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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

M@M entrevista Daniel Moreno, diretor do documentário "Reparação"

Fonte: MÍDIA A MAIS
por Redação Mídia@Mais em 19 de dezembro de 2009


Orlando Lovecchio, umas das vítimas do terrorismo de esquerda

U
m filme feito com dinheiro do próprio bolso, analisando de forma diferente e franca as reparações aos terroristas de esquerda e o abandono a que foram relegadas suas vítimas.


"Reparação" busca resgatar alguns fatos de um período conturbado da história brasileira, que há anos é manipulado com o objetivo de atender aos interesses de um dos lados envolvidos e que inegavelmente conta com a colaboração dos inúmeros simpatizantes ideológicos da agenda esquerdista que atuam no mundo cultural brasileiro.


Fugindo ao lugar comum e buscando demonstrar apenas os fatos, segue abaixo uma entrevista com o idealizador e diretor do filme, Daniel Moreno. Cineasta formado pela USP, ele dá detalhes sobre seu trabalho, cuja estréia nos cinemas está prevista para 2010.


O trailer do filme pode ser assistido aqui.


***


MÍDIA@MAIS- O que levou você a realizar o longa metragem?
Daniel Moreno: Queria fazer um filme a partir da história do Orlando (Orlando Lovecchio, vítima de um atentado a bomba contra o consulado dos EUA em São Paulo) e do episódio que mudou sua vida desde o momento em que li pela primeira vez a respeito. Mas, como se sabe, fazer cinema é muito caro e o projeto demorou a poder ser viabilizado. Depois, achei que seria importante discutir também a motivação das reparações econômicas e a relação muito contraditória entre alguns perseguidos políticos brasileiros e a ditadura comunista em Cuba, que conta com ampla simpatia por aqui.

M@M - Que tipo de apoio você teve para desenvolver o trabalho?

Daniel Moreno - Desde o início decidimos que este filme não poderia ter qualquer tipo de subsídio público ou coisa parecida para ser realizado. Teria de ser independente do começo ao fim, e sua produção só foi possível porque tínhamos uma pequena equipe muito unida, que acreditou na produção do jeito que ela teria de ser. Para fazer um filme, as pessoas são ainda mais importantes que o dinheiro. Mas durante as filmagens, não sentimos muito apoio ou incentivo de parte alguma: são raras as pessoas que, conhecendo a época e a discussão envolvidas, têm lá grande interesse em repensar o tema ou se libertar da visão tradicional, maniqueísta, onde há "vilões militares" de um lado e "mocinhos heróicos da guerrilha" do outro.

M@M - Qual foi a reciptividade das pessoas que foram atingidas pelo terrorismo em falar sobre o que lhes aconteceu?
Daniel Moreno - É muito difícil encontrar pessoas que viveram esse período e que ainda estejam de alguma forma envolvidas com o tema a ponto de terem interesse em falar publicamente, excetuando-se os depoimentos habituais. Sei que agora, depois de o filme ficar pronto, surgirão dezenas de questionamentos: "Por que não falaram com tal sujeito?", "Por que não contaram sobre aquele episódio?". Mas enquanto fazíamos o filme, tivemos de contar apenas com nossa própria convicção em abordar o assunto.

M@M - Pelo que você percebeu ao longo do trabalho de filmagem, é possível afirmar que a esquerda tem um pensamento homogêneo sobre o tema das indenizações?

Daniel Moreno - Não, há muita polêmica em relação ao tema, inclusive entre os próprios esquerdistas e simpatizantes. Especialmente quanto ao mecanismo criado para determinar as indenizações em dinheiro, é difícil achar alguém que ache a solução mais certa ou conveniente da forma como está funcionando. Mas há uma parcela da esquerda, bem conhecida e facilmente identificável, com quem não se pode debater de maneira alguma. São os que confundem habitualmente "democracia" com "consenso", e espumam de ódio sempre que sua própria opinião não ecoa pela sala. São pessoas perigosas, inimigas da liberdade, como se vê em plena atuação na Venezuela, na Bolívia, no Equador, por exemplo.

