7, abril, 2010
Intitulada “Via sacra”, uma breve notícia na coluna da Mônica Bérgamo (“Folha de S. Paulo”, 30-3-10) diz muito em poucas linhas. Mas suscita indagações. Em estilo “curto e grosso”, a renomada jornalista escreve:
“A ministra Dilma Rousseff, que já disse que ‘aborto é uma questão de saúde pública’ para defender a legalização, vai se encontrar com bispos católicos, depois da Páscoa, para discutir o tema. O vereador Gabriel Chalita (PSB-SP), que tenta se lançar ao Senado com apoio do PT, é um dos interlocutores da reunião. Os cardeais de São Paulo, dom Odilo Scherer, e do Rio, dom Orani Tempesta, estão entre os 50 clérigos convidados”.
Também procurando ser “curto e grosso”, comento: A ministra é favorável ao aborto. A Igreja Católica é categoricamente contrária ao aborto. O novo “Programa Nacional de Direitos Humanos” (PNDH-3), assinado por Dilma Roussef, defende a legalização do aborto “considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos”. Também julga a matança dos inocentes um “direito humano” e — exatamente como a ministra — “uma questão de saúde pública”.
A Igreja Católica sempre considera o aborto como uma evidente violação do 5º Mandamento da Lei de Deus (“Não Matarás”). De acordo com o Catecismo, o aborto é um pecado gravíssimo que brada aos Céus e clama a Deus por vingança. Portanto, o encontro “com bispos católicos” seria uma reunião entre quem defende a morte do nascituro no seio materno e aqueles que devem defender “o valor sagrado da vida humana desde o seu início até o seu termo” — conforme afirmou o Papa João Paulo II em sua encíclica Evangelium vitae (1995).
Ainda na mesma encíclica o Papa condena nos seguintes termos quem defende a “legalização do aborto”: “Nenhuma circunstância, nenhum fim, nenhuma lei no mundo poderá jamais tornar lícito um ato que é intrinsecamente ilícito, porque contrário à lei de Deus, inscrita no coração de cada homem, reconhecível pela própria razão e proclamada pela Igreja”.
Então, qual a razão de um encontro com uma Ministra que defende o aborto com pastores cuja missão natural é defender de todos os modos e sem exceção a vida humana inocente?
Entre várias suposições possíveis de se fazer, trago à baila duas. Imaginem que ambos os lados adotem a política do “ceder para não perder” — o governo se comprometeria a fazer alguns recuos, enquanto os pastores se comprometeriam a não atacar por inteiro o aborto.
Ou um outro acordo: a ministra cederia na questão do aborto, retirando-o do PNDH-3, em troca de os pastores não atacarem as outras inúmeras aberrações contidas no Programa. Por exemplo, a sovietização de nossos campos através de uma Reforma Agrária (e Urbana) radical, bafejada por órgãos da CNBB a reboque dos quais atua o MST.
Terá esse encontro o desfecho merecedor da reprovação feita por Churchill à política entreguista de Chamberlain em relação aos nazistas: “Tínheis a escolher entre a vergonha e a guerra: escolhestes a vergonha e tereis a guerra”? Quem viver, verá!
Rezemos para que o esdrúxulo encontro não traga como resultado uma vergonhosa derrota dos defensores naturais da ortodoxia e da moral, por terem preferido ceder em vez de lutar. E seja, pelo contrário, o de lutar para vencer.
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Autor: Paulo Roberto Campos
E-mail: prccampos@terra.com.br
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