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terça-feira, 19 de agosto de 2008

Notícias que não deveriam vazar

Do blog ALERTA TOTAL
Por Jorge Serrão, domingo, agosto 17, 2008

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A mídia amestrada tupiniquim é especialista em sonegar informações verdadeiras. Em alguns casos, ela veicula notícias e contra-informações em interesse próprio. Na maioria dos casos, noticia aquilo que interessa aos seus controladores econômicos e políticos. Geralmente, a mídia é muito bem financiada para cumprir tal missão anti-democrática. Por isso, é sempre fundamental que se indague: a quem interessa tal “informação” ou contra-informação?

A tese é geral e vale para o mundo globalizado. Os meios de informação desinformam por uma simples razão. Sua missão principal não é informar. Mas sim comercializar a difusão da informação, que circula no formato de mercadoria. Em síntese, a mídia se importa mais com as regras comerciais do mercado que com o desenvolvimento da comunicação humana, a busca da verdade objetiva e a imparcialidade da informação.

A mídia funciona como um supermercado da comunicação. No Brasil, em particular, alguns veículos operam na mentalidade de quitandas da comunicação. Vale tudo neste toma lá dá cá de informação e contra-informação. O fenômeno acontece não por simples venalidade, ação criminosa de tráfico de influência ou falta de ética. Na realidade, a comunicação é um exercício coletivo enquanto estratégia de poder.

O poder age sempre para concretizar determinado objetivo histórico. Max Weber definia o poder como “a possibilidade de alguém impor a vontade sobre a conduta de outras pessoas”. Na lógica do poder, a mídia é o veículo simbólico através do qual o jogo de oferta e procura de informações controla, domina e manipula os seres sociais. Nesta missão, além da informação e da contra-informação noticiosa, a mídia apela pela a propaganda ideológica (às vezes oculta, nem sempre evidente) que pode ser mais bem definida pelo termo Ideocracia.

As ideocracias são os modelos ideológicos aplicados na prática da comunicação para a conquista, manutenção e ampliação do poder. No mundo globalizado – e cada vez mais bobalizado -, os meios de comunicação de massa são as armas ideocráticas mais eficazes. As ideocracias, junto com a desinformação e a contra-informação, são instrumentos que facilitam os processos de controle, dominação e manipulação.

A falácia ideológica consegue cooptar a maioria dominada. Tudo porque seu discurso tem grande poder de convencimento e persuasão. As ideocracias e suas idéias influenciam o meio “bio-psicossocial”. Atuam sobre a ação, a emoção e a razão de cada um dos seres organizados socialmente. Moldam novos comportamentos, sentimentos e “raciocínios”. Geram novas personalidades (des)humanas prontas para atuar em conformidade com a lógica do sistema de controle, manipulação e dominação.

As ideocracias, quando radicalizam seus processos, praticam a violência psicossocial. Eis a base de uma guerra que passa despercebida pela grande maioria dos mortais incapazes de raciocinar e perceber a realidade. A guerra assimétrica é aquela baseada nos conflitos ideologicamente engendrados, em que o alvo dos ataques tem dificuldade em identificar seus reais adversários ou inimigos.

Marilena Chauí, ideóloga petista, nos ensinava, há uns 25 anos atrás, que “por intermédio da ideologia, tomamos o falso por verdadeiro, o injusto por justo”. A fim de agradar gregos e baianos, vale também citar Olavo de Carvalho. O jornalista e filósofo destaca que “o mal não está na mera existência do pensamento ideológico, nem mesmo na sua onipresença na vida social. O mal aparece quando as esferas de atividade se deixam infectar de ideologismo, sobretudo nas chamadas “ciências sociais”.

O grande perigo é que a ideocracia colabora para a destruição do processo político, que é essencial para o desenvolvimento da sociedade humana. Do ponto de vista ideal, a Política deveria funcionar como a “Ciência de Governar para o Bem Comum”. Não dá para se conceber um mundo sem Política. Da mesma forma, não pode existir um mundo sem ideologias. Cada um pode ter a sua. Cabe ao outro, no mínimo, respeitá-la ou tolerá-la, mesmo que discordar dela. O que não se pode aceitar é conivência com ideologias que preguem ou pratiquem o mal.

