoas são os senhores dentro de seus palácios, com várias regalias negadas ao próprio povo.
Maria Betânia Amoroso, professora do Departamento de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, e estudiosa de Pasolini, escreve:
Em particular no que se refere às escolhas sexuais [...] o escritor dizia que se enganavam aqueles que militavam por uma maior tolerância dos diversos. O homossexual que sai às ruas exigindo tolerância da sua diferença não percebe que nada há de pior do que ser tolerado, que pedir licença para existir. (AMOROSO, 2002)
A autora se refere às paradas gays e aos diversos tipos de protestos em prol das causas homossexuais. De maneira bizarra, aqui no Brasil, o movimento gay, cuja maioria dos ativistas é também militantes do Partido dos Trabalhadores, protesta nas ruas no mesmo momento em que o governo petista nada cede ao seu próprio eleitorado senão recursos públicos para alimentar as imbecilizantes campanhas de ONGs homossexuais, iludindo o público com propagandas de uma agenda política nunca saída do papel, projetos de leis que dizem beneficiar os gays quando já se prevê o oposto, além de outras inutilidades colocadas apenas com objetivo de escandalizar a sociedade, como num circo de horrores. Paralelamente, este perfil de governo socialista é observada também em Cuba, onde Mariela Castro se coloca como uma defensora dos gays, ao mesmo tempo em que a realidade existente naquele país há muito já se provou ser até pior que a brasileira, famosa por ser a “campeã mundial das homofobias”. Nestes dois cenários, os gays, militantes do partido ou não, socialistas ou não, cubanos e brasileiros participam de suas manifestações, humilhando-se, mendigando pelo seu direito de existência diante dos dirigentes do Estado, mais uma prova de que a obra de Pasolini melhor descreve o socialismo que o sistema capitalista.
Em um artigo publicado na Folha de S. Paulo, Amoroso afirma que Pasolini foi brutalmente assassinado no mesmo dia em que o filme Salò foi exibido pela primeira vez, em 2 de novembro de 1975. Ao invés de oferecer um desfecho conclusivo acerca da motivação de sua morte, a autora, após mais de 100 páginas repletas de demonstração de sua adoração a Pasolini, parece buscar explorar o desconhecimento geral do brasileiro sobre o mesmo para alimentar uma hipótese, levantada na Itália da época e já derrubada nos dias de hoje, de ele ter sido assassinado por agentes da CIA. Se assim fosse, o motivo poderia ser devido ao seu posicionamento político e jeito falastrão de quando opinava sobre algo, além do momento histórico da guerra fria.
No entanto, um fato que ela ignora completamente é que Pino Pelosi confessou ter sido o autor do assassinato, sendo depois constatada pela polícia italiana, através de um interrogatório, a motivação do crime ser o de ciúmes. Pelosi, um garoto de 17 anos, tinha sido um dos namorados de Pasolini, então com 53 anos, e sentiu ciúmes quando se viu trocado por outro garoto. Tendo descoberto depois que troca rápida de amantes jovens era um costume de Pasolini, este ficou com raiva e decidiu se vingar. Punido pela sua lábia experiente de predador pedófilo, Pasolini foi agredido até a morte, com ossos quebrados e crânio esmagado, tendo seu corpo abandonado num campinho de futebol na periferia romana, região onde não apenas obtinha seus amantes, mas também recrutava os pobres para utilizar nos seus filmes. O jovem agressor recebeu uma pena de nove anos e meio de prisão, uma barganha por fazer ao mundo tal grande favor.
Para finalizar, é importante lembrar que, em 1970, cinco anos antes de sua morte, o solitário pseudo-cineasta tinha sido expulso do Partido Comunista Italiano, não por ser pedófilo ou por produzir filmes e livros moralmente degradantes e pornográficos, mas por ser homossexual. Se naquela época a morte de uma pessoa como ele era atribuída a um “crime da CIA”, nos dias de hoje seu nome iria parar nas listas de mortes das ONGs por aí existentes como sendo de “crime de homofobia”.
Referências
AMOROSO, Maria Betânia. Pier Paolo Pasolini. 1ª ed. São Paulo: Cosac & Naify, 2002. 128 p., 24 ilust.
PASOLINI, Pier Paolo. Teorema. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1968. 227 p.
SALÒ E OS 120 DIAS DE SODOMA. Dirigido por Pier Paolo Pasolini, produzido por Alberto Grimaldi. Itália/França: Produzioni Europee Associati, Les Productions Artistes Associés, 1975. Colorido, 116 minutos, sonoro, legendado. Drama/Terror, longa-metragem. Contém cenas de nudez, sexo, violência extrema, masturbação, ereção, blasfêmia, tortura, sadismo, barbarismo, coprofagia, coprofilia, degradação e humilhação.
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