M@M - É possível imaginar que a Lei de Anistia poderá sofrer mudanças, beneficiando apenas a esquerda, como querem muitos radicais?

Daniel Moreno - Não acredito em grandes mudanças, especialmente em relação à polêmica do direito adquirido. Cada vez mais, o Brasil se torna refém de políticas inadequadas, que criam ilhas de privilégio sustentado pelo dinheiro do contribuinte brasileiro, e é muito complicado se reverter esse tipo de coisa quando não há uma mobilização geral da sociedade em torno de conceitos de "certo" e "errado" que parecem um pouco fora de moda hoje em dia. Mas pessoalmente espero que o Estado brasileiro, que erra até quando age em boa causa, corrija as distorções para que vítimas de atentados ou ações da guerrilha de esquerda sejam indenizadas da mesma forma que as vítimas do regime militar. E que os brasileiros aprendam que a maior lição dessa época é que nenhuma ideologia, seja ela de direita ou de esquerda, pode se sobrepor ao exercício dos direitos naturais de todo ser humano: de expressão, de ir e vir, de pensamento, de propriedade, etc.

M@M- Por que você acha que encontrou dificuldades para colher opiniões de pessoas que de alguma forma se opunham ao terrorismo ou foram vítimas dele, enquanto que pessoas ligadas a esquerda aceitaram participar do documentário?
Daniel Moreno - Há um embate injusto aí: enquanto boa parte dos militantes de esquerda da época formou-se na escola do debate, em sindicatos, partidos e universidades, as vítimas do terrorismo eram pessoas "comuns" (e não há qualquer sentido pejorativo nisso), sem o costume de lutar por seus direitos publicamente e com uma capacidade de mobilização praticamente inexistente. Essa contraposição foi de alguma forma relevante na hora de se determinar como seriam as reparações em relação aos conflitos da época: saíram beneficiados apenas os perseguidos ligados à elite sindical, à elite universitária de esquerda e as celebridades habituais. O brasileiro comum só tem relevância na hora de descontar o imposto de renda na fonte.

M@M - Você acha que filme pode de alguma forma ajudar uma nova análise de uma época cujo imaginário inegavelmente encontra-se dominado pelos paradigmas esquerdistas?
Daniel Moreno - Acredito que qualquer filme que não diga as mesmas coisas que já foram ditas por uma centena de filmes anteriormente é interessante. Ainda que as pessoas não concordem com o que se diz ou se mostra na tela, isso promove uma nova discussão, e toda discussão livre é boa para o país. Mas eu acho que a real importância dos filmes, hoje, está em qual medida eles podem ser considerados independentes ou não. Eu não vejo como filmes realizados unicamente com dinheiro público (e não digo isso em relação a um único título em particular, mas a todo um modo de pensamento de produção), e dinheiro de estatais administradas por fundos de pensão ligados a partidos políticos, possam ser considerados "independentes".

M@M - Por favor, sinta-se a vontade para outras considerações sobre o assunto

Daniel Moreno - Gostaria de lembrar as pessoas de que este filme, assim como qualquer outro, é apenas um filme. Um filme dura uma hora e meia, e quanto tempo você demoraria para ler um livro de 300 páginas? Um dia, talvez? Ou seja: um filme é apenas um lembrete, um estímulo para o pensamento e a discussão. Nenhum filme poderia suportar, em uma hora e meia, 40 anos de polêmicas ou ódios contidos. "Reparação" é apenas um filme, e espero que se façam outros sobre o tema, abordando tudo que não foi possível se abordar neste.

M@M - Obrigado pela gentileza da entrevista ao MÍDIA@MAIS

***


(Entrevista realizada por Paulo Zamboni com a colaboração de Roberto Ferraracio).

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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".