Quem tem compromisso com a liberdade também não pode aceitar que a mídia abuse da informação, da desinformação e da contra-informação em nome de interesses que se oponham aos mais elementares direitos ou interesses da sociedade. O Alerta Total pede um milhão de perdões aos pacientes leitores que suportaram ler o “nariz de cera teórico” sobre o fenômeno global da comunicação, com alguns conceitos fundamentais para o entendimento da nossa realidade. Agora, vamos à manchete do artigo desta edição: as notícias que não deveriam vazar, mas vazaram por aqui neste blog criado apenas para praticar o jornalismo que não é permitido nos supermercados e quitandas da comunicação.

No mercado de telecomunicações, vaza a informação que explica por que o banqueiro Daniel Valente Dantas se aproveitou do depoimento na CPI dos Grampos para mandar um recado para o chefão Lula e seus fiéis escudeiros Antônio Palocci Filho, José Dirceu de Oliveira e Silva e Luiz Gushiken. Na mensagem cifrada (ou seria $ifrada?), Dantas acusou os três de o perseguirem. Na verdade, Dantas mandou um recado a eles e ao “mega-empreendedor” Fábio Luiz da Silva (que nenhum familiar ou amigo chama de “Lulinha”). O poderoso DVD não quer que eles tentem assumir, nos bastidores, o controle da Brasil Telecom. Se isso acontecer, DVD ameaça vazar muito que sabe para prejudicar seus “concorrentes” na fusão da BrT com a Oi (ex-Telemar).

Outra tensão grande para o Palácio do Planalto vem do Judiciário. Mais precisamente do Supremo Tribunal Federal. O chefão Lula anda insatisfeito demais com o ministro Joaquim Barbosa – por ele indicado para o cargão vitalício na suprema corte. A situação promete ficar negra. Não pela cor de pele do ministro, pois isso causaria o indiciamento, via Lei Caó, de alguns “poderosos” que o chamam, pejorativamente, de “negão”, só porque andam com bronca dele. A insatisfação palaciana com Barbosa é porque ele vem emitindo sinais contrários ao desgoverno. A turma de Lula já teme o que pode acontecer quando ele chegar, no rodízio, à presidência do STF.

Outra zona de tensão é no próprio Judiciário consigo mesmo. As recentes decisões políticas – e nem tanto constitucionais do Supremo Tribunal Federal – provocam a ira de juízes e promotores. A recente súmula do STF que disciplina o uso de algemas revoltou juízes federais de primeira instância. Na rede de computadores exclusiva do Judiciário, pelo menos 150 juízes já criticaram a regulamentação. A regrinha que restringe o uso de algemas nas detenções e prisões (principalmente dos “poderosos”) foi jocosamente apelidada de “súmula Cacciola-Dantas”.

Mais uma zona de tensão é do STF com o meio militar. Ao contrário do que batraqueou o chefão Lula aos chefes militares, a onda de revanchismo está longe de terminar. Se as legiões baixarem a guarda, vão tomar ferro na questão da releitura sobre a lei de Anistia. A previsão é certa. Caso o STF seja questionado sobre a possibilidade de punição para militares ou agentes policiais acusados de praticar tortura nos tempos da dita-dura, a coisa não vai ficar mole para os denunciados. O STF vai considerar que qualquer crime de tortura é imprescritível. Logo, os acusados poderão ser julgados pela Justiça Federal, sem a proteção da Lei de Anistia.

O chefão Lula cria outra zona de tensão com a Oligarquia Financeira Transnacional que controla o setor de petróleo e energia em todo o planeta. A criação de uma nova empresa para tocar os mega-negócios da exploração da camada pré-sal desagrada a indústria do petróleo. Também contraria os reais interesses dos verdadeiros donos da Petrobrás – que não pertence mais à maioria dos brasileiros. O próprio chefão Lula admite nos bastidores e em discursos com empresários que o capital estrangeiro já detém 50% da Petrobras. Viva o entreguismo seguido por Lula como herança maldita Era FHC, quando o ex-genro dele, David Zilbersztajn, proclamou aos investidores internacionais, assim que flexibilizou o monopólio da Petrobrás: “O petróleo é Vosso”...

