Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro concede Medalha Tiradentes a Olavo de Carvalho. Aqui.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Apedreja e chora

GUILHERME FIUZA
9:53 | DOM , 21/11/2010


Foi bonito. Foi comovente. Lula no Rio, Dilma em Brasília. As lágrimas do criador e da criatura resolveram brotar no mesmo dia, em público, numa sintonia impressionante.
É um bom sinal. O brasileiro adora ser liderado por gente que chora. A plataforma coitada será mantida. Em time que está ganhando não se mexe.

Já era hora mesmo de uma choradinha. O governo Lula começou com o Fome Zero. O governo Dilma se prepara para começar com o Idéia Zero. A paisagem desértica da partilha de cargos e da falta de planos, ornamentada pela assombração da CPMF, assusta qualquer um. É mesmo de chorar.

Mas o choro redime. É fórmula testada e aprovada. Tem sido assim desde o primeiro mandato do PT: se mantém o Banco Central governando, escala-se um ministro Mantega na Fazenda para fingir que faz oposição ao neoliberalismo, e o presidente(a) chora. Não tem erro.

Assim o governo bonzinho pode fazer quase tudo. Até aprovar as pedradas de Ahmadinejad.

Ao se abster de condenar o apedrejamento no Irã, o Brasil mostrou ao mundo sua coerência. Um país que defende a escalada atômica do ditador iraniano não poderia mesmo se preocupar com umas pedrinhas.

O argumento da diplomacia brasileira é cristalino: o país não assinou a resolução da ONU contra as barbaridades de Ahmadinejad porque os direitos humanos devem ser discutidos de maneira holística.

Perfeito. A tortura cubana aos presos políticos também não era holística, por isso o filho do Brasil ficou na dele. Essas coisas que não são holísticas não têm mesmo a menor importância.

Já o choro sincronizado de Lula e Dilma é totalmente holístico. Acontece quase simultaneamente a centenas de quilômetros de distância, em sintonia com as lágrimas dos crocodilos da Austrália, do outro lado do planeta.

É assim que a bondade tem que ser. Holística. Às favas com as pedradas na adúltera do Irã, às favas com a fome de poder e a preguiça de governar, às favas com a gula de arrecadar e a cara-de-pau de ressuscitar a CPMF – nada disso tem importância diante de um governo que chora.

O Brasil não resiste a essa cena: o ex-operário, a mulher e as lágrimas dos oprimidos – caminhando para 12 anos no poder. Coitados.

Nenhum comentário:

wibiya widget

A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
"Para conseguir sua maturidade o homem necessita de um certo equilíbrio entre estas três coisas: talento, educação e experiência." (De civ Dei 11,25)
Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".