Paris (França) - Um estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado nesta sexta-feira, alerta que o Brasil entrou em um processo de "forte desaceleração" econômica. Em janeiro, na comparação com dezembro, o País teve a segunda pior queda na atividade econômica entre os 35 países pesquisados, atrás somente da Rússia.
Os diagnósticos dos indicadores compostos avançados anunciados nesta sexta, que correspondem aos dados coletados em janeiro, indicam que o Brasil diminuiu seu nível de atividade em 2,7 pontos - para 94,5 pontos - em relação ao mês anterior (dezembro), quando já havia registrado redução de 1,8 ponto na comparação com novembro. Em relação ao mesmo período do ano passado - quando a economia do Brasil estava em aceleração -, são 10,1 pontos a menos de atividade econômica.
O relatório de indicadores compostos avançados mostra um retrato da atividade econômica de um determinado país e qual a sua tendência para os seis meses seguintes. A avaliação dos números e gráficos possibilita enquadrar a economia em expansão, desaquecimento (parar de crescer), desaceleração (diminuir o crescimento) ou retomada da atividade.
Os indicadores são baseados nas variações da atividade em torno de uma linha de 100 pontos. Estão em expansão ou desaquecimento as economias que se movimentam com números acima de 100, e em desaceleração e retomada os que se encontram abaixo de 100. Nestes últimos resultados, todos os países estudados se movimentam cada vez mais abaixo da linha dos 100 pontos, ou seja, se encontram em processo de forte desaceleração.
Todos os outros países estudados, assim como o Brasil, encontram-se igualmente em forte desaceleração econômica, com constantes quedas na atividade desde novembro. O estudo da OCDE é realizado mensalmente.
A surpresa, desta vez, é que o Brasil vinha se destacando nos estudos anteriores justamente porque demorou para entrar em desaquecimento - quando a economia pára de crescer - e foi o último a entrar em desaceleração - quando a economia começa a decrescer -, ao passo que os demais países já se encontravam nestas condições desde novembro. Agora, o País surpreendeu pelo lado inverso.
Pior que o Brasil só ficou a Rússia, que teve retração da atividade econômica de 3,3 pontos, para 85,9. "Os indicadores compostos avançados da OCDE continuam caindo", diz o título do estudo. "As perspectivas de crescimento continuam também a se deteriorar nas grandes economias não-membros da OCDE, em particular o Brasil, que faz face agora a fortes desacelerações, como a China, a Índia e a Rússia."
Os números chineses também não são nada animadores: diminuição de 2,1 pontos em relação a dezembro (para 87,4 pontos) e de 14,8 pontos sobre janeiro de 2008. Na zona euro, o decréscimo foi de 0,6 ponto (para 93,7), índice inferior em 8,4 pontos na comparação com o nível no ano passado. Já os Estados Unidos tiveram retração de 1,4 ponto (para 90,1), resultado inferior em 10,8 pontos em relação a um ano atrás.
"Para janeiro de 2009, eles continuam indicando um enfraquecimento das perspectivas de crescimento para as sete grandes economias do grupo: o da zona euro caiu a um nível ainda mais baixo, com sinais muito fracos de estabilização próxima", precisa o estudo.
O Reino Unido foi um dos países com menor retração, de 0,3 ponto (para 95,7), ao lado da França, com recuou de 0,2 ponto (para 96,2), e a Itália, com queda de 0,1 ponto (para 95,7).
As informações são de Lúcia Jardim, do Terra
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