O que a mídia amestrada sonega é que o bilionário e mega-especulador George Soros detém 22% do controle da Petrobrás. A mídia abestada apenas divulgou que o socialista fabiano Soros comprou US$ 811 milhões – cerca de R$ 1,6 bilhão – em ações da Petrobras no segundo trimestre, transformando-a no maior ativo da carteira de seu fundo de investimentos. A informação foi dada às autoridades de mercado norte-americanas em 30 de junho. Soros está de olho no pré-sal. Nem liga que os seus papéis tiveram uma desvalorização de 28%, com a queda da cotação do petróleo. Soros vai ganhar muito mais adiante. Mega-especulador não tem pressa. Informação pra Boi dormir não lhe interessa...

Vida que segue, tem muito mais informação sonegada de nós, os simples mortais. Pena que não dá para transformar um simples artigo de blog no tamanho de uma bíblia. Mas aqueles que tiverem muita cuiriosidade devem perguntar o que falta saber a três personalidades importantes: ao chefão Lula, ao Daniel Dantas e ao delegado Protógenes Queiroz. Eles, sim, sabem de tudo e um pouco mais. Eu só sei que nada sei - diante deles.

E ainda peço perdão ao Sócrates que comprovou que a sabedoria ultrapassa nossos limites e não temos como percebê-la na sua totalidade. Também por ironia, atribuem a Sócrates outra sentença auto-aplicável à realidade brasileira: "Se o desonesto soubesse a vantagem de ser honesto, ele seria honesto ao menos por desonestidade".

Nada como um grande craque corinthiano e petista de carteirinha para nos ensinar uma lição tão bela... Melhor ser inguinorante que saber de tanta coisa errada que se passa no Brasil e no mundo e ter muito pouco como fazer para mudar o quadro de desinformação. Platão, me salva, por favor. Nem que seja com um Pratão de Jabá com gerimum... Perfeito para minha dieta que começa toda segunda-feira e acaba no mesmo dia...

Jorge Serrão, jornalista radialista e publicitário, é Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.


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A teoria marxista da “ideologia de classe” não tem pé nem cabeça. Ou a ideologia do sujeito traduz necessariamente os interesses da classe a que ele pertence, ou ele está livre para tornar-se advogado de alguma outra classe. Na primeira hipótese, jamais surgiria um comunista entre os burgueses e Karl Marx jamais teria sido Karl Marx. Na segunda, não há vínculo entre a ideologia e a condição social do indivíduo e não há portanto ideologia de classe: há apenas a ideologia pessoal que cada um atribui à classe com que simpatiza, construindo depois, por mera inversão dessa fantasia, a suposta ideologia da classe adversária. Uma teoria que pode ser demolida em sete linhas não vale cinco, mas com base nela já se matou tanta gente, já se destruiu tanto patrimônio da humanidade e sobretudo já se gastou tanto dinheiro em subsídios universitários, que é preciso continuar a fingir que se acredita nela, para não admitir o vexame. Olavo de Carvalho, íntegra aqui.
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Cuidado com seus pensamentos: eles se transformam em palavras. Cuidado com suas palavras: elas se transformam em ação. Cuidado com suas ações: elas se transformam em hábitos. Cuidado com seus atos: eles moldam seu caráter.
Cuidado com seu caráter: ele controla seu destino.
A perversão da retórica, que falseia a lógica e os fatos para vencer o adversário em luta desleal, denomina-se erística. Se a retórica apenas simplifica e embeleza os argumentos para torná-los atraentes, a erística vai além: embeleza com falsos atrativos a falta de argumentos.
‎"O que me leva ao conservadorismo é a pesquisa e a investigação da realidade. Como eu não gosto de futebol, não gosto de pagode, não gosto de axé music, não gosto de carnaval, não fumo maconha e considero o PT ilegal, posso dizer que não me considero brasileiro - ao contrário da maioria desses estúpidos que conheço, que afirma ter orgulho disso". (José Octavio Dettmann)
" Platão já observava que a degradação moral da sociedade não chega ao seu ponto mais abjeto quando as virtudes desapareceram do cenário público, mas quando a própria capacidade de concebê-las se extinguiu nas almas da geração mais nova. " Citação de Olavo de Carvalho em "Virtudes nacionais".