MÍDIA A MAIS
31 | 07 | 2012
Zidane: socialismo ok!
Por: Redação Midia@Mais
Artistas e esportistas franceses em campanha expressa: a palavra de ordem é fugir do domicílio fiscal da pátria da igualdade e da fraternidade. Ninguém quer ser o “rico da vez” a repartir tudo que ganha com o mastodôntico Estado francês.
Jogando para a plateia e confiando no sentimento anticapitalista que ainda permeia boa parte da sociedade francesa, o socialista recém-eleito presidente François Hollande dá continuidade em seu esforço de atrapalhar a vida de quem, por méritos ou contingências, ganha mais dinheiro do que o senso comum imagina ser justo (ou algo do gênero).
"São medidas simbólicas, mais para reverter a imagem de 'presidente dos ricos' que tinha Sarkozy, do que de fato para elevar a arrecadação", analisa o diretor-adjunto do departamento de Análises e Previsões do Observatório Francês, Eric Heyer. "Um punhado pequeno da população é atingida, o que faz o governo retomar a imagem de promover a justiça social, atenuando as tensões decorrentes da crise econômica."
É o que informa a notícia publicada pelo portal Terra (http://economia.terra.com.br/noticias/noticia.aspx?idNoticia=201207281200_EST_81447644). Entre tais medidas estão o aumento de pelo menos 14% na taxa progressiva sobre o patrimônio e até 75% de retenção no caso do Imposto de Renda para quem ganha acima de 1 milhão de euros por ano. As novidades apavoram empregados aquinhoados e também empregadores, como no caso do clube de futebol Paris Saint-Germain: “para garantir o contracheque anual de 14 milhões de euros (R$ 34,58 milhões) líquidos para o jogador Zlatan Ibrahimovic, o Paris Saint-Germainpoderá ser obrigado a desembolsar outros 89 milhões de euros (R$ 219,9 milhões) a mais, apenas para se acertar com a receita francesa.”
Celebridades francesas estão acostumadas a fugir do fisco natal com a mesma determinação com que milhões de estrangeiros aportam anualmente na terra da fraternidade em busca dos melhores vinhos e queijos do mundo e algumas das mais belas paisagens da Europa. Charlez Aznavour, Alain Delon, Emanuelle Beart, Jo-Wilfried Tsonga, Richard Gasquet, Franck Ribéry e Karim Benzema são algumas entre elas que já fugiram dos impostos franceses. Mas o caso mais curioso é sem dúvida o do genial futebolista Zinedine Zidane – apoiador dos socialistas durante a campanha eleitoral, Zizou agora foge das perguntas quando o assunto é se ele vai deixar suas economias na França ou continuar aproveitando condições menos desvantajosas na Espanha.
Nós brasileiros não podemos nos gabar diante da obsessão francesa por Estado atuante, carreiras no funcionalismo público e certa “aversão” ao dinheiro (o dos outros, claro). A França tem 23% de seus funcionários registrados trabalhando para o governo, contra 22% por aqui (um empate técnico: http://www.inpe.br/noticias/arquivos/pdf/veja.pdf). Lá, como cá, cada vez mais as novas gerações acreditam que praticamente tudo (de camisinhas a livros, passando por remédios, filmes, educação em todos os níveis, transporte, etc.) pode e deve ser bancado de alguma maneira pelo Estado.
Por trás de todo esse discurso de “mais impostos para os ricos e para as empresas”, há muito ressentimento esquerdista e revanchismo juvenil. Cada euro (ou real) gasto pelos “ricos” em luxo ou privilégio próprio ajuda a alimentar uma cadeia que se perde de vista entre produtores, fornecedores, vendedores... (e seus respectivos familiares). Alguns teóricos liberais já demonstraram, também, que impostos menores para a elite e para empresas revertem-se mais facilmente em inovação e competitividade do que cortes tributários em outras camadas. A grana dos impostos, contudo, retirada à força da sociedade – sabemos bem disso – escorre pelo ralo do desperdício, do empreguismo e da corrupção. “Vive La France!”, de todo modo (mas o último que for embora que apague a luz). E salve-se quem puder.
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